Há 40 anos, a encenação já era a mesma.
Imigrantes ostracizados, ignorados e amontoados nos bairros pobres de Paris, com François Mitterrand e a sua esquerda instalada no poder.
Também há 40 anos não faltavam discursos inflamados e pomposos de defesa das minorias, enquanto decorria a mais vil exploração de mão-de-obra.
Hoje, em Portugal, a entrada de imigrantes quase que duplicou nos últimos 10 anos, de acordo com o Censos 2021.
Repete-se o passado vergonhoso, assistimos às mesmas cenas degradantes, de Odemira a Lisboa, às mesmas mortes escusadas.
É caso para dizer que a viagem de Estado de António Costa à Índia deu frutos, e que frutos desde 2016.
A selvajaria continua, agora, por cá, com a mesma esquerda no poder, indiferente ao crescimento económico sustentado nesta barbárie.
Na mesma rua, mesmo ao nosso lado, há quem viva no inferno para ainda podermos manter um certo estilo de vida.
Podemos fingir que não vemos nem ouvimos os relatos lancinantes de quem chega à procura de liberdade, de paz e de uma vida digna.
Aliás, contam-se pelos dedos de uma mão, os políticos portugueses que assumem, frontalmente, a necessidade de ponderar a política de “fronteiras abertas” à imigração.
Desde que o chamado pensamento de esquerda dominava, sem pejo em manter cobertura política ao miserável tráfico, Paulo Portas, à direita, foi um dos que sempre se opôs.
Já não chega dar umas palmadinhas nas costas dos desgraçados, umas vezes por semana, com ou sem as câmaras de televisão.
O regime democrático não pode eternizar a dantesca situação dos imigrantes, pois a globalização já não permite esconder a realidade hedionda vivida num qualquer bairro, quartier ou nachbarschaft da Europa.