segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

PORTUGAL: CONTINUA A VALER TUDO

 

A pouco mais de um mês do XXIV governo completar um ano de exercício de funções, o sentimento de descrença dos cidadãos não se alterou com a mudança de primeiro-ministro.

O limite do absurdo foi atingido com a confissão de Luís Montenegro na Assembleia da República, no último debate quinzenal: «Há muitas pessoas que morrem porque não têm a oportunidade de ter uma intervenção cirúrgica a tempo».

Nunca tal fora dito e visto, com tanta sincera crueldade, tanta desfaçatez e insensibilidade políticas, mas nem assim se assistiu ao mínimo vislumbre de sobressalto cívico.

O escrutínio persiste acantonado no deputado das malas, enquanto outros deputados foram acusados de outras monumentais “maladas” só ao nível das proezas de um Bloco Central alargado que continua a condenar os portugueses a mais e mais pobreza.

Entretanto, os líderes e responsáveis partidários atropelam-se a apontar o dedo ao Chega, reclamado que se trata de um igual, sem se darem conta do ridículo ao fazerem prova do lamaçal em que estão enterrados até ao pescoço.

Neste quadro de calamidade, que dura há décadas, paira o que resta da credibilidade de Marcelo Rebelo de Sousa, escondido atrás das prerrogativas das funções para evitar prestar contas em sede de comissão parlamentar.

Quando ouvimos que foi desta que Portugal bateu no fundo, eis que surge mais uma qualquer façanha do regime para assegurar que o buraco aparentemente não tem fundo.

Carlos Guimarães Pinto volta a clamar em vão: «Quase dois anos depois da aprovação de uma lei, o Estado continua sem a aplicar por causa de um problema informático».

Nada, nem uma reacção, só o silêncio de quem se acostumou à impunidade.

Apesar das promessas eleitorais, que hoje certamente a esmagadora maioria já concede como falsas e fantasiosas, sucedem-se os exemplos de um desvario político e institucional que obriga a recordar a governação de António Costa.

Continua a valer tudo, com Luís Montenegro, restando apenas saber até quando e a que preço.


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