Num espaço de uma semana, o país acordou estatelado na lama.
Em primeiro lugar, depois da polémica com as ordens hierárquicas secretas no Ministério Público, os juízes passaram para a berlinda pelas piores razões: suspeitas de viciação da distribuição de processos e corrupção.
Num ápice, a grande maioria dos cidadãos levou um murro no estômago.
E num curto espaço de dias, os portugueses não foram poupados.
Uma jornalista revela que o actual primeiro-ministro há sete anos, enquanto ministro, exigiu a sua cabeça a uma administração...
Dois nomes nada recomendados são indicados publicamente para o Tribunal Constitucional.
Um ministro exige a alteração de uma Lei para fazer vingar um projecto polémico.
E, qual cereja em cima do bolo, depois de todas as promessas de combate à corrupção, a tardia transposição da quinta directiva europeia de combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo passou com uma normalidade assombrosa, sem qualquer explicação política.
Depois de tudo o que já havíamos visto, esta sucessão de notícias dignas de uma qualquer república de bananas impressiona até o mais céptico.
Face a todo este lixo, comprovando que o normal e regular funcionamento das instituições está comprometido, o presidente da República remete-se ao silêncio.
E porquê?
Porque no país de Marcelo, institucionalista, manso e hipócrita, é sempre assim.
E depois?
Nada!
É caso para perguntar: Para que serviu a tal proximidade? E as selfies?
A resposta é óbvia: Para melhor poder manter o status quo, qual bailete permanentemente reinventado.
O silêncio pode ser uma arma temível.
Mas também pode ser, quando mal usado, uma arma de destruição maciça da democracia.
Se é este o país que queremos, então só nos resta acompanhar o silêncio podre.
Se queremos mudar... É tempo de falar, de criticar, de exigir.
Até 2021!
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