segunda-feira, 28 de novembro de 2022

RONALDO DAQUI A 50 ANOS


A carreira brilhante de Cristiano Ronaldo não pode servir apenas para merecidos títulos, recordes, carros, diamantes e tratamentos capilares: também exige responsabilidade social.

Um ídolo planetário não pode continuar calado face à realidade feudal, à discriminação, ao financiamento do terrorismo e à corrupção.

Ou será que o objectivo de Ronaldo é ser elogiado por uma das organizações mais corruptas do Mundo e ter a perspectiva de mais um contrato das arábias?

Deve ter sido com um enorme sorriso que as autoridades do Catar ouviram Marcelo Rebelo de Sousa afirmar que os Direitos Humanos são respeitados em Portugal.

Os cataris conhecem bem o sol, o mar e as praias do Alentejo, bem como as “regras” para os trabalhadores imigrantes, entre outras atrocidades.

Até ao final do Mundial do Catar, Ronaldo ainda pode fazer a diferença em relação aos seus companheiros e à federação de futebol de todos os interesses.

Restam poucos dias para Ronaldo ainda poder erguer a voz para defender aqueles, como ele, castigados à nascença pela injustiça e pobreza.

Para artistas já nos basta a “casta” que viaja sob a falácia de apoiar a selecção.

A história de Ronaldo não pode ficar dentro do pacote dos cínicos, de Carlos Queirós, Fernando Santos e Paulo Bento ao empresário Jorge Mendes, entre outros.

Hoje, é uma enorme surpresa e desilusão, daqui a 50 anos ninguém esquecerá o silêncio cúmplice de Cristiano Ronaldo.

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

BOLA A ROLAR


Depois de mais uma boutade que envergonha, agora sobre os Direitos Humanos, Marcelo Rebelo de Sousa é cada vez menos a protecção que António Costa precisa.

Um presidente fragilizado, porque a evidência desmente o branqueamento militante e brutal, não serve.

Em termos de senso comum, o incrível telefonema do primeiro-ministro ao governador do Banco de Portugal apenas confirma a falta de separação de poderes.

António Costa em versão autoritária também não serve ao presidente, porque deixa à mostra a sua reinante mediocridade folclórica.

A tal “operação da direita”, nova versão da cabala política, que justificou o anúncio de um processo judicial (cível?) contra Carlos Costa, é apenas a velha estratégia de ameaça às liberdades.

Por um lado, acalma internamente as vozes indignadas; por outro, muito mais importante, limita os estragos na imagem de quem desespera por um cargo europeu.

A realidade impossível de esconder – mortes por falta de assistência médica, pobreza crescente e mais e mais sem-abrigo – são uma ameaça real.

Não admira que a “dupla” se agarre com unhas e dentes à selecção e ao futebol, testando os limites de vergonha alheia dos cidadãos informados.

Ainda que a bola a rolar seja quase mágica, os portugueses não esquecem, e dão sinais que não toleram a governação de anúncios falsos e a actuação presidencial politicamente desastrada.

O balanço não é animador: em vez da acção e da credibilidade essenciais para fazer face à crise excepcional, os órgãos de soberania afundam em espertezas e descrédito.

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

A GUERRA NUNCA SERÁ ALTERNATIVA



As imagens da libertação de Kherson já fazem parte da memória colectiva em todo o Mundo.

Tal e qual como o relato do massacre de Babi Yar, em Kyiv, o maior extermínio cometido na II Grande Guerra, realizado entre 29 e 30 de Setembro de 1941.

A vitória da civilização, que venceu a prepotência e a barbárie, é o património comum que importa mais do que a derrota do ditador Vladimir Putin.

Jerónimo de Sousa não percebeu de que lado está liberdade.

Nem ele, nem o seu sucessor, Paulo Raimundo, ainda que exista no PCP uma minoria que rejeita, em surdina, o recurso à força para impor uma solução.

Se a agressão e a invasão da Ucrânia visavam a defesa de um qualquer projecto ideológico, então é caso para dizer que a substituição do modelo das democracias ocidentais recuou um século.

O assassino russo faz parte do passado de todos dos horrores, pelo que o isolamento da Rússia vai determinar um novo ciclo.

A guerra no século XXI, como bem sublinhou António Guterres, é um absurdo, nunca será opção, nunca será alternativa.

O arsenal militar, designadamente as armas nucleares, não foi suficiente para aterrorizar os cidadãos ucranianos.

Será que Xi Jinping já percebeu a mensagem?











segunda-feira, 7 de novembro de 2022

CALDINHO DE GALINHA, À CHINESA


Miguel Alves, secretário de Estado Adjunto, era capaz de servir de inspiração para o guião de um filme de um qualquer país do Terceiro Mundo.

Não pode almejar ser o protagonista, pois António Costa preenche indiscutivelmente os requisitos necessários para ser o cabeça-de-cartaz.

A indecência republicana não é nova, aliás tem sido sempre assim com o PS em maioria absoluta.

Não é de admirar, pois o desprezo que o primeiro-ministro tem revelado pelos cidadãos é bem patente nos serviços públicos prestados em Portugal.

Novidade é mesmo o desapego em saber o essencial: por que razão António Costa, apesar de saber, ou dever saber, a situação de Miguel Alves, arrisca a credibilidade democrática que lhe resta?

Em primeiro lugar, porque julga-se o novo DDT; em segundo, porque os seus truques e ficções têm resultado; e, por último, porque sabe qual é a capacidade de escrutínio da imprensa.

Os jornalistas têm medo de fazer perguntas que realmente incomodam o primeiro-ministro, pois sabem que tal pode resultar em dias mais difíceis.

Uma entrevista, tipo caldinho de galinha, à chinesa, pode garantir uma vida bem mais calma e compensadora.

Os tempos são assim, entre arbítrios, graçolas, ostentações, vaidades e vassalagens amplamente cobertas pelos holofotes mediáticos sem qualquer critério editorial.

O presidente não perdoa falhas na execução do PRR, mas tolera mais sem-abrigo, mais mortes por falta de assistência médica, mais atrasos no processo de reforma, mais e mais Odemira e até um governo com um notável arguido.

Os tempos excepcionais de crise são um perigoso rastilho que pode incendiar com este tipo de condutas politicamente patéticas.

A receita de gritar aos sete ventos que a Democracia está em perigo, para esconder a podridão do regime e ganhar eleições, não é eterna.