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segunda-feira, 20 de novembro de 2023

DESENLAMEAR A REPÚBLICA


Os três erros do Ministério Público na “Operação Influencer”, clamorosos, ainda que circunstanciais, os quais não colocam em causa o cerne da investigação, devem ser escrutinados, sim, agora à luz de uma incompreensível pressa em avançar.

Por que terá sido assim?

A quem serviu?

A todos, por razões diversas?

No cenário das eleições antecipadas, o impulso da reforma da justiça para melhor controlar o titular da acção penal, em jeito de vingança, é apenas mais uma prosaica boçalidade, tendo em conta a actual autonomia de fachada, sem meios.

É imperioso o debate sobre as necessárias reformas tranquilas e cirúrgicas, sem hesitações em partir a espinha ao colosso da corrupção e do tráfico de influências que têm condenado os portugueses à miséria.

É preciso mais exigência e vigilância em relação às instituições de controlo, designadamente os Media, viveiros de profissionais de coragem e também de subserviência às mãos de mercenários que os tentam controlar.

Tal como Trump, Lula e Bolsonaro, entre outros, não conseguiram liquidar as instituições democráticas dos seus países, também por cá não há que ter medo do voto do povo, seja ele qual for.

O arreigado espírito democrático dos portugueses não pede meças aos norte-americanos ou aos brasileiros.

Continuar a cair na armadilha que tem perpetuado os mesmos políticos e partidos não vai trazer nada de novo, e pior do que a bandalheira institucional actual, plasmada na guerra fratricida pelos grandes projectos, nada do que pode vir poderá ser ainda pior.

O voto a 10 de Março de 2024 é a derradeira oportunidade, mais uma, para escolher quem seja capaz de enfrentar este lamaçal indizível, em que quase todos participam e quase ninguém escapa aos salpicos de lama.

A mudança é sempre possível e desejável, desde que sustentada no mérito, competência e serviço público.

Não há que ter medo das novas gerações, desde que separado o trigo do joio tóxico, pois urge desenlamear a República.


segunda-feira, 10 de julho de 2023

D. AMÉRICO AGUIAR: POLÍTICA, COMUNICAÇÃO E NEGÓCIOS

 

À medida que o Papa Francisco se aproxima do fim, a Fé volta a vergar à diplomacia, aos interesses e aos negócios.

Desde a simpatia com Lula da Silva, quando os evangélicos somam fiéis no Brasil, ao ponto de já estarem taco-a-taco com os católicos, à recente indicação de D. Américo Aguiar para Bispo de Lisboa.

Afinal, quem é este membro da hierarquia da Igreja portuguesa?

Além de delfim do actual Patriarca, D. Manuel Clemente, que prometeu tanto quanto desiludiu, é o homem da política (autarca do PS em Matosinhos), da comunicação (Rádio Renascença) e dos negócios (Jornada Mundial da Juventude).

Nem a sua passagem pelos escuteiros e pela comissão diocesana de protecção de menores, dois pântanos da pedofilia na Igreja, atrapalharam a promoção do ambientalista com radicalismo quanto baste.

Nem a falta de um passado de evangelização e de acção pastoral de D. Américo Aguiar, em tempos tão difíceis, travaram o tradicional pragmatismo do Vaticano.

O próximo Patriarca português segue a linha do situacionismo da hierarquia da Igreja portuguesa, pontuado por um reaccionarismo oportunista, agora com um toque de modernidade assente na comunicação, no marketing e na atenção aos cofres do pilim.

Afinal, o Papa Francisco, no momento em que poderia ter dado um sinal de mudança em relação a uma hierarquia bafienta, cada vez mais silenciosa na defesa dos mais pobres, optou pela continuidade.

Nem os alarmantes sinais de distanciamento da juventude em relação à Igreja, não à Fé, foram suficientes para preparar a Igreja portuguesa para os desafios do século XXI.

segunda-feira, 1 de maio de 2023

O “NÃO INTERESSA NADA” É IRREPETÍVEL

 

O momento é gravíssimo, mas não é novo.

O atropelo, o abuso e o abastardamento das instituições fazem parte da cultura do PS no poder.

António Costa, antes como agora, é useiro e vezeiro na estratégia do truque, da mentira e da fuga às responsabilidades.

Com Marcelo Rebelo de Sousa, que não se pode comparar a Eanes, a Soares, a Sampaio e a Cavaco Silva, nem no estilo nem na autoridade institucional, está cozinhado o caldo para chegar ao actual desastre.

Se a montante “tudo como d’antes no quartel de Abrantes”, a jusante a fórmula política também se repete, impune e descaradamente.

Chama-se uns marketeiros, dos mercenários aos afins untados, aposta-se na desvalorização da gravidade dos acontecimentos e – eureka! – apregoam-se os “sucessos” mais ou menos martelados.

Repito: até aqui não há novidade.

A diferença está no que aconteceu nas três últimas eleições legislativas e no que pode vir a acontecer.

A 4 de Outubro de 2015, um golpe parlamentar, com cobertura constitucional, permitiu ao derrotado nas eleições chegar à liderança do Executivo.

A 6 de Outubro de 2019, uma maioria relativa permitiu consolidar a liderança, anunciando a morte da “geringonça”.

A 30 de Janeiro de 2022, face à implosão da aliança à esquerda, a liderança almejou atingir uma espectacular maioria absoluta, com a cumplicidade de Belém. 

Passados 13 meses, seja qual for a saída para a actual crise, a situação é bem diferente por seis razões.

A desgovernação, a corrupção e a falência do Estado Social e de Direito são brutais; os novos actores políticos travam a “estabilidade” do Bloco Central; o PRR está a gripar; as sondagens estão descredibilizadas; o fantasma à direita está esvaziado; e, por último, o controlo dos Media é contrabalançado pelas redes sociais.

Até agora a propaganda tem vencido, consolidando a tese que todas as vigarices políticas não interessem nada ao povo, definitivamente subjugado a tentar sobreviver.

Amanhã, na próxima semana, mês ou ano, com ou sem eleições antecipadas, até 11 de Outubro de 2026, uma coisa é certa: o “não interessa nada” é irrepetível.



 

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

VALE TUDO PARA CORTAR PENSÕES


A saga da preparação para a apresentação de mais um Orçamento do Estado tem proporcionado novos limites na política portuguesa.

Já sabíamos da tendência do poder para a manipulação descarada, para não lhe chamar aldrabices grosseiras e impunes.

Agora, António Costa ultrapassou os limites, abusando da iliteracia financeira e do medo que invade cada um dos cidadãos em tempos de uma guerra que está mais perto.

Francisco Louçã, na SIC Notícias, com simplicidade, desmascarou o último embuste das contas da Segurança Social, citando os números oficiais.

Para justificar o injustificável, ou seja, cortar nas pensões, entre outras façanhas, o governo deu à estampa, num espaço de um mês, números divergentes.

Do saldo zero, apresentado em Setembro passado, passou a 40,105 mil milhões de euros, para o ano de 2050, de acordo com os próprios números do Orçamento do Estado para 2023.

São horas e horas de declarações fantasiosas e páginas e páginas de discursos toscos, enganosos e até falsos.

O que mais impressiona já não é este recurso do governo à sistemática mentira política.

Também já não estranha a ocultação desta hedionda jogada política da parte de Marcelo Rebelo de Sousa.

O que mais choca é a cumplicidade da comunicação social, ao dar palco e fazer eco das patranhas de António Costa e dos seus ministros, num vale tudo para cortar nas pensões.

Não é a castigar os mais fracos, nem a esconder a realidade, ao mesmo tempo que se fabricam novas ilusões, que se disfarçam os erros clamorosos da governação.

Portugal não está a salvo de mais uma bancarrota.

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

DOS VENDILHÕES À “ESFERA DE INFLUÊNCIA”


Não há pacote de apoio a empresas e famílias que pague o custo de premiar os vendilhões do templo e negociar com assassinos e ditadores.

Por isso, a capa do jornal i sobre a Festa do Avante, denunciando estratégia do PCP, teve o mérito acrescido de fazer sair da toca os habituais boys.

São sempre os mesmos: os avençados, alguns jornalistas e os que confundem a voz do poder com a verdade.

Neste mundo globalizado, para o bem e para o mal, já não é possível esconder nem o preço da infâmia política nem quem trucida a vontade soberana do povo.

Os tão criticados argumentos de presidentes norte-americanos para subjugar a América Latina agora servem para tentar desculpar Vladimir Putin.

Condenar Ronald Reagan e Bush (pai e filho) para agora absolver Vladimir Putin e Xi Jiping só serve os abutres que vivem a conta dos negócios de Estado.

O pacifismo não se mede em rublos, dólares e euros.

Mahatma Gandhi e Tenzin Gyatso não se confundem com os movimentos internacionais ditos pacifistas que apenas têm servido as ditaduras fascistas e comunistas.

O aviso de 1962, em que o Mundo esteve à beira de uma guerra nuclear, não foi suficiente para aqueles que defendem a teoria da “esfera de influência”.

A civilização, a paz e os direitos humanos não se defendem de arma em riste, com sangue nas mãos, por mais interesses geoestratégicos, tachos, palmadinhas nas costas e propaganda.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

UM GRANDE EMBUSTE

 


A informação tem sempre um primeiro responsável: o director editorial.

Uma semana após as eleições, nem uma única chefia dos órgãos de comunicação social apresentou um pedido de desculpa público aos seus leitores, ouvintes e telespectadores pela divulgação de sondagens estrondosamente divergentes dos resultados.

Apresentadas por várias empresas, com resultados idênticos, com critérios certamente objectivos, eis o instrumento da querida manipulação à vista de todos.

Os “clientes” lá continuam a aproveitar para promover a informação de geração espontânea ou fabricada debaixo do tapete.

Um ladrão aqui, uma ladra ali, quiçá, um qualquer empresário ou banqueiro em desgraça acolá, tudo a escorregar sobre notas num exame controlado à partida, mais moita menos moita.

E, certamente, ninguém ficaria chocado se um dia destes o país acordasse com mais um par de buscas.

A história repete-se, eleição após eleição, com a bissectriz traçada pelos mesmos protagonistas, uns mais visíveis do que outros, à boleia da renovada e alindada opacidade da “bolha” política e mediática.

As cambalhotas são tratadas à la carte, como convém à (im)parcialidade de quem é afastado ou colocado atempadamente no sítio mais conveniente.

É o escrutínio, que temos e merecemos, com o mapa das audiências na mão, em que não falta semântica e semiótica para reinar, mas sobra tanto lixo.

Um mercenário, de direita ou de esquerda, ou de ambas, será sempre e apenas mais um mercenário que lá se vai safando, porque serve a “mão invisível” que trata da política, como do futebol, entre outros mercados.

O cidadão, que quer e paga a informação, sente-se enganado.

Mesmo estando a milhas do que se passa, resta-lhe a percepção difusa da falta de transparência.

A crise na imprensa – e de confiança nas instituições! –, é uma mera consequência de mais um grande embuste.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

AUGE DO ESCOADOURO


As legislativas de 1 de Outubro de 1995 e de 27 de Setembro de 2009 determinaram o fim das maiorias absolutas de Aníbal Cavaco Silva e José Sócrates.

Foi o profundo cansaço com a governação de apenas um partido a falar mais alto, com os portugueses a decidirem por fim a muitos arbítrios e abusos.

Nem as presidências de Mário Soares e Jorge Sampaio foram capazes de os evitar.

No próximo dia 30 de Janeiro, a maioria absoluta parece estar tecnicamente afastada, mas a instabilidade, a limitação das liberdades individuais, o crescimento da dívida pública e a grande corrupção exigem mais cautela nos vaticínios.

Qualquer que seja a decisão colectiva, mais importante ainda é os cidadãos poderem dispor de informação verdadeira e rigorosa antes de votar.

Pelo menos aqueles que o podem fazer.

Os debates, com os líderes dos partidos políticos com assento parlamentar, ficaram aquém em variados temas decisivos para o futuro e as escolhas dos temas e respectivas abordagens dos jornalistas/moderadores foram parciais.

Na Justiça, em vez da multiplicidade de problemas existentes, tão bem elencados por Ana Gomes e Maria José Morgado, nos seus respectivos espaços de opinião, o foco principal recaiu na composição dos conselhos superiores dos magistrados.

Na Saúde, o número de vacinas e de testes, com direito a teatro, mitigaram o caos existente no SNS.

No crescimento económico, os números manipulados do governo ainda em funções marcaram as questões simplistas e a manifesta impreparação para fazer face à propaganda descarada.

Muitos outros exemplos poderiam ser elencados para atestar a escandalosa deferência com António Costa, a tradicional hostilidade a Rui Rio e a tolerância com os pequenos partidos, à excepção do Chega.

O manifesto beneficiar de António Costa, aliás, só teve travão com João Cotrim Figueiredo, o único com capacidade e elegância para o denunciar: «A pergunta está muito bem colocada, mas já enferma daquilo a que eu chamo a propaganda socialista».

Mais grave é que outros sectores – Agricultura, Ambiente, Educação, Investimento Público, Natalidade, Pobreza (sem-abrigo) e Segurança –, entre outros, ficaram por abordar.

Resta ainda uma última oportunidade no debate com a presença dos líderes do PS, PSD, Bloco de Esquerda, PCP, CDS/PP, Chega, Iniciativa Liberal, PAN e Livre.

Em vésperas de eleições, como durante os últimos seis anos, o escrutínio da governação António Costa tem sido uma farsa vergonhosa.

É um mau serviço que a comunicação social presta ao país, mais uma vez, ainda que de assinalar excepções de profissionalismo e rigor.

As estações de televisão, com critérios editoriais de uma geometria variável assustadora, não podem continuar a desinformar a seu belo prazer.

Afinal, a campanha eleitoral não é, nem nunca pode ser, o auge do escoadouro de incompetências, fretes, oportunismos e vaidades.

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

MINORIAS E MAIORIAS PERIGOSAS


Enquanto passa devagar o tempo da pandemia, entre o falhanço dos sistemas de saúde e o horizonte radioso de uma vacina milagrosa, disparam o número de infectados e de mortos e aumentam as vítimas de economias e sociedades arrasadas.

Entretanto, os tempos de fanatismo, de ódio e censura saltaram das ruas para as elites que continuam a chafurdar num paradigma – na governação e na oposição – assente no marketing político falido.

Não há cimento de civilização nem estadistas com causas mobilizadoras. 

Apenas o instantâneo, a mentira de Estado, o poder pelo poder e a corrupção que alimenta clientelas em troca de umas comissões, tudo esfuziantemente embrulhado em matizes ideológicos.

Esta "plasticidade" remete para o falhado modelo do "novo trabalhismo" de Tony Blair que ruiu em todo o esplendor com a gigantesca farsa do Iraque.

E, mesmo assim, continua a servir, 13 anos passados, de cartilha inspiradora para todo o tipo de abusos do poder por esse Mundo fora.

A gestão de carreiras políticas, a navegação à vista e a estratégia de comunicação assente em focus groups fazem parte de um padrão comum, de uma espécie de "internacional" triunfante que federa esquerdas e direitas. 

Não admira que por cá se invoque o que se passa em toda a Europa para justificar os desastres internos.

E os protestos grassam por todo o lado, e só ainda agora começaram.

As minorias extremistas recrudescem e as maiorias do pensamento único renascem, qual delas a mais perigosa.

Ah, o fantasma do fascismo regressou para podermos constatar novamente como o papel dos "comissários" do regime é fundamental para desviar as atenções.

Já chega!

A pandemia até podia servir para repensar as estradas que não têm levado a lado nenhum, mas o caminho difícil não está ao alcance de politiqueiros nem de sociedades vazias de mais e mais consumismo.

Empanturrada com a agenda das autoestradas da informação, nem a comunicação social escapa, pagando o preço da falta de distanciamento do poder com as ameaças na rua.

E continua a destruição do planeta até à próxima pandemia.

A globalização já revelou o melhor e o pior, mas ainda estão por conhecer as consequências do paradoxo em que vivemos: no tempo em que a informação, a tecnologia e a riqueza pretendem chegar a todo o lado, o cidadão é cada vez menos livre.

E, seja qual for a crise, o medo, a intimidação e a ameaça continuam a ser a solução do poder gasto para manter tudo a girar.

Entretanto, como fica bem na fotografia, os líderes até assumem culpas próprias, mas os sacrificados continuam a ser os mesmos.