segunda-feira, 5 de novembro de 2018

CARTA AO PAI NATAL


O Natal é sempre mágico para as crianças.

E também é um um momento especial para os adultos.

Este ano estou a preparar uma carta ao Pai Natal com três desejos:

Saber o que se passou em Tancos.

Ter eleições antecipadas.

Viver num país decente.

O caso de Tancos é demasiado grave para ser "lavado".

E, Pai Natal, por favor ilumina-os, pois Tancos não pode ser reduzido a uma dificuldade de compreensão ou a uma qualquer nebulosa de última hora, com mais parada menos parada.

Tancos tem de ser um marco no fim da percepção da palhaçada político-institucional que insulta a inteligência dos portugueses, visando impedir a descoberta dos autores do roubo, do encobrimento e das sucessivas omissões e mentiras de Estado.

Não é possível pactuar mais com os actuais representantes dos órgãos de soberania que, deliberada ou por incompetência, exibem uma arrogância politicamente obscena e truques e mais truques semânticos.

Pode ser que a minha carta ao Pai Natal não seja atendida, mas não, não nos calam...

É preciso dar a voz aos eleitores, quando a crise fere o regime no seu coração.

Aliás, nenhum português pode desistir de viver num país decente.

E de exigir uma, duas, dez, vinte, mil vezes a verdade sobre Tancos e o julgamento dos autores e co-autores de um crime contra o Estado.

Não custa nada sonhar, porque Natal pode e deve ser todos os dias.

domingo, 28 de outubro de 2018

LIMPEZA NUNCA VISTA


Bolsonaro ganhou pela mudança.

A "esquerda" perdeu no Brasil, com o sonho a virar pesadelo por causa da corrupção instalada, do crime organizado e da insegurança.

Os chavões ideológicos falharam. 

A facada não venceu.

A Comunicação Social brasileira perdeu estrondosamente ao entrar no jogo político.

E, actualmente, ficou provado que as grandes encenações de rua são dispensáveis.

A eleição de Bolsonaro merece mais três reflexões:

Em primeiro lugar, entre as falsas promessas e as "fake news", os eleitores brasileiros não optaram pelo aparente mal menor.

Tal e qual como Ciro Gomes, o candidato do Partido Democrático Trabalhista (PDT), que manteve distância da lixeira.

Em segundo lugar, Lula da Silva e o seu messianismo fabricado perderam em toda a linha nas presidenciais brasileiras.

Não chega, não chega ter feito bem, e depois fazer tão mal e tanto mal.

Em terceiro lugar, a Justiça brasileira prestou um enorme serviço ao povo brasileiro ao limpar uma boa parte do sistema político.

A vitória de Bolsonaro tem um alcance muito maior do que o próprio Brasil.

É mais um passo para o fim do domínio da tal "esquerda" na América Latina castigada pela pobreza, corrupção e marginalidade.

Quem se segue?

A Venezuela?

Bolsonaro não é o fim do mundo, nem o dilúvio, nem tão-pouco o regresso ao fascismo, porque a ditadura nunca é de um só homem.

A cultura democrática, os direitos individuais e as instituições são valores da civilização sempre mais fortes, porque são de todos, da Humanidade.

O discurso radical de Bolsonaro - tal como o de Trump - não é mais do que a reacção previsível em relação ao falhanço ideológico, político e executivo da tal "esquerda" falida que ainda acredita que os fantasmas são suficientes para condicionar o voto dos eleitores e ganhar eleições.

É uma lição de monta para o que ainda resta do marketing político.

Aliás, a música que chega do Brasil vai passar a ser bem diferente daquela das novelas e dos intelectualóides que cantaram a "esquerda" enquanto passeavam de braço dado com a corrupção do PT no poder.

É Bolsonaro, pois então é sempre melhor saber realmente quem temos pela frente.

E anuncia-se uma limpeza nunca vista.

Será só no Brasil?

sábado, 20 de outubro de 2018

MARCELO, AUTO-ESTIMA, PÂNTANO E BAILETE


O presidente da República tem pautado o seu mandato pela proximidade, exibindo um estilo informal.

É verdade que o país precisava de uma lufada de ar fresco e de ânimo, mas promover a auto-estima dos portugueses não é igual a participar em eventos mais ou menos folclóricos e enviar uns recados avulsos em dias de comemoração, os quais, quando isolados e desgarrados, apenas servem para reforçar a sensação de branqueamento generalizado.

E a auto-estima de um povo só pode ser atestada pela regra, e não pela excepção traduzida na inauguração de mais uma obra faraónica ou de um momento de exaltação patriótica.

A valorização da auto-estima só se alcança com verdade, transparência e políticas concretas.

Por ter saneamento básico, mesmo no mais recôndito lugar do país;

Por ter Saúde, sem ter de estar horas numa fila de espera ou correr o risco de morrer por causa de uma bactéria à solta nos hospitais;

Por ter Educação, sem chafurdar nas conjunturas políticas, partidárias e sindicais;

Por ter acesso à Justiça, sem ter de pedir dinheiro emprestado para pagar as custas e assegurar advogados com o mínimo de experiência;

Por ter acesso à Cultura desde a escola primária, sem ter de pagar umas feiras, uns concertos e umas óperas com convidados em traje de gala.

Em suma, a apologia da auto-estima é assumir o pior, sem vergonha, rodeios e paninhos quentes, pois só assim é possível mudar e progredir.

Por isso é que os negócios, negociatas e demais falcatruas, que têm assaltado a agenda mediática e o quotidiano dos portugueses, já deviam ter mobilizado o presidente para o combate aos ladrões e corruptos.

Na batalha sem quartel que se está a travar entre as máfias que dominaram o país nas últimas décadas, como atestam os mais diversos processos judiciais e os livros dados à estampa com estrondo, Marcelo Rebelo de Sousa tem de escolher entre a equidistância cúmplice e a reprovação activa e mobilizadora.

Portugal só conseguirá sair do pântano com atitudes cristalinas, a afirmação do Estado de Direito, a protecção dos direitos individuais e a defesa da liberdade de expressão.

Apesar de ter interiorizado a cultura democrática, Marcelo Rebelo de Sousa é o que é, não pisa o risco, continua a ser o fiel sorridente do sistema, o comentador do regime, o amigo de todos, dos "doces" aos  "salgados".

Mas a vida é como é, desde que os cidadãos assim o permitam.

E têm permitido tudo, com o beneplácito de uma elite venal e venial, de uma classe política assolada pela opacidade e corrupção e de uma comunicação social tão veneranda quanto falida, salvo raras excepções.

Mas Portugal é muito maior do que uma certa canalha minoritária e transitória, hoje como ontem instalada no poder, que multiplica elogios e estende a passadeira vermelha a quem varre o lixo para debaixo do tapete como quem dança a valsa.

Mesmo para aqueles que querem parecer o que não são, nem nunca foram, com a cumplicidade do exército de pardos pagos principescamente para nada ver, ouvir e saber, a realidade é só uma: a batalha pela melhoria da auto-estima de um povo é muito mais do que um bailete.

P. S. Esta crónica foi escrita em 19 de Outubro de 2016. Mais de dois anos depois continua MAIS ACTUAL!

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

ESPIÃO CONFESSA... PAÍS FASCINANTE!


É sempre um momento especial, quando vemos a luta reconhecida.

Não a luta de uma vida, mas apenas uma das muitas batalhas profissionais.

Não que fosse necessário, quando existe a honestidade e a certeza do trabalho feito.

Aliás, e não menos importante, porque até já existe uma decisão judicial que conforta.

O mais espantoso é tal sentimento de justiça resultar da confissão de um dos algozes, e não do escrutínio democrático ou da aplicação do Estado de Direito.

Carlos Rodrigues Lima, em artigo de opinião - "Uma junta médica ou um inquérito" -, lança a questão que importa: «Alguém terá coragem para, ainda que os factos remontem, provavelmente, à década de 90, pedir uma investigação séria e rigorosa?».

Portugal é um país fascinante!