O pântano, o BPN, o BES, o BPP, o BANIF e até o Montepio não nos serviram de lição.
Em vez de mudar, continuámos a eleger os mesmos que estiveram – e estão! – na origem dos maiores roubos financeiros que já custaram milhares e milhares de milhões de euros aos cofres públicos.
Preferimos a falsa estabilidade, que favorece a corrupção e o nepotismo, desbaratando os meios para ter mais Saúde, mais Educação, mais Justiça, mais Economia.
Adiámos, como sempre, a ruptura que poderia ser regeneradora para mantemos o lodaçal de uma crise permanente, dominada pelos mesmos vícios e oportunismos, cujo desfecho já deixou há muito de ser imprevisível.
E António Costa tem o dislate político de ainda tentar a desvalorizar aquilo que está mesmo à frente dos nossos olhos.
E Marcelo Rebelo de Sousa lá continua a fazer de conta, ora recorrendo ao formalismo, ora promovendo mais e mais folclore.
O novo escândalo do Novo Banco, que envolve Luís Filipe Vieira, tem mais um protagonista – Vítor Fernandes – que foi escolhido para liderar a nova instituição financeira que será responsável pela canalização dos fundos da bazuca.
Apesar de todos os avisos, o primeiro-ministro, com a óbvia cumplicidade do presidente, ousaram nomear um “velho” conhecido da banca para meter a mão no balão de oxigénio (mais um) ofertado pela União Europeia.
As Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) são, como sempre foram, um dos mais importantes aliados da transparência.
Mesmo nos momentos, e foram muitos, em que alguns tentaram sabotar, interna ou externamente, a investigação dos parlamentares.
Não surpreende, portanto, que uns tantos outros tenham sempre desvalorizado um instrumento que permite rebentar os alçapões criados para esconder do povo aquilo que o povo deve saber.
Depois de tudo escarrapachado documentalmente, do espectáculo dos grandes devedores no Parlamento, o poder ao mais alto nível institucional voltou a "distrair-se" impunemente no silêncio dos bastidores.
Alimentam-nos o sonho de sermos os melhores no futebol, escondendo que apenas a Bulgária é mais pobre do que Portugal no seio da União Europeia.
Governação sem governo, presidência sem presidente, eis o balanço disto.
No momento de uma crise pandémica sem precedentes, Portugal corre para o abismo financeiro, económico e social.