segunda-feira, 16 de março de 2020

COVID2019: FOLCLORE É IGUAL A MAIS MORTES


Há crises e crises, mas não há crises boas e crises más.

Nos momentos mais críticos, há quem insista na receita: acreditar e confiar no poder, porque sim, porque são eles que sabem!

No actual período excepcional, tal como aconteceu durante a Troika, é sempre salutar não perder a noção e a perspectiva da crítica das decisões do poder.

E é a hora do escrutínio implacável, agora, pela nossa Saúde!

Basta de papagaios, com boas intenções ou em competição populista desenfreada.

E também basta do discurso paternalista daqueles que julgam ser possível transformar a informação rigorosa em "x", quiçá para esconder a realidade e/ou a incompetência, em conferências de imprensa pouco úteis e credíveis.

E, por amor de Deus, chega de tiradas incompreensíveis para a generalidade dos cidadãos, designadamente aquela que pede aos portugueses para se afastarem das Urgências quando estão doentes.

Não!

Os portugueses têm o direito à Saúde!

E a Linha SNS24 tem de estar, com eficácia, à sua disposição.

E merecem saber a verdade, sobretudo no momento em que chegou a progressão exponencial da transmissão do COVID2019.

E também têm legitimidade para questionar as decisões hesitantes e tardias do poder, porventura para ganhar tempo e esconder um sistema de Saúde falido que vai deixando morrer os portugueses mais pobres e desvalidos.

Quantas camas preparadas existem?

Quantos ventiladores estão disponíveis?

Por que razão os profissionais de Saúde ainda não têm os instrumentos necessários para estarem a salvo da contaminação galopante?

Como foi possível que um surto epidémico na China tenha sido transformado numa pandemia com epicentro na Europa?

E mais: onde andam as autoridades para impedir que gestores e empresas rascas, entre outros miseráveis oportunistas do mercado, que se aproveitem da tragédia para praticar preços especulativos e escandalosos de bens que passaram a ser de primeira necessidade?

Não, nada disto é falso, subjectivo e radical, muito menos de Esquerda ou de Direita...

É o corolário da opinião expressa pelos profissionais de Saúde - que ainda têm coragem para dar a cara - num país em que aqueles que desafiam a verdade oficial arriscam pagar um elevado preço.

Por mais que alguns fanáticos estejam determinados a alimentar o folclore por razões meramente ideológicas e tácticas, a vida de cada um - a nossa e as deles - vale muito mais.

Não há uma única vida de um cidadão português que valha menos do que a vida do PR. 

Costa nunca o percebeu, porque o partido e o Estado são os seus mundos. 

Pode ser que cada um de nós, um dia, exija mais e de uma forma mais ruidosa do que a cantoria e as palmas de circunstância à janela.






segunda-feira, 9 de março de 2020

PS, COSTA E AS FANFARRONICES


A arrogância política está no ADN dos socialistas que sempre se comportaram como os donos da Democracia.

E a história do PS confunde-se com a de António Costa.

Desde que chegaram à liderança do Executivo, por via da maioria então formada no Parlamento, após as Legislativas de 4 de Outubro de 2015, ambos têm multiplicado as atitudes de sobranceria política.

Entre muitos exemplos basta apontar a comunicação governamental a propósito da epidemia (pandemia?) do coronavírus designado por Covid-19: não há problemas orçamentais, está tudo preparado, venham os infectados.

Num país com uma das maiores dívidas do mundo, com o SNS à beira do colapso, em que faltam médicos e enfermeiros por todo o lado, e com a trágica incapacidade de organização a que já estamos habituados, o impacte do Covid-19 parece uma brincadeira de crianças para o Governo liderado por António Costa.

De facto, este discurso não sossega ninguém.

A questão não é evitar o alarmismo sempre presente nestas circunstâncias, mas sim a habitual fanfarronice politicamente irresponsável.

Este padrão, que se tem repetido ao longo dos anos, também é verificável na governação no sentido lato.

Depois de uma vitória pequenina, nas últimas Legislativas de 6 de Outubro de 2019, António Costa entendeu que já não precisava de uma base de apoio político trabalhado e previamente formalizado.

Num gesto de saloiice política inimaginável, o primeiro-ministro acreditou que seria possível governar alternando o apoio parlamentar de que necessita à esquerda e à direita, subestimando claramente Catarina Martins, Jerónimo de Sousa e Rui Rio.

O resultado está à vista: «vamos governando!», como diz candidamente Siza Vieira, o advogado de negócios transformado no poderoso número dois do Executivo.

Com uma crise mundial de dimensões ainda não definidas, com a Europa a desfazer-se aos pedaços e com o horizonte internacional carregado, lá vamos andando... 

Até quando? 

Até ao próximo flick-flack de Costa. 

Mas será que ainda vai a tempo de não hipotecar o futuro do país?


segunda-feira, 2 de março de 2020

JUÍZES: RUIU O ÚLTIMO MITO DA DEMOCRACIA


Quantos casos existem de viciação na distribuição de processos por esses tribunais fora?

E, a comprovarem-se estes crimes, quantos processos vão rebentar nas mãos do sistema judicial?

O mito da incorruptibilidade dos juízes ruiu com estrondo.

Depois de Rangel e Galante porventura vamos assistir a um rosário penoso de outros juízes a braços com a Justiça.

Esta enorme pedrada no charco do que resta do regime democrático tem de ter consequências disciplinares para os prevaricadores, mas também tem obrigatoriamente de haver uma leitura política.

Se no primeiro caso ninguém dúvida que desde já se vai sentir a mão pesada do Ministério Público, no segundo tudo indica que o Governo vai tentar varrer o caso para debaixo do tapete, a avaliar pela primeira reacção pífia de Francisca Van Dunem.

Mas a nódoa continuará a pairar no espírito dos portugueses, minando a Justiça de alto a baixo.

Por isso é necessário começar desde já a debater as famosas comissões de serviço em que os magistrados saltitam entre os tribunais e a política, sem esquecer outros cargos no mundo do desporto, deixando um rasto de favores e cumplicidades que em nada abonam a credibilidade.

À Justiça o que é da Justiça, à política o que é da política, lembrava, e muito bem, António Costa.

Eis uma oportunidade para impulsionar e reforçar na prática esta necessária separação de poderes fundamental para a transparência do regime democrático.

E, certamente, não faltará ao primeiro-ministro apoio no Parlamento, nem na Esquerda nem na Direita.

Entre os magistrados também não faltará quem esteja disponível para abraçar esta reforma, pois a esmagadora maioria fez, faz e fará o seu trabalho nos tribunais com dignidade e competência.

Travar a aproximação pegajosa entre a esfera judicial e a política, dois mundos que devem estar claramente separados, é uma reforma essencial para começar a regeneração da Justiça em Portugal.

Quanto a Marcelo Rebelo de Sousa nada a esperar, a não ser saber qual a direcção dos ventos...

É que a campanha eleitoral para as presidenciais em 2021 já está em curso há muitos e muitos meses.





segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

NO PAÍS DE MARCELO... SILÊNCIO!


Num espaço de uma semana, o país acordou estatelado na lama.

Em primeiro lugar, depois da polémica com as ordens hierárquicas secretas no Ministério Público, os juízes passaram para a berlinda pelas piores razões: suspeitas de viciação da distribuição de processos e corrupção.

Num ápice, a grande maioria dos cidadãos levou um murro no estômago.

E num curto espaço de dias, os portugueses não foram poupados.

Uma jornalista revela que o actual primeiro-ministro há sete anos, enquanto ministro, exigiu a sua cabeça a uma administração...

Dois nomes nada recomendados são indicados publicamente para o Tribunal Constitucional.

Um ministro exige a alteração de uma Lei para fazer vingar um projecto polémico.

E, qual cereja em cima do bolo, depois de todas as promessas de combate à corrupção, a tardia transposição da quinta directiva europeia de combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo passou com uma normalidade assombrosa, sem qualquer explicação política.

Depois de tudo o que já havíamos visto, esta sucessão de notícias dignas de uma qualquer república de bananas impressiona até o mais céptico.

Face a todo este lixo, comprovando que o normal e regular funcionamento das instituições está comprometido, o presidente da República remete-se ao silêncio.

E porquê?

Porque no país de Marcelo, institucionalista, manso e hipócrita, é sempre assim.

E depois?

Nada!

É caso para perguntar: Para que serviu a tal proximidade? E as selfies?

A resposta é óbvia: Para melhor poder manter o status quo, qual bailete permanentemente reinventado.

O silêncio pode ser uma arma temível. 

Mas também pode ser, quando mal usado, uma arma de destruição maciça da democracia. 

Se é este o país que queremos, então só nos resta acompanhar o silêncio podre.

Se queremos mudar... É tempo de falar, de criticar, de exigir.

Até 2021!