Numa semana decisiva para a Guerra na Europa, por cá é cada vez mais previsível o cenário de fuga de António Costa para um cargo internacional.
Com a balbúrdia instalada, a perspectiva de eleições legislativas antecipadas, a curto prazo, ganha renovada credibilidade.
Com Pedro Nuno Santos fora do governo, agora embalado com um espaço de comentário político, para umas dezenas de milhar de telespectadores, Fernando Medina passou a ter caminho aberto.
O estapafúrdio anúncio de medidas para o sector da habitação não deixa quaisquer dúvidas: Fernando Medina já manda.
Qual aprendiz bem comportado, o ministro das Finanças não hesita no vale tudo para disfarçar responsabilidades da governação do PS: desde a selvajaria na imigração, um “humanismo” que enche os cofres do Estado, ao “terrorismo” social do arrendamento compulsivo.
Aliás, neste contexto, não admira que o primeiro-ministro dê a cara, mais uma vez, por uma falsidade política, ao estimar o custo do “descongelamento” das carreiras dos professores em 1300 milhões de euros de despesa permanente.
A passagem de Fernando Medina pela liderança da Câmara de Lisboa, com os resultados pífios da plataforma “Habitar Lisboa”, entre outras iniciativas delirantes, não moderou a sua ambição política.
Confiante que o Chega é suficiente para dizimar o que resta do PSD, Fernando Medina faz contas para arrebanhar os votos que restam ao atordoado Bloco e ao moribundo PCP.
É o expoente da política modernaça, desde o marketing da candura e do ilusionismo à instrumentalização das instituições.
Não admira que, a cada escândalo, assegure que não sabe de nada, numa cristalina formalidade que, por ora, o tem colocado a salvo.
Quando chega a Bruxelas, com as “contas certas”, pouco lhe importa politicamente serviços públicos no caos, mortes nas Urgências, sem-abrigo, justiça de rastos, professores, médicos e enfermeiros humilhados e polícias depauperadas.
Para o político que consegue a proeza de sintetizar o pior de Sócrates e de Costa só uma coisa importa: o poder.
Resta saber se, depois de a maioria dos lisboetas o terem corrido, terá alguma hipótese de algum dia liderar o governo de Portugal.