Em Março de 2013, cerca de um milhão e meio de portugueses saíram à rua para protestar contra a política de Passos Coelho.
Hoje, a pergunta impõe-se: acomodaram-se?
Uns, mais lúcidos, já emigraram.
Outros, sempre resilientes, ainda andam a discutir se a culpa é de Cristiano Ronaldo ou de Fernando Santos.
Por último, os mais resignados continuam a aguentar, levando a cruz, como lhes ensinaram em pequenos.
Nada desperta: nem as cheias, nem a pobreza, nem o envelhecimento, nem a ladroagem, nem a justiça para os ricos e outra para os pobres, nem mesmo serem tratados como gado pelo SNS.
A passadeira vermelha para antigos e actuais governantes, que dizem o que desdisseram antes, sem contraditório e censura, é o maior anestésico da cidadania.
Não admira que os portugueses não comprem jornais, depois de se contentarem com uma espécie de pacote de informação oferecida pelas televisões (julgam que é de borla!).
Neste país fustigado – a ver a bola, a engolir as mentirolas de Costa e a desvalorizar o branqueamento brutal de Marcelo –, falta energia para lutar por uma vida digna.
Afinal, «isto sempre foi assim!», dizem alguns, mas falta aquele milhão e meio de cidadãos para voltar a dizer que não pode continuar a ser assim.
Passados quase 10 anos, com a situação institucional, política, económica e social em degradação acelerada, onde estão elas e eles?
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