A informação tem sempre um primeiro responsável: o director editorial.
Uma semana após as eleições, nem uma única chefia dos órgãos de comunicação social apresentou um pedido de desculpa público aos seus leitores, ouvintes e telespectadores pela divulgação de sondagens estrondosamente divergentes dos resultados.
Apresentadas por várias empresas, com resultados idênticos, com critérios certamente objectivos, eis o instrumento da querida manipulação à vista de todos.
Os “clientes” lá continuam a aproveitar para promover a informação de geração espontânea ou fabricada debaixo do tapete.
Um ladrão aqui, uma ladra ali, quiçá, um qualquer empresário ou banqueiro em desgraça acolá, tudo a escorregar sobre notas num exame controlado à partida, mais moita menos moita.
E, certamente, ninguém ficaria chocado se um dia destes o país acordasse com mais um par de buscas.
A história repete-se, eleição após eleição, com a bissectriz traçada pelos mesmos protagonistas, uns mais visíveis do que outros, à boleia da renovada e alindada opacidade da “bolha” política e mediática.
As cambalhotas são tratadas à la carte, como convém à (im)parcialidade de quem é afastado ou colocado atempadamente no sítio mais conveniente.
É o escrutínio, que temos e merecemos, com o mapa das audiências na mão, em que não falta semântica e semiótica para reinar, mas sobra tanto lixo.
Um mercenário, de direita ou de esquerda, ou de ambas, será sempre e apenas mais um mercenário que lá se vai safando, porque serve a “mão invisível” que trata da política, como do futebol, entre outros mercados.
O cidadão, que quer e paga a informação, sente-se enganado.
Mesmo estando a milhas do que se passa, resta-lhe a percepção difusa da falta de transparência.
A crise na imprensa – e de confiança nas instituições! –, é uma mera consequência de mais um grande embuste.