A vertiginosa aceleração de acontecimentos extremos tem colocado os regimes democráticos à beira de um ataque de nervos.
Dos rosários das trafulhices de Biden e de Trump até à morte de Alexei Navalny tudo tem servido para alimentar um desnorte nunca visto.
A ameaça de “consequências devastadoras” para a Rússia, prometidas por Joe Biden, a 16 de Junho de 2021, esvaziou-se no preciso momento em que foi conhecida a morte do opositor a Vladimir Putin.
Entretanto, os europeus assistem, entretidos com grandes e eloquentes profissões de fé.
Entre proclamações e ovações ocas nada mudou, nem mesmo os candidatos à presidência dos Estados Unidos da América, ficando por saber o que poderá acontecer no caso de igual desfecho para Julian Assange.
Na política caseira, o acto eleitoral de 10 de Março tem igualmente colocado a nu a vertigem da reciclagem de receitas e clichés que já provaram a sua ineficácia.
Como se o caricato não fosse visível, os protagonistas enredam-se em múltiplas acusações, antecipando a repetição dos últimos oito anos de propaganda, de truques e de mentiras.
A bagunça é de tal monta que até magistrados se envolvem na praça pública com acusações mútuas, deixando um rasto de suspeições tão graves quanto os crimes que têm de investigar e julgar.
O desvario é universal, faltam referências, o escrutínio de instituições credíveis e até a análise e o comentário independente e idóneo.
Resta a emoção, em alta (in)definição, garantida por um entretenimento revisteiro que tenta emprestar dignidade a quem hesita em estar do lado certo da vida para enfrentar a realidade do dia-a-dia.
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