segunda-feira, 17 de abril de 2023

UMA RECEITA GASTA E VELHA

 

A cidadania vergada ao poder, cada vez mais venal e corrupto, resulta numa ineficiência que está amplamente documentada.

O mais grave é que tal continua, em ritmo crescente, minando a auto-estima dos cidadãos, forçando-os a terem de ser acéfalos e obedientes para poderem almejar sobreviverem.

O problema é transversal, da governação à gestão das empresas públicas, da saúde à justiça, à educação e à segurança, da cultura aos órgãos de comunicação social.

É o cancro que impede o progresso, ocultado à custa da exibição infame do crescimento de 1% nas últimas décadas.

A audição parlamentar do “chairman” da TAP, Manuel Beja, para só destacar o último exemplo, é paradigmático da subserviência manhosa que vira protesto.

Para colmatar este "buraco negro", recheado de autoritarismo e cobardia, a receita tem sido a propaganda, a mentira, a opacidade, a perseguição e até a exaltação nacional.

À boleia de Cristiano Ronaldo, antes era Eusébio, o poder aposta tudo nos grandes projectos e eventos, nas condecorações, nas paradas militares e nas comemorações solenes.

O Estado de "excitação" não faz esquecer a pobreza, a imigração, as mortes à porta dos hospitais, o atavismo judicial, a balbúrdia nas escolas e a insegurança urbana.

Aliás, os valores civilizacionais e democráticos não se compram nem se vendem, porque não há dinheiro nem interesses e relações de Estado que justifiquem o branqueamento da guerra, de ditadores e de ladrões.

A cada dia que passa, os portugueses pagam o preço da escolha de quem está mais interessado no poder, e em servir-se dele, do que em preparar o futuro.

Os mais de 157 mil milhões de euros de apoios europeus, recebidos desde 1986, sem contar com os empréstimos para evitar as bancarrotas, não foram suficientes para a mudança.

A caminho do 25 de Abril, se a fórmula do salazarismo e do marcelismo é agora renovada, para iludir a realidade, o certo é que nem daqui a mais 50 anos o conseguirá.

A História julgará esta gente eleita, incompetente e sem escrúpulos, capaz de tentar impor uma receita gasta e velha.





segunda-feira, 10 de abril de 2023

BODY CAM PARA COSTA E MARCELO


Poucos foram aqueles que anteciparam uma tal crise institucional e política.

Foram semanas, meses, anos, a tentar alertar para o descaramento institucional e a propaganda para ocultar a realidade.

Agora, se os milhares de milhões de euros enterrados na TAP despertarem os portugueses para os abusos, então não foi dinheiro inteiramente desperdiçado.

Nunca foi tão clara a governação falhada e o arbítrio na gestão pública.

Aliás, já ninguém tem dúvidas sobre a política de austeridade disfarçada com anúncios e promessas, nem sobre os números orçamentais à custa do sofrimento dos cidadãos.

Face a esta situação pantanosa, e após a óbvia crise do regular funcionamento das instituições, em curso, o que podem esperar os portugueses?

Em primeiro lugar, a radicalização de António Costa, inebriado pelos seus truques e por um poder absoluto que lhe começa a escapar entre os dedos.

Em segundo, a irrelevância de Marcelo Rebelo de Sousa, o «maior aliado do governo» cativo do folclore e do branqueamento próprios.

A pandemia e a Guerra na Europa apenas aceleraram a visibilidade do lixo varrido sistematicamente para debaixo do tapete.

Com o braço-de-ferro encenado, em que não faltam a comunicação incompetente e delirante, bem como caricatas zangas e reconciliações, o país continua à deriva.

A paz podre institucional é um risco ainda maior do que o já mais que certo incumprimento dos prazos do PRR.

Refém da dissolução precipitada de 5 de Dezembro de 2021, surpreendido pela maioria absoluta do PS, Marcelo Rebelo de Sousa está condenado a esbracejar e a continuar a sorrir.

Com estes dois protagonistas, orgulhosamente sem papéis, mas com comprovados abusos e violências sobre os cidadãos, só com uma body cam seria possível prevenir mais desmandos.