António Costa, primeiro-ministro, vai gozando o silêncio.
Marta Temido, ministra da Saúde, por ora, remetida ao gabinete.
Marcelo Rebelo de Sousa quebra a mudez geral para afirmar que o encerramento das urgências hospitalares «é um problema específico».
Os portugueses sentem mais um branqueamento brutal.
Lucília Gago, procuradora-geral da República, fica na sombra, deixando crescer a percepção de que a incúria de alguns poderosos ainda está acima da Lei.
Curiosamente, nem os opinion makers atiram um pedido de demissão.
Nada!
O maior partido político da esquerda assobia para o lado.
É mais um apagão da cidadania, enquanto os elementos das claques de futebol se esfaqueiam e matam, muito por força de uma cultura alarve com direito a prime-time.
A impunidade dos representantes eleitos e dos gestores nomeados pelo poder político cava cada vez mais fundo esta espécie de Estado de Direito que também fecha ao fim-de-semana.
A choldra perdura!
O regime de Prevenção da Corrupção entrou em vigor mas a autoridade fiscalizadora não existe.
Resta o "contentamento" de saber que está em vigor, pois, está claro, com governantes assim “determinados” em combater uma das mais iníquas chagas da actualidade.
Tal e qual como a aprovação parlamentar da eutanásia, num país em que não há médicos e enfermeiros suficientes para salvar a vida dos doentes.
É o chafurdar sem limites!
Desfrutem!
Entretanto, continuamos a receber os turistas na maior bagunça.
A inconstitucionalidade da “lei dos metadados” começa a fazer estragos, depois dos órgãos de soberania fingirem politicamente, durante os últimos anos, que o problema não existia.
Só faltava mesmo a proeza dos portugueses obrigados a sair do país, por causa da fome ou da falta de uma vida digna, serem orgulhosamente exibidos precisamente por aqueles que os empurraram para fora.
Em síntese, recorrendo à actualidade e ao humor de Eça de Queirós:
«– Choldra em que você chafurda! - observou o Ega, rindo. O outro recuou com um grande gesto: – Distingamos! Chafurdo por necessidade!» (Os Maias).