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domingo, 11 de dezembro de 2022

ONDE ESTÃO ELAS E ELES?


Em Março de 2013, cerca de um milhão e meio de portugueses saíram à rua para protestar contra a política de Passos Coelho.

Hoje, a pergunta impõe-se: acomodaram-se?

Uns, mais lúcidos, já emigraram.

Outros, sempre resilientes, ainda andam a discutir se a culpa é de Cristiano Ronaldo ou de Fernando Santos.

Por último, os mais resignados continuam a aguentar, levando a cruz, como lhes ensinaram em pequenos.

Nada desperta: nem as cheias, nem a pobreza, nem o envelhecimento, nem a ladroagem, nem a justiça para os ricos e outra para os pobres, nem mesmo serem tratados como gado pelo SNS.

A passadeira vermelha para antigos e actuais governantes, que dizem o que desdisseram antes, sem contraditório e censura, é o maior anestésico da cidadania.

Não admira que os portugueses não comprem jornais, depois de se contentarem com uma espécie de pacote de informação oferecida pelas televisões (julgam que é de borla!).

Neste país fustigado – a ver a bola, a engolir as mentirolas de Costa e a desvalorizar o branqueamento brutal de Marcelo –, falta energia para lutar por uma vida digna.

Afinal, «isto sempre foi assim!», dizem alguns, mas falta aquele milhão e meio de cidadãos para voltar a dizer que não pode continuar a ser assim.

Passados quase 10 anos, com a situação institucional, política, económica e social em degradação acelerada, onde estão elas e eles?

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

TEMPOS DE GRANDES MUDANÇAS


As crises, pelas mais diversas razões, obrigam a alterações de paradigma, uns radicais, violentos e insuportáveis, outros necessários e por vezes até úteis e bem-vindos.

Com o desaparecimento de Isabel II, e por mais esforços dos "jornalistas de Estado", o novo Rei Carlos III não vai escapar à crise institucional no Reino Unido, mais saco de dinheiro, menos saco de dinheiro, como já advinham as posições da Escócia e da Antiga e Barbuda.

Com a Guerra na Europa, o último truque de António Costa com as pensões revelou que nem com uma imprensa domesticada é possível fazer passar um truque do tamanho das promessas eleitorais desde 2015.

O afastamento de Boris Jonhson, que obteve, em 2019, a maior maioria absoluta do partido Conservador desde Margaret Thatcher, é disso um exemplo gritante.

Com a inflação a disparar, todos os receios são admissíveis e justificados.

A incerteza gerada pela pandemia é uma pequena amostra daquela que estamos a começar a viver agora por força de um status quo que tem os dias contados.

Internamente, o desvario governativo é transversal, desde a Saúde e a Justiça às Forças Armadas, isto sem esquecer o presidente que ainda é acalentado pelas sondagens por um povo que tarda em interiorizar o que se avizinha.

Externamente, o desenhar de um conflito à escala mundial, militar ou económico e financeiro, alterou todos os cenários e perspetivas.

A subida da extrema-direita na Europa, que acompanha a consolidação de movimentos radicais e anti-sistema, são uma fracção dos desafios dos próximos anos.

Com ou sem energia barata, com ou sem a vitória da Ucrânia, os tempos são de grandes mudanças.

Resta saber quanta dor e sofrimentos vão ser impostos aos povos, desde o Mundo civilizado aos mais pobres do Terceiro Mundo.

Insistir na pose de Estado, na ficção, em pactos de fachada e no adiamento de reformas com transparência e verdade é um sinal de pouca inteligência política.