Com melhor ou pior orçamento, negociado à última da hora, o país sabe o que conta com António Costa: crescimento anémico, reformas estruturais adiadas, sobrevivência garantida pela União Europeia e muita propaganda.
E o PSD, como pode fazer a diferença?
O economicismo e o autoritarismo de Rui Rio não são os melhores argumentos para derrotar António Costa, como tem sido amplamente demonstrado.
Por isso, percebe-se, que o actual presidente do PSD jogue no apodrecimento do governo, em vez de batalhar no terreno com novas ideias.
Por sua vez, Paulo Rangel tem outros trunfos.
Mais cosmopolita, afirmativo e interventivo, o ainda eurodeputado tem a vantagem de já ter ultrapassado o fanatismo da velha direita, designadamente as finanças públicas salazarentas e o “papão” comunista e/ou maçónico.
Mas ainda falta saber qual é o seu plano para conquistar o poder, no partido e no país, bem como conhecer as principais referências da sua equipa.
No PSD, ninguém pode esquecer que uma parte do país ainda está traumatizado com Pedro Passos Coelho, com os cortes designadamente nas pensões.
É neste contexto que a disputa da liderança do PSD assume enorme importância.
Num ambiente de estagnação, com estrangulamentos que perduram, a estratégia fria do chicote dificilmente será capaz de derrubar a ilusão da austeridade encapotada.
De igual modo, o discurso patrioteiro e a diabolização de quem vive “acima das possibilidades” não mobilizam ninguém.
O dilema do futuro líder do PSD é aceitar esta evidência sem abdicar do rigor, transparência e criatividade para tirar o país do marasmo.
"Não acrescentar crise à crise” ainda continua a colher mais do que qualquer ameaça da chegada do diabo.
Para protagonizar a mudança, para ser capaz de chegar ao poder, o futuro líder do PSD tem de renovar a atitude, o discurso e os protagonistas.
E tem de assumir um discurso competente, pela positiva.
E, se a economia e as finanças são fundamentais, é na reforma da Justiça que Paulo Rangel pode garantir a vantagem para chegar à liderança do PSD e assumir uma candidatura a primeiro-ministro.
Depois de mais de três anos sem “pica”…
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