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segunda-feira, 24 de março de 2025

QUANTO CUSTA UM BUNKER?


Depois de mais uma reportagem sobre os imigrantes em Portugal, a última de Bruno de Castro Ferreira, na SIC, as autoridades deram sinal de vida, fazendo mais num par de dias do que nos últimos anos.

A descoberta é dantesca: um pastor evangélico é responsável por mais uma miserável exploração, a ponta do iceberg que tem sido deliberadamente escondida.

É neste contexto, que pouco importa a quem continua a defender a imigração de portas abertas, que outros sinais de total desumanização invadem as sociedades de norte a sul, de este a oeste, alimentando soluções extremistas à esquerda e à direita.

As imagens brutais de Gaza, em que nem os doentes internados escapam, sancionadas pela cumplicidade de Donald Trump e dos líderes da União Europeia, são apenas extensões de uma realidade arbitrária imposta pela lei do mais forte.

A liderança das negociações para travar a invasão russa na Ucrânia, conduzidas pelo príncipe Mohammed bin Salman, que ordenou o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, dá a exacta dimensão do desvario em curso.

As manifestações de centenas de milhares de cidadãos contra a guerra e o autoritarismo, de Israel à Turquia, dos Estados bálticos à União Europeia, de África aos EUA e Reino Unido, continuam a ser ignoradas por líderes eleitos e ditadores.

A escolha dos madeirenses, que ratificaram a liderança de um arguido por corrupção, não é uma vitória de Miguel Albuquerque, é mais uma derrota estrondosa do regime de democrático.

A actual disrupção é o fruto de décadas de mentiras de Estado que tresandam a corrupção ao mais alto nível.

Nem as mais recentes revelações sobre o assassinato de JFK foram suficientes para despertar as elites, já tão afundadas no pragmatismo e nos negócios de Estado que nem se dão conta do desastre iminente.

Quanto custa um bunker?

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

“BOM SENSO”, BORLAS E MUDANÇA


Em Portugal, no século XXI, a expressão de uma opinião pode ser freneticamente condenada, mas a inércia e a omissão criminosas continuam a ser toleradas.

Um protesto político, a roçar a ilegalidade, indigna os representantes de órgãos de soberania, governantes, deputados, afins e demais mercenários, mas outras ilegalidades e até crimes mais graves não merecem sequer condenação pública.

O pagamento da contribuição de serviço rodoviário, que foi declarada ilegal pelo Tribunal da Justiça da União Europeia em 2022, é um dos exemplos mais recentes e gritantes.

A revelação de que o SNS dá continuadamente cada vez mais borlas a estrangeiros, enquanto abandona os portugueses, é mais um escândalo ultrajante.

É esta espécie de “bom senso” que desespera os portugueses, com o regime democrático a empardecer, à deriva do curto prazo, com uma política externa pequenina no contexto de duas guerras assassinas e mais ataques aos direitos humanos.

Dir-se-á que a herança da esquerda fandanga já foi julgada nas urnas, mas a nova governação não dá sinais de determinação em alterar urgentemente a situação.

O abastardamento das prioridades políticas é tão grave quanto o papel das instituições que as desculpabilizam, desde logo os Media do mainstream que lá vão colorindo a ficção, por acção ou omissão.

São cada vez mais aqueles que acreditam que é possível mudar, porque a cidadania, ontem como hoje, não aguenta eternamente a injustiça flagrante, o actual admissível.

Resta saber se as soluções serão mais ou menos radicais, pois é preciso reafirmar que pior do que o pântano em que estamos mergulhados dificilmente poderemos vir a ficar no futuro.






segunda-feira, 14 de outubro de 2024

OPORTUNIDADES PERDIDAS

 

A classe política continua a fugir dos problemas, iludindo, manipulando, mentindo, empurrando as soluções para mais tarde.

Tal só é possível pelo simples facto de a sociedade assim funcionar, vergando perante o poder e esmagando o mais fraco.

“As meninas do senhor presidente”, como eram conhecidas as duas crianças que precisavam de tratamento no Hospital de Santa Maria, poderiam ser a actual síntese do país.

O caso das gémeas é o abuso de poder, quiçá com contornos ainda mais graves, com a agravante da tentativa de branqueamento dos afins instalados à volta do poder.

Infelizmente, não é caso único, basta atentar a três exemplos: novela orçamental, política externa e o recente caso dos SMS’s e auriculares, entre tantos e tantos outros.

O orçamento para 2025 está à mercê de cálculos políticos, cortinas de fumo e fantasias grosseiras que servem apenas a sede de poder e a mesquinhez de quem não está à altura, nem do tempo nem das funções.

O Médio Oriente é tratado com o formalismo contorcionista, de quem bate com a mão no peito, tentando passar por aquilo que não é, envergonhando os portugueses.

Luís Montenegro, ao criticar a precariedade dos jornalistas, sobretudo dos mais jovens, face a administrações, direcções e chefias editoriais a roçar o mais inadmissível, é alvo de uma chuva de críticas corporativas.

O PM até pode não ter legitimidade para apontar o dedo, mas as reacções dos jornalistas comprovam o funcionamento em espelho com o poder político: resposta furiosa, fingir que o problema não existe e continuar em frente.

As oportunidades perdidas multiplicam-se com o adiamento da mudança, cavando ainda mais fundo o buraco em que apenas uma certa maioria continua confortável.

O abandalhamento colectivo, que começa em cada um, é a melhor explicação para o atraso português, por mais que chova dinheiro de Bruxelas.

segunda-feira, 29 de julho de 2024

WATERGATE EM PORTUGAL



Após a “reeleição” de Maduro é útil recordar que os dois mandatos de Marcelo Rebelo de Sousa têm sido pautados por escândalos públicos (institucionais, políticos e pessoais) como nenhum antes anteriormente dos seus seis antecessores.

Interferência institucional abusiva, a reinterpretação constitucional à la carte e agora a suspeita generalizada de favorecimento fazem parte de um rol de atropelos.

Do servilismo a Angola (Manuel Vicente), ao roubo em Tancos, duas humilhações públicas respectivamente de magistrados e de militares, está instalada a percepção que a actuação presidencial roça a arbitrariedade.

Mais grave ainda: no caso do Hospital Santa Maria tudo se tem passado à vista de todos, na CPI das gémeas, fora das negociatas de bastidores.

Ainda assim, por razões de guerrilha partidária tudo tem sido mais ou menos contido por aqueles que lutam pela sobrevivência de favor.

Na audição de Maria João Ruela, assessora de Belém, todos os limites foram ultrapassados.

«O mail está aqui!», garantiu, para corrigir no minuto a seguir, depois de um extraordinário ofício-relâmpago de Belém: «É porque não existe, porque entretanto foi apagado, em cinco anos».

Face às contradições, a imprensa desvaloriza, não investiga, qual atitude de Estado, confortada por aqueles que as rotulam como coincidências, intendências ou questões administrativas sem importância.

Afinal, qualquer comissão parlamentar de inquérito é ameaça ao bafiento status quo que tem levado os Media à pré-falência financeira, fruto do distanciamento dos cidadãos e de menos leitores, ouvintes e telespectadores.

O “Watergate” seria possível em Portugal?

Dificilmente, com esta imprensa domesticada, salvo honrosas excepções, pois não faltaria quem garantisse a priori que o assalto era culpa dos vigilantes ou por(ventura) da obra do diabo.

segunda-feira, 3 de junho de 2024

IMIGRANTES ABANDONADOS


Em cinco décadas, os imigrantes em França passaram de 6,5% (1968) para 10%.

São mais de 50 anos de debates marcados pela bandeira das liberdades, enquanto o crescimento dos “bidonvilles” e a insegurança associada à imigração faziam caminho.

O paradigma liderado pelo PS francês só foi alterado em 2023, com uma lei restritiva aprovada com o apoio do bloco de Emmanuel Macron, do principal partido de direita “Les Républicains” e da extrema-direita do “Rassemblement National”.

Os exemplos de Portugal e França não são únicos, mas traduzem o mesmo padrão: o laxismo de uma certa esquerda, conivente com a exploração e a degradação das condições de vida dos imigrantes, enquanto enche a boca com os direitos humanos.

As terríveis experiências dos emigrantes portugueses não nos serviram de lição, nem evitaram a repetição dos mesmos erros dantescos de outros países de uma Europa cada vez mais velha, corrupta e cínica.

Fazer face ao envelhecimento e satisfazer a gula desenfreada por mão-de-obra barata justificaram os populismos internos descaradamente desumanos, aliás só possíveis com a crise da imprensa e Marcelo Rebelo de Sousa em Belém.

Na véspera de eleições europeias, o debate sobre a imigração está instalado, com o número de imigrantes a atingir o patamar dos dois dígitos em Portugal, no quadro do crescimento da extrema-direita.

As centenas de milhares de imigrantes sem resposta da AIMA são apenas a ponta do iceberg de um problema gigantesco, em que se destacam a escravatura laboral e os sem-abrigo.

A legislação do governo liderado por Luís Montenegro, designadamente a imposição de um visto de trabalho para os novos imigrantes, é a primeira tentativa de travar a permissividade politicamente criminosa que deixou os imigrantes abandonados.

A actual irrelevância política do PS francês é um sério aviso ao PS português e demais esquerda portuguesa.


segunda-feira, 20 de novembro de 2023

DESENLAMEAR A REPÚBLICA


Os três erros do Ministério Público na “Operação Influencer”, clamorosos, ainda que circunstanciais, os quais não colocam em causa o cerne da investigação, devem ser escrutinados, sim, agora à luz de uma incompreensível pressa em avançar.

Por que terá sido assim?

A quem serviu?

A todos, por razões diversas?

No cenário das eleições antecipadas, o impulso da reforma da justiça para melhor controlar o titular da acção penal, em jeito de vingança, é apenas mais uma prosaica boçalidade, tendo em conta a actual autonomia de fachada, sem meios.

É imperioso o debate sobre as necessárias reformas tranquilas e cirúrgicas, sem hesitações em partir a espinha ao colosso da corrupção e do tráfico de influências que têm condenado os portugueses à miséria.

É preciso mais exigência e vigilância em relação às instituições de controlo, designadamente os Media, viveiros de profissionais de coragem e também de subserviência às mãos de mercenários que os tentam controlar.

Tal como Trump, Lula e Bolsonaro, entre outros, não conseguiram liquidar as instituições democráticas dos seus países, também por cá não há que ter medo do voto do povo, seja ele qual for.

O arreigado espírito democrático dos portugueses não pede meças aos norte-americanos ou aos brasileiros.

Continuar a cair na armadilha que tem perpetuado os mesmos políticos e partidos não vai trazer nada de novo, e pior do que a bandalheira institucional actual, plasmada na guerra fratricida pelos grandes projectos, nada do que pode vir poderá ser ainda pior.

O voto a 10 de Março de 2024 é a derradeira oportunidade, mais uma, para escolher quem seja capaz de enfrentar este lamaçal indizível, em que quase todos participam e quase ninguém escapa aos salpicos de lama.

A mudança é sempre possível e desejável, desde que sustentada no mérito, competência e serviço público.

Não há que ter medo das novas gerações, desde que separado o trigo do joio tóxico, pois urge desenlamear a República.


segunda-feira, 10 de julho de 2023

D. AMÉRICO AGUIAR: POLÍTICA, COMUNICAÇÃO E NEGÓCIOS

 

À medida que o Papa Francisco se aproxima do fim, a Fé volta a vergar à diplomacia, aos interesses e aos negócios.

Desde a simpatia com Lula da Silva, quando os evangélicos somam fiéis no Brasil, ao ponto de já estarem taco-a-taco com os católicos, à recente indicação de D. Américo Aguiar para Bispo de Lisboa.

Afinal, quem é este membro da hierarquia da Igreja portuguesa?

Além de delfim do actual Patriarca, D. Manuel Clemente, que prometeu tanto quanto desiludiu, é o homem da política (autarca do PS em Matosinhos), da comunicação (Rádio Renascença) e dos negócios (Jornada Mundial da Juventude).

Nem a sua passagem pelos escuteiros e pela comissão diocesana de protecção de menores, dois pântanos da pedofilia na Igreja, atrapalharam a promoção do ambientalista com radicalismo quanto baste.

Nem a falta de um passado de evangelização e de acção pastoral de D. Américo Aguiar, em tempos tão difíceis, travaram o tradicional pragmatismo do Vaticano.

O próximo Patriarca português segue a linha do situacionismo da hierarquia da Igreja portuguesa, pontuado por um reaccionarismo oportunista, agora com um toque de modernidade assente na comunicação, no marketing e na atenção aos cofres do pilim.

Afinal, o Papa Francisco, no momento em que poderia ter dado um sinal de mudança em relação a uma hierarquia bafienta, cada vez mais silenciosa na defesa dos mais pobres, optou pela continuidade.

Nem os alarmantes sinais de distanciamento da juventude em relação à Igreja, não à Fé, foram suficientes para preparar a Igreja portuguesa para os desafios do século XXI.

segunda-feira, 1 de maio de 2023

O “NÃO INTERESSA NADA” É IRREPETÍVEL

 

O momento é gravíssimo, mas não é novo.

O atropelo, o abuso e o abastardamento das instituições fazem parte da cultura do PS no poder.

António Costa, antes como agora, é useiro e vezeiro na estratégia do truque, da mentira e da fuga às responsabilidades.

Com Marcelo Rebelo de Sousa, que não se pode comparar a Eanes, a Soares, a Sampaio e a Cavaco Silva, nem no estilo nem na autoridade institucional, está cozinhado o caldo para chegar ao actual desastre.

Se a montante “tudo como d’antes no quartel de Abrantes”, a jusante a fórmula política também se repete, impune e descaradamente.

Chama-se uns marketeiros, dos mercenários aos afins untados, aposta-se na desvalorização da gravidade dos acontecimentos e – eureka! – apregoam-se os “sucessos” mais ou menos martelados.

Repito: até aqui não há novidade.

A diferença está no que aconteceu nas três últimas eleições legislativas e no que pode vir a acontecer.

A 4 de Outubro de 2015, um golpe parlamentar, com cobertura constitucional, permitiu ao derrotado nas eleições chegar à liderança do Executivo.

A 6 de Outubro de 2019, uma maioria relativa permitiu consolidar a liderança, anunciando a morte da “geringonça”.

A 30 de Janeiro de 2022, face à implosão da aliança à esquerda, a liderança almejou atingir uma espectacular maioria absoluta, com a cumplicidade de Belém. 

Passados 13 meses, seja qual for a saída para a actual crise, a situação é bem diferente por seis razões.

A desgovernação, a corrupção e a falência do Estado Social e de Direito são brutais; os novos actores políticos travam a “estabilidade” do Bloco Central; o PRR está a gripar; as sondagens estão descredibilizadas; o fantasma à direita está esvaziado; e, por último, o controlo dos Media é contrabalançado pelas redes sociais.

Até agora a propaganda tem vencido, consolidando a tese que todas as vigarices políticas não interessem nada ao povo, definitivamente subjugado a tentar sobreviver.

Amanhã, na próxima semana, mês ou ano, com ou sem eleições antecipadas, até 11 de Outubro de 2026, uma coisa é certa: o “não interessa nada” é irrepetível.



 

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

VALE TUDO PARA CORTAR PENSÕES


A saga da preparação para a apresentação de mais um Orçamento do Estado tem proporcionado novos limites na política portuguesa.

Já sabíamos da tendência do poder para a manipulação descarada, para não lhe chamar aldrabices grosseiras e impunes.

Agora, António Costa ultrapassou os limites, abusando da iliteracia financeira e do medo que invade cada um dos cidadãos em tempos de uma guerra que está mais perto.

Francisco Louçã, na SIC Notícias, com simplicidade, desmascarou o último embuste das contas da Segurança Social, citando os números oficiais.

Para justificar o injustificável, ou seja, cortar nas pensões, entre outras façanhas, o governo deu à estampa, num espaço de um mês, números divergentes.

Do saldo zero, apresentado em Setembro passado, passou a 40,105 mil milhões de euros, para o ano de 2050, de acordo com os próprios números do Orçamento do Estado para 2023.

São horas e horas de declarações fantasiosas e páginas e páginas de discursos toscos, enganosos e até falsos.

O que mais impressiona já não é este recurso do governo à sistemática mentira política.

Também já não estranha a ocultação desta hedionda jogada política da parte de Marcelo Rebelo de Sousa.

O que mais choca é a cumplicidade da comunicação social, ao dar palco e fazer eco das patranhas de António Costa e dos seus ministros, num vale tudo para cortar nas pensões.

Não é a castigar os mais fracos, nem a esconder a realidade, ao mesmo tempo que se fabricam novas ilusões, que se disfarçam os erros clamorosos da governação.

Portugal não está a salvo de mais uma bancarrota.

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

DOS VENDILHÕES À “ESFERA DE INFLUÊNCIA”


Não há pacote de apoio a empresas e famílias que pague o custo de premiar os vendilhões do templo e negociar com assassinos e ditadores.

Por isso, a capa do jornal i sobre a Festa do Avante, denunciando estratégia do PCP, teve o mérito acrescido de fazer sair da toca os habituais boys.

São sempre os mesmos: os avençados, alguns jornalistas e os que confundem a voz do poder com a verdade.

Neste mundo globalizado, para o bem e para o mal, já não é possível esconder nem o preço da infâmia política nem quem trucida a vontade soberana do povo.

Os tão criticados argumentos de presidentes norte-americanos para subjugar a América Latina agora servem para tentar desculpar Vladimir Putin.

Condenar Ronald Reagan e Bush (pai e filho) para agora absolver Vladimir Putin e Xi Jiping só serve os abutres que vivem a conta dos negócios de Estado.

O pacifismo não se mede em rublos, dólares e euros.

Mahatma Gandhi e Tenzin Gyatso não se confundem com os movimentos internacionais ditos pacifistas que apenas têm servido as ditaduras fascistas e comunistas.

O aviso de 1962, em que o Mundo esteve à beira de uma guerra nuclear, não foi suficiente para aqueles que defendem a teoria da “esfera de influência”.

A civilização, a paz e os direitos humanos não se defendem de arma em riste, com sangue nas mãos, por mais interesses geoestratégicos, tachos, palmadinhas nas costas e propaganda.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

UM GRANDE EMBUSTE

 


A informação tem sempre um primeiro responsável: o director editorial.

Uma semana após as eleições, nem uma única chefia dos órgãos de comunicação social apresentou um pedido de desculpa público aos seus leitores, ouvintes e telespectadores pela divulgação de sondagens estrondosamente divergentes dos resultados.

Apresentadas por várias empresas, com resultados idênticos, com critérios certamente objectivos, eis o instrumento da querida manipulação à vista de todos.

Os “clientes” lá continuam a aproveitar para promover a informação de geração espontânea ou fabricada debaixo do tapete.

Um ladrão aqui, uma ladra ali, quiçá, um qualquer empresário ou banqueiro em desgraça acolá, tudo a escorregar sobre notas num exame controlado à partida, mais moita menos moita.

E, certamente, ninguém ficaria chocado se um dia destes o país acordasse com mais um par de buscas.

A história repete-se, eleição após eleição, com a bissectriz traçada pelos mesmos protagonistas, uns mais visíveis do que outros, à boleia da renovada e alindada opacidade da “bolha” política e mediática.

As cambalhotas são tratadas à la carte, como convém à (im)parcialidade de quem é afastado ou colocado atempadamente no sítio mais conveniente.

É o escrutínio, que temos e merecemos, com o mapa das audiências na mão, em que não falta semântica e semiótica para reinar, mas sobra tanto lixo.

Um mercenário, de direita ou de esquerda, ou de ambas, será sempre e apenas mais um mercenário que lá se vai safando, porque serve a “mão invisível” que trata da política, como do futebol, entre outros mercados.

O cidadão, que quer e paga a informação, sente-se enganado.

Mesmo estando a milhas do que se passa, resta-lhe a percepção difusa da falta de transparência.

A crise na imprensa – e de confiança nas instituições! –, é uma mera consequência de mais um grande embuste.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

AUGE DO ESCOADOURO


As legislativas de 1 de Outubro de 1995 e de 27 de Setembro de 2009 determinaram o fim das maiorias absolutas de Aníbal Cavaco Silva e José Sócrates.

Foi o profundo cansaço com a governação de apenas um partido a falar mais alto, com os portugueses a decidirem por fim a muitos arbítrios e abusos.

Nem as presidências de Mário Soares e Jorge Sampaio foram capazes de os evitar.

No próximo dia 30 de Janeiro, a maioria absoluta parece estar tecnicamente afastada, mas a instabilidade, a limitação das liberdades individuais, o crescimento da dívida pública e a grande corrupção exigem mais cautela nos vaticínios.

Qualquer que seja a decisão colectiva, mais importante ainda é os cidadãos poderem dispor de informação verdadeira e rigorosa antes de votar.

Pelo menos aqueles que o podem fazer.

Os debates, com os líderes dos partidos políticos com assento parlamentar, ficaram aquém em variados temas decisivos para o futuro e as escolhas dos temas e respectivas abordagens dos jornalistas/moderadores foram parciais.

Na Justiça, em vez da multiplicidade de problemas existentes, tão bem elencados por Ana Gomes e Maria José Morgado, nos seus respectivos espaços de opinião, o foco principal recaiu na composição dos conselhos superiores dos magistrados.

Na Saúde, o número de vacinas e de testes, com direito a teatro, mitigaram o caos existente no SNS.

No crescimento económico, os números manipulados do governo ainda em funções marcaram as questões simplistas e a manifesta impreparação para fazer face à propaganda descarada.

Muitos outros exemplos poderiam ser elencados para atestar a escandalosa deferência com António Costa, a tradicional hostilidade a Rui Rio e a tolerância com os pequenos partidos, à excepção do Chega.

O manifesto beneficiar de António Costa, aliás, só teve travão com João Cotrim Figueiredo, o único com capacidade e elegância para o denunciar: «A pergunta está muito bem colocada, mas já enferma daquilo a que eu chamo a propaganda socialista».

Mais grave é que outros sectores – Agricultura, Ambiente, Educação, Investimento Público, Natalidade, Pobreza (sem-abrigo) e Segurança –, entre outros, ficaram por abordar.

Resta ainda uma última oportunidade no debate com a presença dos líderes do PS, PSD, Bloco de Esquerda, PCP, CDS/PP, Chega, Iniciativa Liberal, PAN e Livre.

Em vésperas de eleições, como durante os últimos seis anos, o escrutínio da governação António Costa tem sido uma farsa vergonhosa.

É um mau serviço que a comunicação social presta ao país, mais uma vez, ainda que de assinalar excepções de profissionalismo e rigor.

As estações de televisão, com critérios editoriais de uma geometria variável assustadora, não podem continuar a desinformar a seu belo prazer.

Afinal, a campanha eleitoral não é, nem nunca pode ser, o auge do escoadouro de incompetências, fretes, oportunismos e vaidades.

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

MINORIAS E MAIORIAS PERIGOSAS


Enquanto passa devagar o tempo da pandemia, entre o falhanço dos sistemas de saúde e o horizonte radioso de uma vacina milagrosa, disparam o número de infectados e de mortos e aumentam as vítimas de economias e sociedades arrasadas.

Entretanto, os tempos de fanatismo, de ódio e censura saltaram das ruas para as elites que continuam a chafurdar num paradigma – na governação e na oposição – assente no marketing político falido.

Não há cimento de civilização nem estadistas com causas mobilizadoras. 

Apenas o instantâneo, a mentira de Estado, o poder pelo poder e a corrupção que alimenta clientelas em troca de umas comissões, tudo esfuziantemente embrulhado em matizes ideológicos.

Esta "plasticidade" remete para o falhado modelo do "novo trabalhismo" de Tony Blair que ruiu em todo o esplendor com a gigantesca farsa do Iraque.

E, mesmo assim, continua a servir, 13 anos passados, de cartilha inspiradora para todo o tipo de abusos do poder por esse Mundo fora.

A gestão de carreiras políticas, a navegação à vista e a estratégia de comunicação assente em focus groups fazem parte de um padrão comum, de uma espécie de "internacional" triunfante que federa esquerdas e direitas. 

Não admira que por cá se invoque o que se passa em toda a Europa para justificar os desastres internos.

E os protestos grassam por todo o lado, e só ainda agora começaram.

As minorias extremistas recrudescem e as maiorias do pensamento único renascem, qual delas a mais perigosa.

Ah, o fantasma do fascismo regressou para podermos constatar novamente como o papel dos "comissários" do regime é fundamental para desviar as atenções.

Já chega!

A pandemia até podia servir para repensar as estradas que não têm levado a lado nenhum, mas o caminho difícil não está ao alcance de politiqueiros nem de sociedades vazias de mais e mais consumismo.

Empanturrada com a agenda das autoestradas da informação, nem a comunicação social escapa, pagando o preço da falta de distanciamento do poder com as ameaças na rua.

E continua a destruição do planeta até à próxima pandemia.

A globalização já revelou o melhor e o pior, mas ainda estão por conhecer as consequências do paradoxo em que vivemos: no tempo em que a informação, a tecnologia e a riqueza pretendem chegar a todo o lado, o cidadão é cada vez menos livre.

E, seja qual for a crise, o medo, a intimidação e a ameaça continuam a ser a solução do poder gasto para manter tudo a girar.

Entretanto, como fica bem na fotografia, os líderes até assumem culpas próprias, mas os sacrificados continuam a ser os mesmos.