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segunda-feira, 3 de abril de 2023

NEGOCIAR COM A CHINA É INSULTAR OS UCRANIANOS


Enquanto os portugueses descobrem e sentem, a ritmo acelerado, o falhanço da governação de António Costa, as notícias vindas da União Europeia e da China fazem despertar os maiores receios.

Se por cá, a banha da cobra já não pega, a nível externo começam a disparar todos os alarmes, a propósito da deslocação de Ursula von der Leyen e Emmanuel Macrom à China.

Só faltava que a União Europeia, mergulhada numa crescente contestação social, caísse nos braços de Xi Jinping.

É necessário recordar o Tibete, Tiananmen, as prisões secretas, a perseguição ao que resta dos 9 milhões de uigures e outros muçulmanos, Hong Kong e o apoio concedido a Vladimir Putin?

Continuar a olhar para a China como um parceiro internacional credível representa uma perigosa repetição dos erros cometidos em relação à Rússia.

É mais um trágico passo para reforçar o imperialismo e os apetites ditatoriais chineses em relação a Taiwan.

Olhando para o retrovisor, é verdade que Portugal ajoelhou por umas migalhas, que Marcelo Rebelo de Sousa até se babou ao lado do presidente chinês, mas ainda não pedimos a ajuda chinesa para resolver o problema da habitação.

Não é aceitável que os maiores países da Europa se vendam por mais uns tostões.

O povo ucraniano, que continua a ser assassinado e massacrado pelos russos, não pode estar à mercê de qualquer eventual negociata e da corrupção de Estado para lavar a face do ditador chinês.



segunda-feira, 6 de março de 2023

COSTA NÃO É ARGUIDO, MAS SE FOR, SERÁ?



Fernando Medina, delfim de António Costa, uma espécie de herdeiro e “pau mandado” político e partidário, em linguagem popular, está há mais de um mês sob os holofotes da investigação criminal.

Em causa estão crimes de participação económica em negócio e abuso de poder no caso de viciação das regras da contratação pública, que também envolve Joaquim Morão, “dinossauro” do PS.

Sucessor de António Costa na Câmara Municipal de Lisboa, em 2015, o actual ministro das Finanças não perdeu tempo para implementar na autarquia um esquema para gerir as obras públicas.

O resultado está à vista, no momento em que o XXIII governo constitucional pretende engendrar outro esquema para a habitação que, além de inconstitucional, seria uma fonte de mais suspeitas, quiçá corrupção.

Já com o chão político dos bastidores em ebulição, com os pés a queimar, António Costa entendeu desvalorizar a situação: «O ministro das Finanças não é arguido, mas se for, será».

Com as investigações da PJ a abarcar o período em que António Costa ainda exercia as funções de presidente da Câmara Municipal de Lisboa é caso para perguntar: o primeiro-ministro não é arguido, mas se for, será?

Com Marcelo Rebelo de Sousa em Belém tudo é possível, mas Portugal aguenta, num momento de crise social e institucional, um primeiro-ministro investigado e arguido?

Há quase dez anos, outro ex-primeiro-ministro do PS, José Sócrates, foi detido, constituído arguido, preso preventivo, acusado, pronunciado, continuando escandalosamente a aguardar julgamento.

Muitos garantiram que tal investigação só foi possível porque a PJ, alegadamente permeável ao controlo político, havia sido excluída em favor da Autoridade Tributária de Braga.

A PJ já está suficientemente blindada para poder investigar e para propor ao Ministério Público que António Costa seja constituído arguido?

Surpreendentemente com mais inspectores no bolso, Luís Neves tem nas mãos o futuro político de António Costa, mas a sua responsabilidade é ainda maior, porque está em causa a autonomia e a credibilidade da PJ.

 

 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

FERNANDO MEDINA JÁ MANDA


Numa semana decisiva para a Guerra na Europa, por cá é cada vez mais previsível o cenário de fuga de António Costa para um cargo internacional.

Com a balbúrdia instalada, a perspectiva de eleições legislativas antecipadas, a curto prazo, ganha renovada credibilidade.

Com Pedro Nuno Santos fora do governo, agora embalado com um espaço de comentário político, para umas dezenas de milhar de telespectadores, Fernando Medina passou a ter caminho aberto.

O estapafúrdio anúncio de medidas para o sector da habitação não deixa quaisquer dúvidas: Fernando Medina já manda.

Qual aprendiz bem comportado, o ministro das Finanças não hesita no vale tudo para disfarçar responsabilidades da governação do PS: desde a selvajaria na imigração, um “humanismo” que enche os cofres do Estado, ao “terrorismo” social do arrendamento compulsivo.

Aliás, neste contexto, não admira que o primeiro-ministro dê a cara, mais uma vez, por uma falsidade política, ao estimar o custo do “descongelamento” das carreiras dos professores em 1300 milhões de euros de despesa permanente.

A passagem de Fernando Medina pela liderança da Câmara de Lisboa, com os resultados pífios da plataforma “Habitar Lisboa”, entre outras iniciativas delirantes, não moderou a sua ambição política.

Confiante que o Chega é suficiente para dizimar o que resta do PSD, Fernando Medina faz contas para arrebanhar os votos que restam ao atordoado Bloco e ao moribundo PCP.

É o expoente da política modernaça, desde o marketing da candura e do ilusionismo à instrumentalização das instituições.

Não admira que, a cada escândalo, assegure que não sabe de nada, numa cristalina formalidade que, por ora, o tem colocado a salvo.

Quando chega a Bruxelas, com as “contas certas”, pouco lhe importa politicamente serviços públicos no caos, mortes nas Urgências, sem-abrigo, justiça de rastos, professores, médicos e enfermeiros humilhados e polícias depauperadas.

Para o político que consegue a proeza de sintetizar o pior de Sócrates e de Costa só uma coisa importa: o poder.

Resta saber se, depois de a maioria dos lisboetas o terem corrido, terá alguma hipótese de algum dia liderar o governo de Portugal.