segunda-feira, 29 de setembro de 2025

QUANDO AS ARMAS NÃO INTIMIDAM


A “Frota da Liberdade” está a chegar, já está a menos de 300 milhas das águas palestinianas.

Mais de 50 barcos, com cerca de 250 a 300 toneladas de ajuda humanitária (alimentos, remédios, próteses infantis e kits de dessalinização de água), constituem o maior desafio à cumplicidade e silêncio da comunidade internacional face ao genocídio em Gaza.

São 532 (activistas, parlamentares, médicos, jornalistas e outros voluntários de mais de 44 países de 6 continentes), a bordo das embarcações.

A menos de 1 a 2 dias de quebrar o bloqueio a Gaza, que dura há mais de 18 anos, a ONU e os especialistas em direitos humanos exigem passagem segura, com base no direito internacional e nas decisões da Corte Internacional de Justiça.

Os criminosos que ameaçam a civilização sabem que o planeta está a seguir em direto (globalsumudflotilla.org) às últimas horas antes dos barcos desarmados chegarem a Gaza.

A ajuda humanitária é uma inequívoca prioridade, quando a cidadania fala mais alto, quando as armas não intimidam.

Chegou a hora da verdade para Donald Trump, Benjamin Netanhyau e demais facínoras que têm de ser responsabilizados no sítio certo: nas urnas dos votos e nos tribunais internacionais.

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

PALESTINA: DECISÃO HISTÓRICA


A escravatura e o colonialismo fazem parte do passado.

Haiti (XVIII), Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela (XIX), e África do Sul, Angola, Argélia, Gana, Índia, Indonésia e Vietnam (XX), entre outros, resultaram de lutas pela autodeterminação protagonizadas por movimentos independentistas.

A subjugação de povos, pela força e ocupação territorial, não pode fazer parte do século XXI.

A decisão histórica de mais 10 países terem reconhecido a Palestina, agora são 151, 80% dos Estados membros da ONU, é um inevitável passo em frente, ainda que tardio.

A guerra entre israelitas e palestinianos deixou de ter qualquer racionalidade, desde os Acordos de Oslo (1993 e 1995), que marcou o reconhecimento mútuo.

O arrastamento do conflito, durante mais de 77 anos, apenas serviu os interesses dos extremistas e assassinos de ambos os lados.

O futuro do Estado da Palestina terá de ser decidido pelos palestinianos.

Nenhuma potência, beligerante e ocupante, tem o direito de condicionar essa escolha, muito menos impor os seus termos.

Por mais barbárie, por mais mortes inocentes, por mais força e armas, não é possível liquidar uma ideia nem uma causa justa.

O isolamento dos Estados Unidos da América e de Israel é brutal.

Donald Trump e Benjamin Netanyahu não o percebem, porque ambos representam um passado sanguinário e decadente.

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

CICLO DE VIOLÊNCIA INFERNAL



Os números impressionam: 2,7 milhões de milhões de dólares foram gastos em armas em 2024, segundo dados oficiais da ONU.

A receita para distrair os cidadãos em relação a estes dados horrendos tem sido, é e continua a ser criativa, mas sempre mentirosa, como comprova a tentativa sistemática de reescrever o conflito entre israelitas e palestinianos.

Face ao ciclo de violência infernal, António Guterres teve a coragem de o afirmar no Conselho de Segurança da ONU, a 24 de Outubro de 2023: «A guerra não começou a 7 de Outubro de 2023».

A reacção furiosa de Israel não intimidou Francesca Albanese, relatora especial da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados, que lembrou, a 15 de Agosto passado, que o Hamas não deve ser visto apenas como um grupo armado.

Ao recordar que o Hamas chegou ao poder em eleições (2005), aliás com a ajuda de Benjamin Netanyahu, fica fácil perceber que o processo contra Israel tenha sido aberto pela África do Sul no Tribunal Internacional de Justiça, a 29 de dezembro de 2023.

O ANC (Congresso Nacional Africano), que começou como um movimento de libertação pacífico, acabou por recorrer à luta armada, através do seu braço armado (MK), é a melhor prova.

Só em 1990, com a negociação aberta pelo regime do apartheid, foi possível iniciar o caminho para a paz e para o que é actualmente a África do Sul.

O genocídio em Gaza deveria merecer outro escrutínio, de forma a compreender o que está na sua origem, pois só assim é possível chegar a uma solução de paz.


segunda-feira, 8 de setembro de 2025

DA GLÓRIA AO PÂNTANO

 

Acidente no Elevador da Glória, a 3 de Setembro de 2025: 16 mortos e mais de 20 feridos;

Incêndios de Pedrógão Grande, em Junho de 2017: 66 mortos e mais de 250 feridos;

Queda da Ponte de Entre-os-Rios, a 4 de Março de 2001: 59 mortos;

Acidente aéreo em Santa Maria, Açores, a 8 de Fevereiro de 1989: 144 mortos;

Colisão ferroviária de Alcafache, a 11 de Setembro de 1985: 120 mortos

Acidente aéreo no Funchal, Madeira, a 19 de Novembro de 1977: 131 mortos

Cheias de Lisboa e Loures, a 25 e 26 de Novembro de 1967: oficialmente mais de 500 mortos.

O que têm em comum as 7 maiores tragédias de Portugal?

A tentativa sistemática de confusão entre a responsabilidade política, técnica e criminal.

A repetição assusta, as consequências da impunidade ainda mais.

A responsabilidade política não implica culpa objectiva, pelo que a demissão é uma atitude de consciência que honra a melhor tradição republicana.

Por sua vez, a responsabilidade técnica não só implica a demissão como consequências criminais.

A responsabilidade criminal é a última das conclusões, com um tempo diferente.

Depois do acidente do elevador da Glória nem uma demissão.

Nem mesmo a nota informativa, “muito rica”, foi capaz de confirmar um dado tão elementar quanto crucial: quantos passageiros estavam a bordo no funicular acidentado?

A desgraça de Lisboa faz lembrar outra tragédia, mesmo em frente do Taj Mahal, em Mumbai, na Índia, em 2024, envolvendo um barco turístico com excesso de passageiros.

Cinquenta anos depois de Abril ainda há uma escória que tenta confundir os cidadãos, usando a evidência dos princípios democráticos à medida das cores partidárias e dos interesses e objectivos pessoais.

O presidente da Câmara de Lisboa devia ter seguido o exemplo de Jorge Coelho.

Independentemente da qualidade do governante e político, o socialista soube estar à altura da tragédia de Entre-Os-Rios, demitindo-se do governo liderado por António Guterres.

Não o tendo feito, Carlos Moedas desiludiu, hipotecando a credibilidade, a confiança e o futuro.

O regime democrático continua no pântano.

 

 


segunda-feira, 1 de setembro de 2025

PALAVRAS PRESIDENCIAIS OCAS


À medida da falência da União Europeia, em termos estratégicos e militares, na actual conjuntura de guerras na Ucrânia e em Gaza, entre outras, Marcelo Rebelo de Sousa entrou novamente em cena de cabeça perdida.

Fica mais uma intervenção desastrosa: classificar Donald Trump como um activo russo.

Felizmente, externamente, tal como internamente, já ninguém leva a sério o inquilino de Belém.

Porém é útil avaliar os extremos de impunidade e dissimulação que têm caracterizado os dois mandatos presidenciais.

Por um lado, enterrado na subserviência a Israel, manobras de diversão à parte, Marcelo Rebelo de Sousa atinge novo pico de desatino político, atirando uma pedrada a quem, genuína ou dissimuladamente, ainda tenta a paz.

Por outro, o alinhamento com o Reino Unido, sem apelo nem agavo, é mais uma prova do fingimento grotesco ao nível internacional.

É bem verdade que a condução da política externa é da responsabilidade de Bruxelas, perdão, do governo da República.

Mas para quem enche a boca com os imigrantes e os direitos humanos não deixa de ser burlesco a dualidade em relação aos massacres de idosos, crianças e mulheres em directo e a cores.

Se alguns tentam justificar o injustificável com interesses de Estado, então ao menos que se calem as vozes que continuam a aviltar a dignidade dos portugueses.

Mergulhados no caos que continua a ser abafado ou camuflado, Portugal está à mercê das palavras presidenciais ocas.

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

MARCELO IGUAL A SI PRÓPRIO


Mais de nove anos depois da primeira eleição, a 24 Janeiro de 2016, Marcelo Rebelo de Sousa mantém o padrão: a dissimulação política.

Tem valido tudo pela popularidade, mas mais de 40% dos portugueses continuam a dar-lhe nota negativa.

Tem sido assim nas mais diferentes áreas, designadamente em relação aos incêndios.

Ninguém esquece a dramática promessa, em Pedrógão, de não se recandidatar, em 2021, se o Estado voltasse a falhar na defesa das vidas humanas e houvesse nova tragédia.

Na actual conjuntura de tragédia a receita é mesma: uns palpites, muita emoção, uns velórios, uns funerais e a vida continua.

Como se não bastasse tanta vacuidade institucional e política, Marcelo Rebelo de Sousa ainda se permite dar conselhos de lisura a Volodymyr Zelensky, denunciando "pretensos medianeiros" da paz em mensagem enviada no Dia Nacional da Ucrânia.

Ao mesmo tempo que continua politicamente mute as a fish (calado como um rato) sobre Gaza, o genocídio dos palestinianos, uma matança de civis em que não escapam crianças, idosos e mulheres.

Os exemplos multiplicam-se em relação a outros desastres em curso: escola, habitação, justiça, segurança, SNS, etc.

À beira do fim do segundo mandato, Marcelo Rebelo de Sousa, antes e depois de Belém, manteve a mesma atitude, as precipitações costumeiras, os caprichos habituais e a permanente confusão que acompanhou a sua vida política.

A factura está à vista, mas ainda está por contabilizar os prejuízos para o país e para os cidadãos.

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

MESMO À FRENTE DOS NOSSOS OLHOS


Mais de 400 mil israelitas em Jerusalém e outras centenas de milhares em Israel clamaram pelo fim da guerra e pela libertação dos reféns nas mãos do Hamas.

O clamor não foi suficiente para demover Benjamin Netanyahu e os restantes criminosos de guerra do governo que lidera.

É uma tragédia que pode ser comparada com o que se passa com os incêndios em Portugal: a mesma dor, o mesmo sofrimento, a mesma indignação, a mesma impunidade.

A questão é que os cidadãos da democracia israelita são informados, activos e fortes, enquanto a cidadania em Portugal é quase inexistente.

Os exemplos são vários: escola, habitação, justiça, saúde e segurança comprovam este estado de letargia incompreensível.

Ainda traumatizados pelos excessos do PREC, os portugueses tardam em despertar, convencidos que o Estado, o governo e as instituições lhes vão valer.

Que não haja ilusões: as duas grandes prioridades dos governantes são o dinheiro (clientelas) e a força (poder).

O resto será sempre o resto, enquanto não forem obrigados a inverter as prioridades.

O mais grave é que a história nos ensina que em situações extremas de bloqueio, qualquer que seja o regime, há sempre uma guerra fabricada para garantir a união nacional.

Gaza (Palestina), Darfour (Sudão), Kiev (Ucrânia), entre outros palcos da infinita grosseria, estão mesmo à frente dos nossos olhos.




segunda-feira, 11 de agosto de 2025

HUMANISMO É A NOVA COMMODITY DO SÉCULO XXI


Os esgotamentos do colectivismo, do mercado e do modelo das democracias estão a fazer ruir um Mundo imperfeito que ainda se orgulhava de um denominador comum de valores universais. 

Cidadãos fogem das ditaduras para serem capturados por sociedades em que se ganha dinheiro com a morte, a doença, a exclusão, as armas e todo o tipo de tráficos.

Se o sonho da liberdade individual continua a falar mais alto, a actual realidade do Estado no Ocidente dá provas de uma regressão sem par.

Actualmente, o governo eleito de Israel, contra a vontade de cerca de 70% dos israelitas, pode continuar a levar a cabo impunemente o genocídio em Gaza.

Um ditador sanguinário pode invadir a Ucrânia, tendo como garantido que nada lhe pode acontecer, porque é uma potência nuclear.

No Sudão, em Darfur, a ganância divide uma sociedade em que uns e outros se matam, perante a comunidade internacional alheada.

O humanismo é a nova commodity do século XXI que se compra e vende à medida da alta corrupção, de interesses instalados e de falsas razões de Estado.

É a conjuntura mais alarmante de sempre, com a guerra também instalada noutros lugares vítimas da selvajaria humana, em que os direitos humanos passaram a ser fantasia ou mera retórica.

Na Palestina não caem anjos do céu, apenas bombas ou comida que chega a matar crianças esfaimadas.

A derradeira esperança de uma voz que alerte para o opróbrio desaparece à medida que os jornalistas e os socorristas continuam a tombar.

 

 

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

ENTRE CANALHAS ASSUMIDOS E FALSOS CORDEIROS

 
No momento em que está aberta a polémica sobre a disciplina de cidadania, a questão mais premente continua a ser ignorada.

Se a educação sexual e a literacia financeira são importantes na escola, derivas ideológicas à parte, o reforço de outros valores é tão ou ainda mais decisivo.

Os exemplos atropelam-se.

O país continua a arder sem que os responsáveis assumam as consequências das suas leis.

Os doentes morrem, por falta de socorro e cuidados de saúde, sendo que os responsáveis ainda se atrevem a fazer fugas em frente para melhor escapar ao juízo da comunidade.

Em Gaza, responsáveis e cúmplices do genocídio dos palestinianos, pasme-se, indignam-se pelo não agradecimento das tardias migalhas oferecidas e até garantem mais tempo para o crime hediondo continuar.

A questão é fornecer as ferramentas indispensáveis para destrinçar aqueles que, mesmo sabendo o que são, enganam os mais jovens e vulneráveis através de falsas razões de Estado e golpes de marketing para parecerem aquilo que não são.

Os valores da cidadania ganham ainda mais importância quando o MP cava a sete pés da acção penal, em tempo útil, face ao poder executivo e administrativo, por falta de meios ou vontade para agir.

Em suma, a distinção entre canalhas assumidos e falsos cordeiros é um exercício primordial num regime democrático.

segunda-feira, 28 de julho de 2025

A BARBÁRIE COMEÇOU ASSIM



António Guterres fala de crise moral por causa do genocídio em Gaza, à custa de bombas, fome e deslocação forçada de milhões de palestinianos.

A questão não é de agora, nem de hoje.

Seria fastidioso, quiçá impossível, enumerar os múltiplos massacres e atropelos ao direito internacional, mas basta recuar algumas décadas para o comprovar.

Desde logo pela história da Palestina, cuja resistência de mais de 70 anos continua a corcovar Israel.

A impunidade das super potências, e dos seus apaniguados, agravada pela globalização selvagem, não deixa quaisquer dúvidas.

Os negócios de Estado, as amarras e as cumplicidades entre democracias e ditaduras têm feito o resto.

O espectáculo é pavoroso, com o poder e o dinheiro a matarem indiscriminadamente e a fazerem a civilização recuar décadas.

As imagens da destruição na Ucrânia e da fome generalizada em Gaza, sem esquecer África, servem de alerta.

A barbárie começou assim com Adolf Hitler.

No século XXI será assim com Herzog, Jinping, Meloni, Merz, Netanyahu, Putin, Starmer, e Trump, entre outros cúmplices menos relevantes, mas também decisivos?

segunda-feira, 21 de julho de 2025

FALTAM NOVAS LUZES


Não há nada mais politicamente abjecto do que sacrificar seres humanos para atingir objectivos inconfessáveis.

No dia-a-dia, na paz como na guerra, só canalhas sem escrúpulos usam o seu poder e influência para desprezar os mais básicos direitos humanos: direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
 
Uns e outros, de um lado e do outro, vestem peles de cordeiro para disfarçar a crueldade e o sadismo, pois não há nada mais criminoso do que imolar inocentes.
 
Em Gaza morrem e são mortos mulheres, homens, idosos e crianças em nome do fundamentalismo religioso, ideológico, imperialista e expansionista.
 
A imigração é também pasto para os facínoras que, em nome da falsa solidariedade, apenas visam garantir abundante trabalho escravo, nem que seja à custa de condições infra-humanas.
 
Confortados pela máquina da propaganda, ameaçados pela liberdade das redes sociais, a chusma mente, dribla e promete descaradamente humanismo enquanto destrói sem olhar a meios.
 
Nunca o Estado teve tantos meios de controlo, repressão, intimidação e humilhação dos cidadãos que não se conformam com iniquidade.
 
Nem a lei os protege de governantes, líderes e políticos rascas sem limites de sede pelo poder.
 
O Estado de Direito, nacional e internacional, está a morrer à nossa frente, mesmo nos países que alguns insistem em chamar democracias ocidentais.
 
A selvajaria, o arbítrio, a força bruta e a ignorância fazem o seu intrépido caminho, garantindo que os tais objectivos inconfessáveis, de uns e outros, sejam atingidos à boleia dos votos ou da vontade do ditador.
 
A nossa época não é a Idade Média, é muito pior, porque se mata, condena e esmaga sem mito nem magia, apenas por domínio e dinheiro, com a aquiescência ou indiferença colectivas.

segunda-feira, 14 de julho de 2025

SORRIR, SORRIR, SORRIR


A realidade insiste em superar todos os piores cenários

Os bebés morrem, os suspeitos são torturados na polícia, as vítimas de acidentes e os cidadãos esperam décadas pelos julgamentos e as mulheres continuam a ser vítimas de violência doméstica.

Estes são apenas um par de exemplos de um país de faz-de-conta em que afinal apenas a máquina fiscal mais parece ter o direito implacável de esbulho e extorsão, pois qualquer reclamação exigiria anos e anos sem fim.

O vómito constante de falsas quimeras e promessas, com a cumplicidade activa e passiva da comunicação social, fecha o ciclo infernal da existência a que uns e outros lá se vão habituando.

O resultado é um desvario ilimitado, em que o autoritarismo e a violação deliberada da lei, que estão a vir à tona, fazem parte do pacote de total impunidade.

O feitiço é de monta: a responsabilidade passou a ser a irresponsabilidade assumida travestida de uma qualquer espécie de dignidade.

Resta saber se é a vertigem da guerra que está a conduzir a sociedade ao delírio, ou se é o delírio global que nos está a empurrar para mais uma guerra mundial.

O exemplo de Gaza é apenas um sintoma do futuro que está a ser desenhado com a conivência geral.

O mais extraordinário é que os responsáveis por esta trapalhada, desde os governantes aos cidadãos que os elegem, continuam a sorrir, sorrir, sorrir, ainda que ninguém consiga descortinar qual o motivo de tanto contentamento.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

BBC: IMPRENSA DE REFERÊNCIA OUT



Nos dias que correm falar de imprensa livre e independente é uma piada de péssimo gosto.

Ainda melhor: já não existe uma cultura nos Media de contrapoder, apenas esforçados, eunucos e serviçais que aspiram a uma assessoria ou um qualquer tacho dado pelo poder.

A realidade é imposta por mercenários e afins que assaltaram a gestão da Comunicação Social há demasiado tempo, sempre disponíveis para a rolha ou perseguir um jornalista para salvaguardar uma velhice dourada.

Obviamente, há excepcões, ainda que nem à lupa seja possivel encontrar alguém que possa aspirar a uma qualquer semelhança com Katharine Graham.

A triste realidade, com enorme prejuízo para os cidadãos, é bem espelhada pelo que está a acontecer na BBC, um farol de credibilidade que virou anedota no Reino Unido.

Mais grave ainda: o funeral da imprensa independente e livre é simbolizado por Keir Starmer, o pior da esquerda, um serviço que lhe pode valer honrarias, mas nunca o respeito da cidadania.














segunda-feira, 30 de junho de 2025

ESPERANÇA NO NOVO PRESIDENTE


É a realidade que disparou com José Sócrates, António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, e que o actual primeiro-ministro cavalga com mestria.

O recurso de Luís Montenegro para o Tribunal Constitucional, no âmbito do caso Spinumviva, faz parte de um país que já nem dá conta do pântano em que chafurda.

Nada, nem a multiplicacão das mortes por falta de socorro e assistência travam a caminhada olímpica da vertiginosa impunidade política.

Fartos de campanhas, promessas e eleições, os portugueses varrem para debaixo do tapete as excrescências políticas julgando assim poder alcançar soluções.

A estabilidade podre é engano de monta.

Enquanto a elite é atafulhada com fundos comunitários, e agora o PRR, numa orgia gastadora a qualquer preço, a propaganda convence os incautos.

Até a política externa bateu fundo, por força da subserviência crónica em relação a Bruxelas.

Nunca em nenhum momento, desde o 25 de Abril, o embuste atingiu uma tal dimensão e eficácia, ao ponto de nem o custo da deriva armamentista fazer soar os alarmes.

Não será preciso muito tempo para fazer ruir esta fantochada grotesca, basta Portugal passar a ser contribuinte líquido na União Europeia.

A credibilidade está a ser consumida a uma velocidade tão vertiginosa quanto a dívida, com a agravante do encolher dos ombros generalizado.

Última esperança: a eleição do presidente da República, em 2026, será decisiva.




segunda-feira, 23 de junho de 2025

A ESPECTACULAR CORRIDA À FARINHA E AO URÂNIO


Mesmo num Mundo de criminosos de colarinho e punhos brancos, as realidades da Palestina e do Irão são assombrosas.

Em Gaza, milhares de palestinianos esfomeados correm desesperadamente por um saco de farinha, sendo chacinados pelo exército israelita ou pelos mercenários contratados.

No Irão, o ataque de Donald Trump atinge instalações nucleares iranianas, cujo urânio enriquecido foi atempadamente deslocado para outro lugar.

Estoira Cristal no Kremlin: se Israel e USA podem atacar Gaza e Teerão (para não falar de Bagdade, Beirute, Bósnia, Cartum, Damasco, Kosovo, Mogadíscio, Saná, Servia, Tripoli, etc.), por que razão a Rússia de Putin não pode invadir a Ucrânia e vizinhos?

Pelas mesmas razões, Xi Jinping ganhou a força do universo de todas as cores do bem-fadado fogo-de-artifício chinês para invadir Taiwan quando melhor entender e lhe aprouver.

No meio desta balbúrdia de novos facínoras, que exibem o poderio militar em vez de dinheiro vivo, pouca resta da União Europeia afundada na geometria variável da alta corrupção, na irrelevância geoestratégica e na referência civilizacional perdida.

C’est la vie: as migalhas serão espalhadas por uns quantos, desde logo pelos que agora são chamados a reconstruir o programa nuclear que antes ajudaram a construir no Irão.

Entretanto, em Portugal, os órgãos de soberania calados como ratos, tal e qual como o líder da oposição, André Ventura, quando deviam dar explicações aos portugueses abismados com tanta farsa e impunidade internacionais.

No regime democrático, tal como com Salazar, as Lajes (1941) continuam ao serviço da ignomínia norte-americana e inglesa, a troco da passadeira vermelha para umas vassalagens na Sala Oval, no 10 de Downing Street e para uns restos que mais nenhum país quer.

Para trás, muito lá para trás da omissão hedionda, os palestinianos estão condenados a continuar a correr atrás de um saco de farinha, porque a desinformação de Estado não tem contraponto e a humanidade está a esvair-se no primeiro quarto do século XXI.

segunda-feira, 16 de junho de 2025

MÉDIO ORIENTE: NUCLEAR E PAZ

 

A proliferação de armas nucleares, nas últimas seis décadas, tem evitado guerras mundiais.

Por mais paradoxal, a destruição total mútua tem sido um dissuasor eficaz, aliás confirmado com o arrastamento da invasão russa da Ucrânia.

Os conflitos adormecidos das duas Coreias e da Índia com o Paquistão, os quatro com capacidade nuclear, também são exemplos flagrantes de que o equilíbrio do terror tem garantido a paz regional e global.

A guerra no Médio Oriente é a mais recente e terrível confirmação, tendo em conta as aspirações hegemónicas e expansionistas de Irão e Israel.

A supremacia militar israelita só tem resultado em mais morte, no genocídio dos palestinianos, apesar de ser a única democracia da região, e agora na grotesca aventura do ataque ao Irão.

Mais tarde ou mais cedo, com mais ou menos ataques e bombardeamentos, com mais ou menos dólares, com mais ou menos vítimas civis, os iranianos terão as suas bombas nucleares.

A inevitável corrida nuclear na região, desde logo da parte da Arábia Saudita, será assim inevitável e incontornável.

Apesar de todos os riscos, só a capacidade nuclear de vários países no Médio Oriente é capaz de garantir a paz numa das zonas do Mundo mais martirizadas pelas armas.

A conclusão está em linha com os actuais tempos monstruosos, em que governantes eleitos, como Benjamin Netanyahu, se confundem com os ditadores, como Ali Khamenei.

segunda-feira, 9 de junho de 2025

NOVO GOVERNO, COM NOVO CAMPEÃO

 

A tomada de posse do XXV governo constitucional coincidiu com mais uma grande vitória do futebol português, com destaque para o extraordinário jovem Nuno Mendes.

A conquista da Liga das Nações é um motivo de orgulho nacional, mas também é uma responsabilidade acrescida para a governação e a oposição, pois está dado o exemplo que alguns portugueses são capazes ao mais alto nível.

Fora o folclore e a histeria de Marcelo Rebelo de Sousa fica outra certeza: Luís Montenegro arranca sem qualquer desculpa para falhar, nem Amadeu Guerra estragou a festa.

Duas novidades de monta: Ana Paula Martins e Gonçalo Matias.

A recondução da ministra da Saúde evitou um escândalo nacional, com um critério para o primeiro-ministro e outro para a ministra da Saúde, sendo que assim pelo menos se manteve alguma coerência.

A escolha de Gonçalo Matias, para a pasta da Reforma da Administração, é uma lufada de ar fresco, que tanto pode condenar politicamente Luís Montenegro como garantir-lhe a estabilidade que prometeu.

Se os portugueses já estão habituados a promessas falhadas, o governo tem de se conformar com a interpretação dos resultados eleitorais: rédea curta.

Do lado da oposição, André Ventura deu mais um passo gigante para poder continuar a sonhar com São Bento, mas é preciso mais do que berrar pelo combate à corrupção, ou seja, é preciso dar autonomia financeira aos magistrados.

O caos no SNS, a lentidão na Justiça, a insegurança associada à imigração, a escola aos trambolhões, os ventos do défice, os perigos do crescimento anémico e os fumos de corrupção não desapareceram com uma vitória na bola, nem com um novo governo empossado.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

ESTABILIDADE À MARCELO


É o padrão dos dois mandatos de Marcelo Rebelo de Sousa: a estabilidade à martelada conta mais do que a credibilidade do regime democrático.

Foi assim em todos os casos que sobressaltaram Belém, desde Angola às gémeas, em que subsistiram as dúvidas que contribuíram para o apodrecimento da vida política.

Esgotados os afectos e os mergulhos de Verão, a realidade está à vista, com as críticas dos mais diferentes sectores, da esquerda à direita, a flagelaram politicamente quem devia estar acima de qualquer questiúncula partidária e política.

Não é por repetir até à exaustão a estabilidade, apesar da declaração de Amadeu Guerra sobre o caso Spinumviva, que os cidadãos podem ficar descansados, porque o caldo instalado é o mesmo que levou às sucessivas crises e dissoluções do Parlamento.

O PS não perdeu a oportunidade, apesar de politicamente moribundo, para denunciar a inconsistência presidencial.

António José Seguro, candidato presidencial, clamou pela responsabilidade política dos escandalosos casos no SNS e pela surrealista prescrição da multa que a Autoridade da Transparência aplicou aos Bancos.

José Luís Carneiro foi mais longe, alertando para o potencial absurdo de Ana Paula Martins poder ser corrida da governação por causa da crise do INEM, enquanto Luís Montenegro assume a liderança do XXV governo antes do resultado da averiguação preventiva à Spinumviva.

Aliás, ainda no mesmo sentido, as palavras de Gouveia e Melo e de Rui Rio são tão arrasadoras para o inquilino de Belém que chegam a rasar o agravo institucional e político.

As sucessivas apresentações de candidaturas, a mais de 8 meses da eleição presidencial, são a prova de que já não há paciência para a vacuidade, a cambalhota, o exibicionismo e o pretensiosismo.

O papel do Presidente da República não é governar, mas sim com a credibilidade da palavra e magistratura de influência travar esta deriva institucional, partidária e política, tão bem espelhada na politicamente miserável política externa.

Marcelo Rebelo de Sousa nunca o percebeu, nem pode em boa verdade, porque os truques políticos foram sempre as suas armas, uma prática que não o levou a São Bento, mas que lhe permitiu a passagem de má memória pelo Palácio de Belém.


segunda-feira, 26 de maio de 2025

JUSTIÇA SOB PRESSÃO MÁXIMA


Amadeu Guerra, com serenidade, manteve a determinação do Ministério Público em avançar com as averiguações preventivas à Spinumviva (Luís Montenegro) e à compra da casa de Pedro Nuno Santos.

Uma semana depois das eleições, o país ficou a saber que os pedidos de informação da Procuradoria-geral da República ao primeiro-ministro e ao então líder da oposição ainda não haviam sido respondidos.

Ao mesmo tempo que decorrem estas diligências judiciais, Marcelo Rebelo de Sousa continua a afiançar a estabilidade governativa.

A Justiça sob pressão máxima volta a ser aparentemente a fórmula encontrada para resolver o imbróglio que continua a ameaçar a credibilidade do regime democrático.

A situação não é nova, apesar da extrema gravidade institucional, basta recordar o que aconteceu com o caso do Hospital Santa Maria (gémeas), mas indicia mais: a tentativa de consolidação do abandalhamento político.

Tal como ocorreu na Madeira, com Miguel Albuquerque, que ganhou eleições na condição de arguido por corrupção, Luís Montenegro tem assim via verde presidencial para se manter em funções se for aberto um inquérito criminal no caso da Spinumviva.

Aliás, não é por acaso que nem Luís Montenegro, nem André Ventura, nem Rui Rocha, nem Nuno Melo, apesar de uma maioria de 2/3 no Parlamento, nenhum faz qualquer menção à necessidade de garantir os meios da Justiça, designadamente a imperiosa autonomia financeira.

A manutenção do sistema judicial agrilhoado, apesar de mais uma profissão de fé do PGR, é apenas a reconfirmação da deriva na vida institucional, partidária e política.

O resultado está à vista: são cada vez mais as vozes a qualificar Marcelo Rebelo de Sousa como o pior dos inquilinos que passaram por Belém.

segunda-feira, 19 de maio de 2025

MONTENEGRO E AS ALGEMAS


Se é verdade que Luís Montenegro reforçou a sua legitimidade é igualmente inequívoco que não pode governar continuando a ignorar o Chega.

Há uma grande maioria à direita.

PSD, Chega, Iniciativa Liberal e CDS/PP têm mais de 2/3 no Parlamento, permitindo reformas de fundo e até expurgar da Constituição da República a letra morta de direitos olímpica e sistematicamente ignorados.

Os derrotados da noite, desde logo Pedro Nuno Santos, são vítimas de si próprios.

Ficou claro que os papões e o medo já não pegam, por mais que se berre que o fascismo vai regressar, tal e qual como brandir a bandeira do liberalismo ainda não é entendido com alternativa.

Os socialistas têm de recomeçar, desde logo aceitar que os desastrosos 8 anos de António Costa ainda estão bem vivos na memória dos portugueses.

Mais: os eleitores premiaram a expedita acção do governo em repor a paz social, em arrepiar caminho em relação à fraude ideológica da esquerda que descontrolou a imigração.

É hora de todos líderes partidários perceberem o que Marcelo Rebelo de Sousa nunca enxergou: as linhas vermelhas num regime democrático são a tolerância com a corrupção e o nepotismo, o esmagamento dos direitos individuais, os truques e as vaidades pessoais.

A cristalina opção do povo português não dirimiu o maior erro de sempre do regime: a classe política deixou para a Justiça aquilo que poderia ter resolvido com cultura democrática.

O problema a montante continua de pé, pois Luís Montenegro ainda tem à perna diligências a correr na Justiça, sem falar da inevitável Comissão Parlamentar de Inquérito aos seus negócios pessoais com a Spinumviva.

A jusante, o desafio é também exigente: já não é possível aguentar mais mentiras na Saúde, o desastre na Habitação, a Educação aos trambolhões, a Justiça para ricos e pobres e a Segurança cada vez mais confinada aos condomínios fechados.

Recusar a evidência eleitoral apenas servirá para acelerar o desastre e mais instabilidade artificial.

Luís Montenegro para governar tem de quebrar as algemas que colocou em si próprio, por mera birra e tacticismo partidário, de forma a garantir as mudanças exigíveis numa legislatura de quatro anos.


segunda-feira, 12 de maio de 2025

MEDO ATÉ AO DIA DO VOTO


A recta final da campanha eleitoral está a servir para um esclarecimento adicional aos cidadãos.

Quando se esperavam propostas e soluções, mais verdade sobre a falência de um modelo económico assente nos fundos comunitários, eis que o medo voltou a dominar o discurso dos dois maiores partidos do arco do poder.

Do estafado regresso ao fascismo, que felizmente nunca mais chega, até à instabilidade que não é futura porque foi passada e ainda é presente, tem valido tudo para tentar condicionar pela negativa  o voto.

Que não haja ilusões: o jogo do PS e do PSD é semear a confusão para manter e partilhar o poder a qualquer custo.

Mais grave: instigar a dúvida é a forma para fazer hesitar quem já não aguenta o discurso politicamente mentiroso que continua a condenar Portugal a mais e mais décadas de miséria.

Os Media falidos e cada vez mais desacreditados fazem o resto, sem vergonha editorial, com a mesma subserviência de quem anda de mão esticada há demasiado tempo.

O problema é que a realidade está à vista.

Os jovens sentem, os mais idosos sabem, quem trabalha teme o que existe e está para vir, com mais ou menos Fátima e mais ou menos gosto.

Não há como esconder a indecência na saúde, a habitação só para os mais favorecidos, a selvajaria na imigração para encher os bolsos das mafias, a escola aos trambolhões e a crescente insegurança urbana.

Não há como pintar de cores vivas e alegres o dia-a-dia dos portugueses.

Os indecisos e os abstencionistas vão decidir o futuro de Portugal, só falta saber se pela positiva ou pela negativa, se pela mudança ou pela resignação, se pela paz ou pela extraordinária cumplicidade com a falta de humanidade.

Ou ganham os papões ou vence a alternativa.

Ninguém se pode queixar de ter sido levado ao engano, porque só não enxerga quem não quer, quem continua satisfeito com mais do mesmo.


segunda-feira, 5 de maio de 2025

QUEBRAR O CÍRCULO VICIOSO


Os políticos e os jornalistas continuam a viver numa realidade alternativa, espantosamente indiferentes ao dia-a-dia dos portugueses.

O silenciar dos temas tabus, por acção ou omissão, apenas serve para branquear os partidos do arco do poder, contribuindo para continuar a minar o regime democrático.

A táctica política dos líderes partidários e a incapacidade dos profissionais da comunicação social estão na origem de um tremendo equívoco.

Não é possível ir a eleições sem avaliar o aumento do custo e vida, a justiça para ricos e pobres, a escola aos trambolhões, a pobreza crescente, o aumento dos gastos em armamento, a política externa politicamente criminosa e a insegurança urbana.

É preciso ser livre e frontal, pois alimentar, pactuar e até justificar as manobras de marketing político é um péssimo serviço público.

Permitir a confusão da avaliação do governo de Luís Montenegro com o escrutínio dos governos anteriores, já julgados em eleições passadas, é tão-só mais uma vigarice política e editorial.

O que está em apreciação através do voto é o falhanço das promessas eleitorais e a precipitação de eleições por causa de uma questão pessoal de Luís Montenegro.

Os debates entre os 8 líderes partidários permitiram a todos os portugueses verem a imagem real do país, pelo que só existem duas possibilidades: ou mudam ou continuam a aceitar serem tratados como lixo.

Ainda mais grave do que a permanente indiferença em relação às condições de vida dos cidadãos, qual sobrevivência forçada, é a governação enclausurada por questões pessoais e não por ideias, soluções e resolução dos problemas.

Resta saber se as alternativas, à esquerda e à direita, estão à altura de merecer a confiança de quem sabe que é preciso mudar e até quer mudar, pois já é claro que a estabilidade não põe comida na mesa, nem garante o Estado social e de direito.

É vital quebrar o círculo vicioso, pois é humana e racionalmente impossível continuar a assistir ao futuro a ser liquidado mesmo a nossa frente.

terça-feira, 29 de abril de 2025

A MAIOR CRISE DESDE O 25 DE ABRIL



Num momento em que a situação é ímpar, o apagão foi um mau augúrio.

Confirma-se: as investigações lideradas pelo Ministério Público não embaraçam Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos na véspera do início da campanha eleitoral.

A instabilidade está à mercê de um qualquer sobressalto judicial, antes ou depois das eleições antecipadas de 18 de Maio próximo.

A extravagância em que o regime vive é ainda mais vincada se forem levadas em conta outras investigações, designadamente no âmbito do caso do Hospital Santa Maria (gémeas).

O estrangulamento em que os partidos políticos enclausuraram a governação é também um muro reconfirmado.

A Iniciativa Liberal enquistou à direita, tal como o PSD e CDS/PP, recusando qualquer solução com o Chega.

Por sua vez, André Ventura confirma a devolução do veto político ao líder do PSD.

Seja qual for o resultado dos debates, se Luís Montenegro ganhar novamente à tangente, incapaz de fazer maioria à direita, então estaremos perante a maior crise desde o 25 de Abril.

Sem a reviravolta de uma maioria absoluta, resta apenas Pedro Nuno Santos, o único capaz de desbloquear o impasse, pois mantém condições para um acordo alargado à esquerda.

Com os representantes institucionais de rastos, com o voto útil estafado e com a ameaça da abstenção, a próxima legislatura está à partida condenada a imprevisíveis desassossegos.

A eleição de Miguel Albuquerque, depois de constituído arguido por corrupção na Madeira, foi muito mais do que uma nota de rodapé do presente inquinado.

Os sinais inequívocos de esgotamento são impossíveis de esconder, como comprovou a detenção e a prisão de Rui Fonseca e Castro, líder de um partido político legalizado pelo Tribunal Constitucional, no dia grande da liberdade.

É tempo de reflectir, de escolher e de refundar, desde logo fazendo o balanço dos desastrosos mandatos de Marcelo Rebelo de Sousa, tanto mais que a próxima eleição presidencial de 2026 surge para já como o único vislumbre de esperança.

segunda-feira, 21 de abril de 2025

O MEDO É O INIMIGO


Nem mesmo a morte do Papa Francisco e a proximidade das eleições de 18 de Maio parecem fazer acordar as direcções editoriais, sendo que a imprensa escrita lá vai cumprindo como pode os mínimos.

Os grandes temas que preocupam os portugueses têm de ser objecto da maior e melhor informação possíveis, não na óptica da justificação servil ou da sonegação de dados (vide SNS), antes na perspectiva de um exame oportuno e rigoroso.

Quem procura as TV’s de notícias para melhor se informar por vezes até fica convencido que está nos Estados Unidos da América, tal é a obsessão revelada com Donald Trump, entre outros.

O olhar atento sobre o internacional é uma das boas características da comunicação social portuguesa, mas usá-lo para melhor fugir ao escrutínio da realidade dos portugueses é simplesmente medíocre.

Usar a actualidade distante para fugir à realidade mais próxima, ao escrutínio que incomoda o poder e os poderosos que estão mais perto, apenas serve para cavar um maior distanciamento.

A poucas semanas de novas eleições antecipadas há tanto por escrutinar que urge não perder tempo, nem enterrar a cabeça nas areias dos desertos longínquos, sabendo de antemão que a notícia não rima com a perfeição.

É exigível a máxima atenção aos problemas, às necessidades e aos anseios da sociedade, obrigando os políticos a dar respostas, expondo as suas repetidas mentiras.

Não basta multiplicar debates e opiniões para cumprir a liberdade de imprensa.

São precisas mais notícias limpas em quantidade e qualidade, com critérios de objectividade, imparcialidade e transparência, e menos faits divers bacocos ou esdrúxulos.

É com informação profissional que também se combate a abstenção, porque o medo é o inimigo da informação.

É assim, tal e qual o Ministério Público demonstrou, com a revelação da averiguação preventiva a Pedro Nuno Santos, que o regime democrático sai reforçado.

Que o exemplo de coragem do Papa Francisco – denúncia do arbítrio e da injustiça –, não obstante todas as contradições, seja uma renovada inspiração. 

Não é moral, é liberdade, racionalidade e civilização.


segunda-feira, 14 de abril de 2025

MEDIA: RUMO AO ABISMO


Os debates de 30 minutos nas TV’s de informação têm sido uma enorme desilusão. 

Ainda assim têm sido úteis, mesmo que os temas que mais preocupam portugueses estejam a ser abafados  

Por que será?

A explicação ainda não foi dada, mas das duas uma: ou é mais um frete ao PS e ao PSD ou então é o alheamento da realidade. 

O mais curioso é que a cartilha tem sido seguida, religiosamente, pela CNN Portugal, RTP 3 e SIC Notícias. 

Sendo pouco provável que as respectivas direções editoriais tenham sido acometidas de uma amnésia selectiva, importa perguntar: o que se passa?

De facto, apenas Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos têm interesse em varrer a saúde, a corrupção, a segurança e a educação para debaixo do tapete. 

A comunicação social está perigosamente distante de critérios limpos e transparentes, basta atentar à multiplicação de comentadores candidatos às presidenciais.

É um mau serviço público, um desvio desnecessário, que terá uma factura pesada mais tarde ou mais cedo.

Não é por acaso que os cidadãos procuram as redes sociais para se informarem, apesar do anátema sobre os algoritmos  

Não perceber que a manipulação é sempre um mau serviço público, seja no digital ou nos Media tradicionais, é um passo rumo ao abismo.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

PS E PSD: DA SUSPEITA AO COLAPSO

 

Nas cinco décadas de alternância democrática, os sucessivos desaires da governação e os múltiplos casos de corrupção minaram a confiança de cidadãos, simpatizantes e até militantes.

As actuais lideranças de Luís Montenegro e de Pedro Nuno Santos agravaram consideravelmente o maior problema do regime político.

A vida empresarial do primeiro-ministro e a mais recente suspeita sobre o seu envolvimento na maior obra pública adjudicada até hoje pela Câmara de Espinho não podem ser ignoradas.

De igual modo, outras suspeitas que recaem sobre Pedro Nuno Santos, entre as quais a misteriosa indemnização à la carte a David Neelman na TAP, são igualmente inquietantes.

O apodrecimento da vida política tem vindo a ser acelerado pelas máquinas partidárias que continuam a ignorar os mais elementares critérios no momento da escolha dos seus líderes.

Com a sequência de eleições antecipadas, os portugueses enfrentam um terrível dilema: ao repetir o padrão da votação passada ficam à mercê do resultado da investigação judicial de vários casos que são públicos.

Pela primeira vez, seja qual for o resultado, maioria simples ou absoluta, coligação à direita ou à esquerda, a próxima legislatura de quatro anos não está garantida.

A alternativa à disposição dos eleitores é a abstenção ou o voto nos extremos, pelo que o descontentamento e a radicalização podem baralhar os resultados eleitorais.

O arranque dos debates, e depois das sondagens vendidas pelos Media tradicionais, apesar de taxas de resposta de apenas 20 a 30%, parece ser insuficiente para disfarçar o mal-estar generalizado.

Se os partidos políticos são essenciais em democracia, PS e PSD estão face a um dos maiores e mais difíceis desafios no próximo acto eleitoral de 18 de Maio.

Num momento em que está em curso uma nova ordem mundial, o colapso do tradicional cenário partidário nunca esteve tão perto de ser concretizado.

segunda-feira, 31 de março de 2025

ISRAEL E RÚSSIA: TEMPO DE ACÇÃO

 

A democracia nos Sates está viva e bem enraizada na cidadania.

Fartos da hipocrisia de alguns democratas, de Barack Obama a Joe Biden, os norte-americanos elegeram esmagadoramente o republicano Donald Trump, a 6 de Novembro de 2024.

Passados quase cinco meses, a popularidade do presidente cai, enquanto Elon Musk, o principal apoiante, está a sentir no bolso a fúria dos concidadãos.

O boicote à Tesla é o pior figurino para os líderes políticos e os oligarcas que enriquecem à sua sombra.

O exemplo não podia ser mais pertinente, quando os assassinos dão as cartas, impunemente, perante a cumplicidade generalizada, porque tudo tem um preço.

A convivência, a bajulação e o mercadejar com ditadores, assentes numa lógica facilitadora da alta corrupção e dos negócios de Estado, estão a traçar um rumo medonho.

Que não haja ilusões: só um boicote da cidadania a Israel e à Rússia, a nível global, pode travar a deriva sanguinária dos respectivos líderes.

Aliás, Benjamin Netanyahu e Vladimir Putin se sentirem na algibeira o preço das suas atrocidades, então o genocídio em Gaza e a invasão da Ucrânia estarão mais perto do fim.

Os líderes políticos, incluindo os da União Europeia e do Reino Unido, não têm coragem para estar do lado certo da história, vergando ao pragmatismo, à dualidade e ao servilismo, sabe se lá em nome de que ambições e projectos.

É mais do que tempo de eleições, quando Benjamin Netanyahu se prepara para visitar Viktor Orbán, desafiando o mandado de detenção internacional.

É tempo de acção, para cada um, por mais pequena que seja, a qual poderá fazer regressar um pouco mais de humanidade, dignidade e esperança.

É tempo de despertar, também para os jornalistas, face aos assassinatos, só em Gaza, de cerca de 130 dos seus pares.

É neste cenário que o historial de Luís Montenegro assenta que nem uma luva, indiferente ao arrastar de Portugal para um pântano tão verdejante quanto a Madeira.

No século XXI, não há repressão, nem ameaça nuclear, capaz de apagar a memória das dezenas de milhares de crianças mortas e dos milhões de desalojados, feridos e mortos, seja em que latitude for.

segunda-feira, 24 de março de 2025

QUANTO CUSTA UM BUNKER?


Depois de mais uma reportagem sobre os imigrantes em Portugal, a última de Bruno de Castro Ferreira, na SIC, as autoridades deram sinal de vida, fazendo mais num par de dias do que nos últimos anos.

A descoberta é dantesca: um pastor evangélico é responsável por mais uma miserável exploração, a ponta do iceberg que tem sido deliberadamente escondida.

É neste contexto, que pouco importa a quem continua a defender a imigração de portas abertas, que outros sinais de total desumanização invadem as sociedades de norte a sul, de este a oeste, alimentando soluções extremistas à esquerda e à direita.

As imagens brutais de Gaza, em que nem os doentes internados escapam, sancionadas pela cumplicidade de Donald Trump e dos líderes da União Europeia, são apenas extensões de uma realidade arbitrária imposta pela lei do mais forte.

A liderança das negociações para travar a invasão russa na Ucrânia, conduzidas pelo príncipe Mohammed bin Salman, que ordenou o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, dá a exacta dimensão do desvario em curso.

As manifestações de centenas de milhares de cidadãos contra a guerra e o autoritarismo, de Israel à Turquia, dos Estados bálticos à União Europeia, de África aos EUA e Reino Unido, continuam a ser ignoradas por líderes eleitos e ditadores.

A escolha dos madeirenses, que ratificaram a liderança de um arguido por corrupção, não é uma vitória de Miguel Albuquerque, é mais uma derrota estrondosa do regime de democrático.

A actual disrupção é o fruto de décadas de mentiras de Estado que tresandam a corrupção ao mais alto nível.

Nem as mais recentes revelações sobre o assassinato de JFK foram suficientes para despertar as elites, já tão afundadas no pragmatismo e nos negócios de Estado que nem se dão conta do desastre iminente.

Quanto custa um bunker?

segunda-feira, 17 de março de 2025

MUDANÇA: É DESTA?


A receita é conhecida: mercenários e afins são pagos para repetir a propaganda e as fake news.

Donald Trump, Ursula Von der Leyen, Keir Starmer, Emmanuel Macron e Friedrich Merz distraem com a guerra na Ucrânia, fazendo de conta que não sabem que a matança continua no Médio Oriente e noutros pontos do planeta.

Em Portugal, a receita não tem muitas diferenças.

Antes da crise era o caos se houvesse instabilidade política; agora, depois de a crise estoirar, a «economia anda por si», como afirma o cada vez mais descredibilizado e isolado Marcelo Rebelo de Sousa.

O problema é a realidade, a vida que já não é possível esconder, que lá vai sendo denunciada aqui e ali, colocando limites em tanta desfaçatez política.

As conversas fiadas sobre a imigração, saúde e corrupção são exemplos paradigmáticos.

Passados dias da reportagem da RTP sobre a Rua do Benformoso, um repositório avassalador das condições em que os imigrantes vivem, o silêncio das autoridades fez cair a máscara.

No SNS, o mesmo se passa, com dezenas de urgências fechadas, condicionadas e referenciadas, ou seja, sem livre-acesso, apesar dos esforços dos Media ao serviço da (des)informação que ajuda a branquear o poder.

Com eleições antecipadas, agendadas para 18 de Maio, vai ser curioso saber quais as promessas que Luís Montenegro ainda tem em carteira, depois do falhanço daquelas que fez em 2024.

De igual forma, a criatividade de Pedro Nuno Santos tem de atingir o zénite para almejar disfarçar a desastrosa governação de António Costa, ainda tão fresca na memória sobretudo dos trabalhadores e dos mais pobres.

Insistir no voto que permite ao PS e PSD continuarem a fazer e a desfazer, sem respeito pelo dia-a-dia e vontade dos cidadãos, é o mesmo que tentar obter resultados diferentes com a mesma prescrição.

Com o debate sobre a corrupção em cima da mesa, na Madeira, com Miguel Albuquerque, como no continente, com Luís Montenegro, nunca o Bloco Central esteve em situação tão periclitante.

O anúncio do agendamento do julgamento de José Sócrates, dez anos depois, diz mais do que pode ser dito por palavras para descrever a falência do regime.

Mudança: é desta?

 

segunda-feira, 10 de março de 2025

CRISE 2025: OPORTUNIDADE DE OURO


Tentar confundir a avaliação de Luís Montenegro com a do trabalho do XXIV governo constitucional apenas confirma a chicana política.

É a credibilidade e idoneidade do primeiro-ministro que está em causa.

A instabilidade actual resulta de um comportamento pessoal de Luís Montenegro, não de qualquer impasse e bloqueio políticos.

Mesmo que surja mais um flique-flaque de última hora, os estragos estão à vista, pelo que a leviandade dos líderes partidários algum dia tem de ser encarada de frente.

Viciados a serem o eixo do poder, fazendo e desfazendo sem respeito pela vontade dos cidadãos, CDS/PP, PS e PSD não são merecedores de uma renovada confiança.

O que se pode seguir?

Seja qual for o epílogo da crise, o governo estará mais interessado em agradar do que em governar; a oposição mais apostada em anular do que apresentar uma alternativa.

Em boa verdade, apenas as empresas de sondagens, e mais um par de mercenários, comissionistas e afins, parecem ser os grandes ganhadores.

Os perdedores são os cidadãos esmagados pelos impostos, sem acesso digno e justo à saúde, cuidados de emergência, protecção social, habitação, segurança, justiça e educação.

É que pouco ou nada mudou, desde 10 de Março de 2024, data em que os portugueses deram uma vitória eleitoral à coligação actualmente no poder.

Portugal não pode ser uma vulgar parada, nem um jogo de póquer, muito menos uma roleta, merece decisões políticas sólidas e sustentadas na racionalidade.

A única réstia de clarificação é a confirmação dos mandatos erráticos de Marcelo Rebelo de Sousa, incapaz de afirmar um comportamento institucional, relevante e estável.

A crise de 2025, com ou sem eleições antecipadas, é uma oportunidade de ouro para os portugueses começarem a penalizar os partidos do Bloco Central.


segunda-feira, 3 de março de 2025

TRANSPARÊNCIA: DA SALA OVAL À CRISE PORTUGUESA


O “grande momento de televisão” na Casa Branca, símbolo do poder mundial, entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky, ficará nos anais como um dos momentos de maior desconstrução do funcionamento do poder.

O que fica é a forma brutal como os líderes dos Estados se relacionam entre si, relegada a questão da forma (fato, linguagem, etc.) tão apreciada pelos afins e mercenários, tanto mais que o hábito não faz o monge.

O Mundo ouviu e viu, ao vivo e a cores, como o mais forte espezinha e humilha o mais fraco, à revelia de todos os valores e da lei internacional.

A conversa entre “animais”, uns mais facínoras do que outros, é comum nos bastidores, nas negociações militares ou económico-financeiras que ficam no silêncio dos corredores, pelo que substantivamente nada de novo aconteceu.

O que ainda mais impressionou nesta selvajaria é a discussão da paz na Ucrânia invadida, tão querida da Europa, enquanto permanece o faz-de-conta em relação à Palestina, ao Sudão e noutros lugares vítimas do impune tráfico de armas.

Facto: em qualquer dos casos, sejam quem forem os contendores, bastava fechar a torneira das armas.

A realidade que tem conduzido o Mundo ao desastre continua a ser determinada no século XXI por egos e lideranças brutais, em democracia ou em ditadura, impondo termos devastadores e consequências irreparáveis.

Com os preparativos da III guerra mundial em marcha, Portugal assiste a mais uma crise política interna em que os algozes fazem de cordeiros e o coro das facções aplaude uns e outros.

Não é preciso invocar o escândalo Watergate, entre outros, para confirmar que a transparência, agora estrondosamente reconfirmada na Sala Oval, é um activo de enorme importância.

Se Portugal fizesse da transparência um desígnio nacional, os portugueses não seriam tão pobres e repetidamente esmagados com a cumplicidade da elite, da classe política e até, nalguns casos, da comunicação social.