A derrota estrondosa de Marine Le Pen não pode desvalorizar a duplicação de mandatos, o que explica que tenha afirmado que a «maré está a subir».
Qual ingenuidade, para escapar a um extremo dá-se a vitória ao outro extremo, à esquerda, com Jean-Luc Mélenchon a puxar pelos galões da representatividade.
Não há qualquer dúvida: os últimos 20 anos foram um tempo perdido.
Voltámos ao início do século, em que o princípio do suposto mal-menor continua a baralhar os cidadãos – António Guterres/ Durão Barroso, Santana Lopes/ José Sócrates, António Costa/ Rui Rio ou Luís Montenegro/ Pedro Nuno Santos.
O voto já não é por razão, convicção e futuro, mas uma mera reacção às alternativas artificiais e de circunstância em cima da mesa.
Será esta a solução democrática do século XXI?
Do mal, o menos, assim vai a vida nas democracias ocidentais, afundadas na falta de racionalidade, na geometria variável, na exclusão social crescente e na exploração da imigração ao nível dos tempos das cavernas.
Eis a forma de perpetuar o poder que vive na sombra, porque lhe permite manter a força, os interesses e os objectivos, sejam quais forem os vencedores e os vencidos.
O paradoxo está à vista, sem um vislumbre de estadistas.
Menos mau, as ditaduras são ainda piores.
À mercê das grandes corporações, os líderes políticos obedecem, ajoelhando, limitando-se servilmente a garantir mais e mais mecanismos de controlo dos cidadãos.
O status quo, cada vez mais precário, fomenta o impasse, cujo expoente é a onda brutal de guerra e mais guerra.
O pragmatismo, a globalização selvagem e a corrupção continuam a ser a tripla do poder político sem soluções para sociedades que se contentam com a miragem da liberdade, igualdade e fraternidade.
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