O reconfirmado líder do PSD deve a vitória, ainda que à tangente, ao conhecimento ímpar dos militantes do partido em que milita desde os 18 anos.
Seguramente, não é por acaso que, no discurso de vitória, Rui Rio escolheu brindar os seus adversários com uma pérola: «Aqueles que são os dirigentes do partido, nas distritais e nas concelhias, têm de se ligar mais aos militantes».
Ora, o que deu a vitória a Rui Rio não foi a revolta das bases, mas o tradicional instinto de sobrevivência de quem pertence a um partido habituado a estar sentado à mesa do poder.
A escolha era linear: de um lado, ganhando ou perdendo nas eleições de 30 de Janeiro, a garantia de poder alavancar as benesses do poder; do outro, o abismo de uma travessia do deserto, face à enorme probabilidade do PSD não alcançar uma maioria absoluta.
Paulo Rangel e os seus estrategas de gabinete subestimaram os interesses mais prosaicos da militância partidária.
Rui Rio, mais básico, limitou-se a explorar a natureza partidária, com a aposta no discurso do desprendimento e do camuflado, confundindo a teimosia com a densidade da convicção.
Com o presidente e o primeiro-ministro desgastados e desacreditados, o apodrecimento da crise fez o resto.
Contra tudo e todos, sem esquecer Marcelo Rebelo de Sousa, Aníbal Cavaco Silva e a maioria da imprensa, Rui Rio ganhou precisamente pela razão mais mesquinha em política: o tachismo.
O estilo desafiador de Paulo Rangel, aliás na linha mais radical do “passismo”, ainda não colhe no país de Rui Rio, em que a “vidinha” mais ordena.
Para já, o PSD ficou a ganhar, ainda que dividido ao meio pelo estilo na oposição.
É um recado de monta para o líder.
Ponto final, parágrafo.
Vamos mudar de capítulo?
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