O PP venceu as eleições espanholas, com apenas mais 1,6% dos votos do que o PSOE, mas tal não lhe garante a ascensão ao poder.
Falhou a muleta que Alberto Núñez Feijóo tanto precisava.
O VOX, tal como o Chega por cá, continuam a ser um eficaz papão que apenas serve para as forças da esquerda incutirem medo nos eleitores e perpetuarem os seus abusos e falhanços.
Em boa verdade, e depois de Trump e Bolsonaro, Santiago Abascal não conseguiu perceber que a boçalidade em política é um erro fatal.
Tal como já aconteceu em Portugal, com as forças de direita a sonharem em arco, o líder do PP foi traído pelo excesso de confiança e sobretudo por um calculismo confrangedor.
Aliás, os resultados eleitorais espanhóis representam um golpe, mais um – quantos ainda serão necessários? –, na credibilidade das sondagens, incapazes de incorporarem a real vontade dos cidadãos.
Apostar que as eleições não se ganham, pois são os adversários que as perdem, como aconteceu em Espanha, é uma lição grátis para Luís Montenegro e André Ventura.
Não há quaisquer dúvidas: o caminho para derrubar António Costa não passa apenas pelo combate ao abuso de poder, à mentira política e à corrupção no seio do governo.
O escrutínio, a crítica e a denúncia são determinantes, mas também não são suficientes.
A mudança exige trabalho, persistência e sobretudo a defesa de valores.
Os cortes de Passos Coelho ainda estão bem vivos, apesar das actuais fúria fiscal e austeridade encapotada.
Os portugueses só mudam se houver outro caminho.
Na folha Excel, das “contas certas”, só há alternativa com mais sensibilidade social, mais vida.
Só haverá alternância quando houver um projecto político credível e mobilizador capaz de se sobrepor aos oito anos da gestão caótica de António Costa.
Ninguém muda o folclore por folclore, as promessas por promessas, a mediocridade por mediocridade.