Paulo Rangel é um forte candidato à liderança do PSD.
Não é uma cara nova da política, mas representa um discurso público frontal, competente e europeu.
Se vencer as directas do PSD, a tarefa que tem pela frente dentro do partido é tão pesada quanto a empreitada de chegar ao poder.
Desde os “barões” partidários das negociatas ao Estado gordo, corrupto e enxameado de boys, à custa de mais de cinco anos branqueamento presidencial, eis um desafio à altura do repto lançado pelo ainda eurodeputado.
Paulo Rangel já demonstrou que não é anjinho para cair na mais velha esparrela política, permitindo que a vacuidade e o capricho presidenciais lhe façam a “cama”.
De igual modo, também não parece capaz de cair na tentação medíocre de apanhar a boleia de mais uma qualquer cambalhota de Marcelo Rebelo de Sousa, agora empenhado em limpar um passado de cumplicidades com António Costa.
E, certamente, também não é político para engolir sucessivas derrotas e ficar à espera que o governo caia de podre.
Por último, a lucidez: a afirmação de que Chega é o maior aliado do PS.
O objectivo anunciado de retomar os debates quinzenais na Assembleia da República honra a necessidade imperiosa de um escrutínio sereno e implacável da governação.
O líder do maior partido da oposição não pode permanecer escondido, nem faltar ao espaço mediático.
O discurso de verdade, a exigência em relação ao presidente, a marcação ao primeiro-ministro e a criação de uma alternativa clara fazem parte do caminho longo e difícil a que Paulo Rangel se propõe.
Em Democracia, não há branqueamentos eternos, nem arrogâncias impunes, nem silêncios perdoáveis, nem medo da imprensa, nem vitórias impossíveis.