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segunda-feira, 29 de novembro de 2021

RIO DE TACHOS

 

O reconfirmado líder do PSD deve a vitória, ainda que à tangente, ao conhecimento ímpar dos militantes do partido em que milita desde os 18 anos.

Seguramente, não é por acaso que, no discurso de vitória, Rui Rio escolheu brindar os seus adversários com uma pérola: «Aqueles que são os dirigentes do partido, nas distritais e nas concelhias, têm de se ligar mais aos militantes».

Ora, o que deu a vitória a Rui Rio não foi a revolta das bases, mas o tradicional instinto de sobrevivência de quem pertence a um partido habituado a estar sentado à mesa do poder.

A escolha era linear: de um lado, ganhando ou perdendo nas eleições de 30 de Janeiro, a garantia de poder alavancar as benesses do poder; do outro, o abismo de uma travessia do deserto, face à enorme probabilidade do PSD não alcançar uma maioria absoluta.

Paulo Rangel e os seus estrategas de gabinete subestimaram os interesses mais prosaicos da militância partidária.

Rui Rio, mais básico, limitou-se a explorar a natureza partidária, com a aposta no discurso do desprendimento e do camuflado, confundindo a teimosia com a densidade da convicção.

Com o presidente e o primeiro-ministro desgastados e desacreditados, o apodrecimento da crise fez o resto.

Contra tudo e todos, sem esquecer Marcelo Rebelo de Sousa, Aníbal Cavaco Silva e a maioria da imprensa, Rui Rio ganhou precisamente pela razão mais mesquinha em política: o tachismo.

O estilo desafiador de Paulo Rangel, aliás na linha mais radical do “passismo”, ainda não colhe no país de Rui Rio, em que a “vidinha” mais ordena.

Para já, o PSD ficou a ganhar, ainda que dividido ao meio pelo estilo na oposição.

É um recado de monta para o líder.

Ponto final, parágrafo.

Vamos mudar de capítulo?

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

PSD: DEPOIS DE MAIS DE TRÊS ANOS SEM “PICA”



Com melhor ou pior orçamento, negociado à última da hora, o país sabe o que conta com António Costa: crescimento anémico, reformas estruturais adiadas, sobrevivência garantida pela União Europeia e muita propaganda.

E o PSD, como pode fazer a diferença?

O economicismo e o autoritarismo de Rui Rio não são os melhores argumentos para derrotar António Costa, como tem sido amplamente demonstrado.

Por isso, percebe-se, que o actual presidente do PSD jogue no apodrecimento do governo, em vez de batalhar no terreno com novas ideias.

Por sua vez, Paulo Rangel tem outros trunfos.

Mais cosmopolita, afirmativo e interventivo, o ainda eurodeputado tem a vantagem de já ter ultrapassado o fanatismo da velha direita, designadamente as finanças públicas salazarentas e o “papão” comunista e/ou maçónico.

Mas ainda falta saber qual é o seu plano para conquistar o poder, no partido e no país, bem como conhecer as principais referências da sua equipa.

No PSD, ninguém pode esquecer que uma parte do país ainda está traumatizado com Pedro Passos Coelho, com os cortes designadamente nas pensões.

É neste contexto que a disputa da liderança do PSD assume enorme importância.

Num ambiente de estagnação, com estrangulamentos que perduram, a estratégia fria do chicote dificilmente será capaz de derrubar a ilusão da austeridade encapotada.

De igual modo, o discurso patrioteiro e a diabolização de quem vive “acima das possibilidades” não mobilizam ninguém.

O dilema do futuro líder do PSD é aceitar esta evidência sem abdicar do rigor, transparência e criatividade para tirar o país do marasmo.

"Não acrescentar crise à crise” ainda continua a colher mais do que qualquer ameaça da chegada do diabo.

Para protagonizar a mudança, para ser capaz de chegar ao poder, o futuro líder do PSD tem de renovar a atitude, o discurso e os protagonistas.

E tem de assumir um discurso competente, pela positiva.

E, se a economia e as finanças são fundamentais, é na reforma da Justiça que Paulo Rangel pode garantir a vantagem para chegar à liderança do PSD e assumir uma candidatura a primeiro-ministro.

Depois de mais de três anos sem “pica”…

 

 

 

 

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

PAULO RANGEL À PROVA DE “CAMA”

 

Paulo Rangel é um forte candidato à liderança do PSD.

Não é uma cara nova da política, mas representa um discurso público frontal, competente e europeu.

Se vencer as directas do PSD, a tarefa que tem pela frente dentro do partido é tão pesada quanto a empreitada de chegar ao poder.

Desde os “barões” partidários das negociatas ao Estado gordo, corrupto e enxameado de boys, à custa de mais de cinco anos branqueamento presidencial, eis um desafio à altura do repto lançado pelo ainda eurodeputado.

Paulo Rangel já demonstrou que não é anjinho para cair na mais velha esparrela política, permitindo que a vacuidade e o capricho presidenciais lhe façam a “cama”.

De igual modo, também não parece capaz de cair na tentação medíocre de apanhar a boleia de mais uma qualquer cambalhota de Marcelo Rebelo de Sousa, agora empenhado em limpar um passado de cumplicidades com António Costa.

E, certamente, também não é político para engolir sucessivas derrotas e ficar à espera que o governo caia de podre.

Por último, a lucidez: a afirmação de que Chega é o maior aliado do PS.

O objectivo anunciado de retomar os debates quinzenais na Assembleia da República honra a necessidade imperiosa de um escrutínio sereno e implacável da governação.

O líder do maior partido da oposição não pode permanecer escondido, nem faltar ao espaço mediático.

O discurso de verdade, a exigência em relação ao presidente, a marcação ao primeiro-ministro e a criação de uma alternativa clara fazem parte do caminho longo e difícil a que Paulo Rangel se propõe.

Em Democracia, não há branqueamentos eternos, nem arrogâncias impunes, nem silêncios perdoáveis, nem medo da imprensa, nem vitórias impossíveis.