Começa
a ser hora de perguntar: estamos pior 100 dias depois da tomada de posse do XXI
governo constitucional?
Sim!
O
discurso político mudou – e, em muitos aspectos, ainda bem que sim –, e também
é verdade que algumas alterações foram adoptadas em nome de uma maior
capacidade de entendimento do sofrimento imposto aos portugueses.
Então,
vale a pena, novamente, perguntar: estamos pior?
Sim!
Seja
qual for o ponto de vista político ou sócio-económico, o clima de medo em
relação ao que vem por aí voltou a imperar em Portugal, minando qualquer
confiança no investimento e no crescimento económico.
Não
é por acaso, seguramente, que António Costa já começou a tentar,
desesperadamente, passar uma mensagem de normalidade, sem conseguir esconder um
semblante cada vez mais aflito e carregado.
Não adianta
avançar com artifícios que têm a perna curta e um prazo de validade muito
limitado.
A
oratória parlamentar inflamada e o abrir os cordões à bolsa estão a colocar o
país na rota do abismo. Todos o sabem. Quem governa e quem está na oposição.
Ricos e pobres. E das duas, uma: ou se alimenta o delírio ou se desce à
realidade.
Na política
há sempre uma alternativa: ciente da crise económica internacional, do aumento
da dívida pública e do atingir do limite do aumento de impostos, mais ou menos
camuflado, António Costa poderá ser tentado a precipitar uma crise política, de
forma a provocar eleições antecipadas.
Esta
crise política anunciada deverá ser preparada com recurso aos melhores truques marketeiros, tudo para que a culpa morra
solteira ou possa ser jogada na cara dos adversários políticos, em sentido
lato, ou seja, à direita e à esquerda do PS.
É um
facto que a governação de António Costa, a manter o actual rumo, não pode
correr o risco de ser avaliada, orçamento a orçamento, pois seria um suicídio
político para ele próprio e para o PS.
Entre
cálculos e jogadas, o país está a passar ao lado de uma estratégia coerente,
capaz de consolidar a recuperação e evitar novo resgate.
Marcelo
Rebelo de Sousa, o presidente eleito, aparentemente, percebeu o risco. E, por
isso, tem insistido em enviar recados a António Costa, alertando-o que ainda
acaba a fritar (q. b.) na cadeira de primeiro-ministro.
Os
grandes temas que preocupam os portugueses, desde a economia às finanças, da
saúde à segurança social, da justiça à segurança, estão a passar à margem das
reformas que estão por aprofundar.
Os
portugueses sabem-no, porque têm aprendido que é melhor fazê-las com tempo, gradualismo
e inteligência, do que ter de as suportar à pressa, com brutalidade e pouca
sensibilidade. E também já não compram a tese da cabala internacional, seja ela
atribuída a Bruxelas, aos mercados ou às agências de rating.
É
tempo de arrepiar caminho, com toda a naturalidade, de acabar com o silêncio
pesado, de por fim ao assalto à Administração, de interromper o revanchismo das
reversões e de refrear a arrogância política do quem quero posso e mando.
O
país não aguenta a incerteza instalada, acrescida da ameaça real de ter que
implementar, a curto prazo, um plano B imposto por Bruxelas, que, aliás,
ninguém conhece, porque o governo o esconde e guarda a sete chaves.
No
momento em que o país se livra de Aníbal Cavaco Silva, felizmente, só nos
faltava que o fundamentalismo racional de Pedro Passos Coelho seja substituído
pelo fundamentalismo delirante de António Costa.
Da
direita à esquerda paira no ar uma espécie de aviso sério a António Costa: cá se
fazem, cá se pagam.
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