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domingo, 11 de dezembro de 2022

ONDE ESTÃO ELAS E ELES?


Em Março de 2013, cerca de um milhão e meio de portugueses saíram à rua para protestar contra a política de Passos Coelho.

Hoje, a pergunta impõe-se: acomodaram-se?

Uns, mais lúcidos, já emigraram.

Outros, sempre resilientes, ainda andam a discutir se a culpa é de Cristiano Ronaldo ou de Fernando Santos.

Por último, os mais resignados continuam a aguentar, levando a cruz, como lhes ensinaram em pequenos.

Nada desperta: nem as cheias, nem a pobreza, nem o envelhecimento, nem a ladroagem, nem a justiça para os ricos e outra para os pobres, nem mesmo serem tratados como gado pelo SNS.

A passadeira vermelha para antigos e actuais governantes, que dizem o que desdisseram antes, sem contraditório e censura, é o maior anestésico da cidadania.

Não admira que os portugueses não comprem jornais, depois de se contentarem com uma espécie de pacote de informação oferecida pelas televisões (julgam que é de borla!).

Neste país fustigado – a ver a bola, a engolir as mentirolas de Costa e a desvalorizar o branqueamento brutal de Marcelo –, falta energia para lutar por uma vida digna.

Afinal, «isto sempre foi assim!», dizem alguns, mas falta aquele milhão e meio de cidadãos para voltar a dizer que não pode continuar a ser assim.

Passados quase 10 anos, com a situação institucional, política, económica e social em degradação acelerada, onde estão elas e eles?

segunda-feira, 28 de junho de 2021

CUL-DE-SAC


Se relermos as notícias de 2001 somos levados a concluir que estamos em 2021, ou vice-versa. 

Há 20 anos era a corrupção, a impunidade, o nepotismo, a falta de longo prazo, tal como hoje, com a diferença que a Covid acelerou a percepção dos cidadãos

A demissão de António Guterres certamente não se repetirá com António Costa, mas o pântano nunca foi tão fácil de enxergar como agora.

Até a alternativa a Guterres – Durão Barroso –, confirmada em 2002, gerava então tanto entusiasmo como a possibilidade de Rui Rio suceder ao actual primeiro-ministro.

Dez anos depois, com Passos Coelho, os portugueses ainda acreditaram que a mudança era possível com a troca do líder, sem transformar o país.

Ora, PS e PSD continuam iguais ao que sempre foram, para desgraça dos portugueses.

Duas alterações vieram cavar ainda mais o abismo.

A primeira pode resumir-se à banalização de Belém a partir de 2016, caindo a tradição da Presidência ser a última referência, para o bem ou para o mal.

Actualmente, tudo mudou com o brutal branqueamento presidencial ao serviço de António Costa e do regime de opacidades.

A segunda também está à vista: o fenómeno do Chega.

Depois de engolida a Esquerda mais radical, a táctica rasteira de engordar a Direita mais extremista continua a avançar.

Nem mesmo a consolidação da dinastia Le Pen e a irrelevância do PS francês bastaram para demover o cinismo político em curso.

Em 2015, António Costa conseguiu dissolver o azeite na água, abastardando a tradição parlamentar, com os resultados que enfrentamos no presente.

E se, em 2023, Rui Rio, ou qualquer outro líder do PSD, seguir a mesma fórmula oportunista, então as consequências são imprevisíveis.

No início do século escolhemos o mal menor, sem entusiasmo e convicção, por falta de cidadania e porque o país não tinha nada de diferente para oferecer.

Em 2023, ou antes, se a fuga para Bruxelas de 2004 se repetir, a mesma falta de cidadania, a mesma opção sem futuro, pode obrigar a outras tantas décadas perdidas.

Se não mudarmos, se o país não mudar a tempo, voltaremos a enveredar por becos sem saída (cul-de-sac).