António Barreto, Aníbal Cavaco Silva e Maria José Morgado, em artigos de opinião, destaparam a realidade que tem sido militantemente abafada.
É um aviso a António Costa.
E um soco no estômago de Marcelo Rebelo de Sousa, um cartão amarelo à (sua) imprensa e um alerta à sociedade civil.
Do «apetite insaciável» pelo poder ao «empobrecimento» do país, Barreto e Cavaco fazem um retrato lúcido e dantesco do país em que o Estado esmaga os cidadãos, a economia, a iniciativa e a liberdade.
Nem nos tempos do pior do “cavaquismo”.
Só mesmo no “consulado” de Sócrates se chegou tão próximo do abismo.
Por sua vez, Maria José Morgado concentra a atenção num dos sectores mais doentes: a Justiça.
E vai mais longe: «A incapacidade de obter as condenações justas em tempo-útil (…). Pôr-lhe termo deveria ser tarefa prioritária do MP. Escrevi isto em 2003, sobre crime económico, não queria manter a razão».
Os mais recentes casos – demissão do juiz Rui Fonseca e Castro e fuga de João Rendeiro – são verdadeiramente um balde de água gelada no folclore institucional, sobretudo o presidencial.
Em boa verdade, estamos novamente perante o dilema: ou Costa fica, arriscando alastrar o pântano, ou parte para um qualquer cargo europeu, abrindo espaço a novos caminhos.
Mas qual é a alternativa que temos pela frente?
A de Rui Rio, que oscila entre a necessidade de mudança e ao mesmo tempo cala, consente e pratica os tiques do Bloco Central?
A de Pedro Nuno Santos, que defende Estado e mais Estado, reinventando uma “Terceira Via” ainda mais perigosa?
A encruzilhada está aí.
E, mais uma vez, cai do céu uma batelada de dinheiro em cima dos problemas, sem estratégia, sem critério, mais um bodo para a clique do poder, com oportunistas e corruptos na primeira fila.
Entretanto, o povo anestesiado com a informação subserviente, os programas pimba e futebol e mais futebol.
É possível combater as fake news e tolerar a propaganda e o branqueamento?