domingo, 11 de setembro de 2011
domingo, 4 de setembro de 2011
Circo de impunidades
As hesitações de Pedro Passos Coelho em demitir as chefias das secretas estão a gerar um sentimento de insegurança na sociedade e a fomentar um clima pantanoso na comunidade das informações. Das duas uma: ou o primeiro-ministro não está à altura de tomar decisões da maior urgência, ou então está a seguir um caminho pouco transparente e politicamente perigoso.
sábado, 27 de agosto de 2011
O melhor lado da crise
Manuela Ferreira Leite perdeu as legislativas, em 2009, depois de uma campanha eleitoral em que ficou célebre uma polémica declaração: "E até não sei se a certa altura não seria bom haver seis meses sem democracia. Mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia." Para muitos, foi um lapso de comunicação; para outros, a expressão foi uma crítica certeira às pseudo-reformas então em curso na justiça, à custa do ataque gratuito aos juízes.
sábado, 20 de agosto de 2011
Fazer de morto
A falta de frontalidade, a incapacidade de decisão e o medo do risco validam alguns dos melhores aforismos que caracterizam a sociedade portuguesa. A velha atitude de "fazer de morto" para escapar aos problemas é bem patente no dia-a-dia, desde a cúpula do Estado ao cidadão anónimo, quer por carreirismo, quer por sobrevivência. Esta prática generalizada de silêncio, omissão e indiferença tem consolidado uma aversão endógena a qualquer mudança.
domingo, 14 de agosto de 2011
sábado, 6 de agosto de 2011
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Secretas: Desonestidade tem limites
O debate político sobre os Serviços de Informações continua a ser pautado pela tradicional promiscuidade, indigência e desonestidade intelectual.
Um coro de protestos tem sido audível a propósito da transferência de um espião para uma empresa privada: a Ongoing.
É uma crítica tardia, mas certeira.
Mas, já agora, onde estavam estes críticos quando o ex-primeiro-ministro, José Sócrates, transformou um espião no seu principal assessor político?
Ou melhor, se um alto quadro do governo pode passar para o topo da gestão de uma empresa pública ou privada, e vice-versa, por que razão um espião não pode passar para a consultadoria empresarial pública e privada, quiçá, e vice-versa?
Afinal, a existir critério, então estamos a falar de altos quadros com acesso a informação classificada que circulam por onde querem sem qualquer regra de prudência instituída.
Não terá chegado a hora de acabar com esta farsa?
A trapalhada que ficou conhecida como o "caso Bairrão" é a consequência do caos em que os serviços vivem há demasiado tempo.
Infelizmente, a forma como o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, reagiu às notícias é mais do mesmo.
Não basta anunciar inquéritos. É preciso fazer mais. É urgente cortar com os lobbies que sustentam este modelo de Serviços de Informações porque eventualmente lhes garantem impunidades e/ou privilégios injustificados.
Os Serviços de Informações não podem funcionar à solta pelo simples facto de que o Segredo de Estado garante uma total impunidade, nem tão pouco podem sustentar a sua utilidade com os préstimos a este ou aquele governo, a esta ou aquela empresa, em detrimento dos interesses colectivos e de Estado.
Pedro Passos Coelho tem de libertar-se dos lobbies que defendem o actual modelo, promovendo uma reforma das secretas no sentido de uma profissionalização urgente, em que a regra do segredo não sacrifique a fiscalização e a transparência.
Resta saber se tem competência para a fazer, liberdade para a levar a cabo e vontade para a concluir no espaço de uma legislatura.
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Crónicas Modernas Série III Número 89
quarta-feira, 6 de julho de 2011
EUA: O aliado que tem dias
O murro no estômago do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, provocado pelo corte do rating da República, levantou um coro de protestos de toda a ordem, uns mais patrioteiros do que outros, mas sempre num uníssono tom de orgulho ferido.
Como se não bastasse a humilhação, a Moody's ainda teve o atrevimento de clarificar que a decisão de atirar o país para o nível do lixo já tinha levado em linha de conta as últimas medidas draconianas, o que só veio enfurecer ainda mais a super estrutura nacional.
Esvaziada a fúria, com uma pitada de emoção q.b., a análise da triste realidade portuguesa passou a ser feita através do prisma da guerra em curso entre o dólar e o euro.
Assim, não faltaram vozes autorizadas a clamar por uma reacção firme da União Europeia contra o tão despropositado ataque norte-americano.
Encurralados no meio desta guerra global, muito por culpa da própria governação, parece não haver trunfos que valham para inverter o actual curso dos acontecimentos: nem o poderoso Durão Barroso, nem a tão estratégica aliança com a super potência do outro lado do Atlântico parecem servir para amainar ventos tão desfavoráveis.
Até a cotação da momentânea cegueira do Estado português em relação aos aviões da CIA, carregados de sequestrados para Guantánamo, parece ter sido atirada para o lixo, qual crédito mal parado em tempos de crise.
Como avisa o adágio, quem se coloca permanentemente de joelhos, só tem o que merece.
domingo, 3 de julho de 2011
Nacional-Choraminguice
Depois da ameaça dos estrangeiros tomarem conta das estações de televisão, o que veio a acontecer, parcialmente, mesmo depois de uma chuva de benesses atribuídas no tempo do guterrismo, os dois principais "patrões" da comunicação social puxaram pelos galões para voltar a pedintar um proteccionismo injustificado.
Não é novidade. Foi sempre assim, desde 1992.
Nos momentos de reforço da concorrência no negócio das televisões, a escassez da publicidade foi sempre um argumento esgrimido com total desfaçatez.
A choraminguice dos patrões da SIC e da TVI, a propósito da privatização da RTP, representa o triste panorama do empreendedorismo português.
Ou seja, sempre com o risco na boca, mas com o Estado no bolso.
Agora, a única diferença é a alteração da estratégia da ameaça.
Paes do Amaral e Pinto Balsemão invocaram eventuais riscos para a sustentabilidade dos jornais e das rádios para pressionar o governo a adiar o inevitável: a privatização da RTP.
Ainda que tal desvelo e desassossego possam ser justificados pelas respectivas almas de jornalistas, a verdade é que ambos não se atreveram a invocar igual perigo para o futuro das estações de televisão que dominam.
Seria de mais, sobretudo para os accionistas de ambos os grupos.
Num país em que as empresas estão a encerrar a um ritmo vertiginoso ainda há quem tenha o descaramento de vir a público pedinchar prerrogativas especiais.
E as outras empresas, que estão sujeitas a uma concorrência feroz?
E os novos desempregados, que perderam os respectivos postos de trabalho por causa da actual crise de mercado e da selvagem política de preços?
A Nacional-Choraminguice dos "patrões" da comunicação social é um péssimo exemplo, que não pode ser premiado pelo governo de Portugal que prometeu a mudança.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Álvaro: nova esperança da Economia
A concentração de diversas áreas ligadas à Economia num só Ministério é a maior revelação da orgânica do XIX governo constitucional.
Desde logo, o novo super ministro vem de longe, do Canadá, pelo que a falta de ligações e de proximidades perigosas é desde logo uma vantagem para quem vai tutelar alguns dos sectores mais lobbistas de Portugal, como por exemplo as Obras públicas e o Turismo.
Outra das vantagens, à partida, é a ausência de um histórico quezilento entre o governante e os sindicatos e os restantes parceiros sociais, favorecendo a aposta estratégica de colocar o crescimento económico ao serviço da criação de mais postos de trabalho.
Álvaro Santos Pereira, ministro da Economia e do Emprego, é uma das mais arrojadas apostas de Pedro Passos Coelho, seguramente a mais arriscada, felizmente!
É a mais perigosa pela simples razão de que tudo indica que vai tentar cortar a eito com hábitos passados que explicam, em grande parte, a tradicional falta de concorrência e o crescimento atrofiado.
Não é preciso ser adivinho para prognosticar que o novo super ministro será, seguramente, um dos mais atacados pelo que vai tentar mudar e pelo que vai ousar tentar fazer diferente.
Na ausência de matéria substantiva, as primeiras alfinetadas já foram disparadas a propósito de uma informalidade que, aliás, é muito bem vinda e necessária.
Seguramente, não é preciso alertar o novo super ministro que, em Portugal, infelizmente não chega a competência, a seriedade e um novo estilo desempoeirado, tanto mais que há exemplos passados, designadamente o de Daniel Bessa que, na mesma pasta, durou meia dúzia de meses no primeiro governo de António Guterres.
Força, Álvaro!
terça-feira, 21 de junho de 2011
Governar e escrutinar
As palavras do primeiro-ministro, no discurso de tomada de posse do XIX governo constitucional, consumaram a ruptura clara e inequívoca com o passado.
Pedro Passos Coelho assumiu que sabe o que quer e para onde vai: Mais confiança, mais solidariedade, mais justiça e mais transparência, com menos Estado. Ou seja, menos esbanjamento, menos tráfico de influências, menos corrupção e menos endividamento, com mais sociedade civil.
Chegou a hora do governo começar a governar. E também chegou a hora das instituições de controlo escrutinarem.
Aliás, o inimaginável só aconteceu pelo falhanço de quem tinha a responsabilidade de agir e não agiu, de quem tinha o dever de alertar e não alertou, de quem tinha a obrigação de criticar e preferiu o silêncio dos inocentes, como lhe chamou Martin Luther King.
No quadro do escrutínio da governação, a comunicação social tem de assumir, novamente, uma atitude credível, com liberdade, isenção e independência do poder político e dos negócios, para poder informar com rigor e responsabilidade.
Não há transparência sem liberdade de imprensa.
quinta-feira, 16 de junho de 2011
RTP: Privatização já
Elogiei, e continuo a elogiar, que Pedro Passos Coelho considere que a privatização da RTP é uma prioridade, no respeito de uma promessa eleitoral firme e inequívoca.
Passando em revista os últimos anos, basta ser um consumidor da informação e da programação da RTP para perceber que para alcançar o modelo da BBC, por exemplo, a democracia portuguesa precisa de um amadurecimento que ainda vai demorar muitos e longos anos.
E se não é possível ter um serviço público credível e isento, então é preciso colocar um ponto final no saque aos contribuintes, de milhares de milhões de euros, que serviram, essencialmente, para manter uma informação com dono e um depósito de boys.
Chegou a hora de assumir que esta espécie de jornalismo sempre disponível para alimentar o vício de sucessivos governos, em ter à sua disposição um canal de televisão, ou mais do que um, para servir de passadeira vermelha aos seus caprichos e à sua propaganda, não serve a quem o paga.
Assim, e não estando em risco o pluralismo informativo, a necessidade de contenção orçamental é mais importante do que a manutenção do faz-de-conta que é um serviço público.
Salvo raras excepções, da responsabilidade de jornalistas com seriedade e qualidade acima da média, a RTP foi sempre um símbolo poderoso do pior do país, antes e depois do 25 de Abril, pelo que a privatização é um corte urgente e inevitável com o passado.
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