Pedro Santana Lopes tem trabalhado e lutado para merecer uma segunda oportunidade.
Apesar de todo o empenho, genuíno ou ensaiado, há dois factores que são determinantes para explicar que ainda não conseguiu justificar essa segunda oportunidade.
Em primeiro lugar, porque o político não mudou nada.
Se alguns admitem que está mais maduro, talvez menos folclórico, mas sem resistir ao outro lado da força, a verdade é que em termos de pensamento, substância e acção continua a ser o mesmo dark precipitado de 2004, como comprova o seu envolvimento indesmentível na tentativa inacreditável da entrada da Santa Casa da Misericórdia no capital de um qualquer Banco falido, aliás, com a bênção politicamente desavergonhada de António Costa.
Em segundo lugar, porque os seus principais apoiantes e colaboradores, os visíveis e os invisíveis, continuam a ser os mesmos de sempre, desde os Pintos ao inefável Machete, excepção feita a Henrique Chaves que dele diz o que Maomé não ousou dizer do toucinho.
Pedro Santana Lopes podia ser mais, podia ter escolhido outro caminho.
Podia ter reconstruído um novo percurso pessoal, profissional e político, com mais nódoa ou menos nódoa de envolvimento do dinheiro dos pobres em aventuras financeiras, deixando a água correr sob as pontes para fazer diluir as trapalhadas, das verdadeiras às fabricadas por inimigos.
Mas, não, não conseguiu resistir ao ego e ao apelo do poder.
E lá avançou para a liderança do PSD face a uma alternativa, assumida por Rui Rio, em que se destacam inexplicavelmente alguns rostos do passado corrupto e parolo.
E esse é um mérito inegável, e não é pequeno, dar um passo em frente para tentar não deixar cair o PSD, outra vez, nas mãos de um par de senadores fora do tempo que fizeram muito mal ao partido e ao país.
Pedro Santana Lopes pode julgar, sempre jogar, que os militantes do PSD apostam na emoção do mal menor, mas não pode escapar ao raciocínio frio e implacável que domina o pragmatismo dos partidos políticos.
Porque, em teoria, é verdade que todos, e qualquer um, merecem sempre uma segunda oportunidade.
Mas também é verdade que é preciso muito mais do que merecer.
É preciso ser credível, convincente e criar as condições para conquistar uma nova oportunidade aos olhos dos outros, não à luz dos nossos próprios olhos ou da nossa entourage.
Na política, na vida real, a impressão que conta é sempre a primeira, sobretudo quando não se conseguiu ao longo dos anos mudar nem os métodos nem os compagnons de route, porque, afinal, é quase impossível mudar a própria natureza.
Aliás, por mais combativo que possa ser, e tem sido, Pedro Santana Lopes será sempre passado que perdeu estrondosamente.
Em síntese, e apesar de tudo o vento levar: entre Pedro Santana Lopes e Rui Rio, venha o PSD e escolha.