segunda-feira, 4 de setembro de 2023

A TEIA DE COSTA E DE MARCELO


O povo já se ri quando o primeiro-ministro aparece a prometer o que quer que seja, da mesma forma que encolhe os ombros quando o presidente surge com mais um acto do teatro dos afectos.

O caos na Saúde, Educação, Justiça, Habitação, Segurança, etc, rebentou com a comunicação mentirosa, para não lhe chamar politicamente criminosa, em parte difundida com a cumplicidade da imprensa (amiga ou avençada).

A próxima rentrée do PS vai aferir se António Costa mantém a vertigem ou se arrepia caminho.

Entretanto, Marcelo Rebelo de Sousa fala de proximidade, quando se afasta dos sem-abrigo, de quem desespera para manter e/ou ter uma casa, de quem desanima com o SNS, os tribunais e as escolas, de quem sofre com a violência urbana.

Os truques de António Costa estão condenados ao insucesso, tal e qual como a falsa proximidade de Marcelo Rebelo de Sousa já não convence.

Ambos acabam por se vítimas das suas próprias farsas e mentiras políticas, e pela sua obsessão pelo poder.

O resultado está à vista.

O epitáfio é de Luís Montenegro: «Estes 8 anos, valeram a pena? Qual a evolução de Portugal? Os salários subiram? Não. Os problemas sociais estão ultrapassados? Não. Os jovens têm esperança? Não. Os serviços públicos estão a funcionar melhor? Não».

Eis o tempo em que António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa se engalfinham publicamente, numa guerra absurda de egos, tudo para alijar responsabilidades.

Nem um nem o outro dão sinal de terem apreendido a teia que foram tecendo e em que estão aprisionados.

Até ao próximo truque de proximidade.



segunda-feira, 28 de agosto de 2023

SEM PRINCÍPIOS NEM RUMO



No espaço de dias, o país assistiu às profissões de fé no direito internacional e nos valores democráticos a propósito da Ucrânia.

Marcelo Rebelo de Sousa levou a alegria do seu melhor folclore popularucho e inconsequente até Volodymyr Zelensky, consubstanciado na condecoração falhada.

Passado um dia, o presidente, sempre sorridente, ao lado de António Costa, mais sóbrio, posou ao lado de ditadores e assassinos, de mãos dadas, no âmbito da Cimeira da CPLP que se realizou em São Tomé.

É caso para perguntar: os titulares dos órgãos de soberania não têm uma palavra sobre o que se continua a passar nos países que abraçam, especialmente na Guiné-Bissau e na Guiné Equatorial?

Além do autoritarismo encoberto, esta não admissão dos erros revela o narcisismo dos titulares de altos cargos públicos.

O mais grave é que a falta de escrutínio, tanto da comunicação social como dos movimentos de cidadania, permitem que ambos escapem politicamente impunes, enquanto se engalfinham constantemente para saber quem manda mais.

A vigarice política não é de agora, já vem desde o tempo da limpeza das trafulhices de altas personalidades angolanas, entre outras.

Aliás, é esta atitude de abandalhamento institucional que também consentiu os abraços a Lula da Silva, mesmo depois das críticas infames ao secretário-geral da ONU, António Guterres.

À boleia do interesse nacional, o deles, pois certamente não é o nosso, o mais grotesco é que ambos acreditam que os portugueses não percebem o calibre da desfaçatez política dos representantes que elegeram.

À mercê da parola e balofa euforia das cimeiras e dos grandes eventos e projectos, que lá vão alimentando os egos, as clientelas e a corrupção, Portugal sem princípios nem rumo é um mau exemplo para a sociedade.

Assim, não somos, nem nunca seremos, respeitados por ninguém, nem por comunidades, nem por países, nem por cidadãos.

Pela primeira vez, desde o 25 de Abril, os titulares dos órgãos de soberania são ocupados por políticos que convivem alegre e irresponsavelmente com esta vertigem politicamente fraudulenta e democraticamente intolerável.