domingo, 11 de dezembro de 2022

ONDE ESTÃO ELAS E ELES?


Em Março de 2013, cerca de um milhão e meio de portugueses saíram à rua para protestar contra a política de Passos Coelho.

Hoje, a pergunta impõe-se: acomodaram-se?

Uns, mais lúcidos, já emigraram.

Outros, sempre resilientes, ainda andam a discutir se a culpa é de Cristiano Ronaldo ou de Fernando Santos.

Por último, os mais resignados continuam a aguentar, levando a cruz, como lhes ensinaram em pequenos.

Nada desperta: nem as cheias, nem a pobreza, nem o envelhecimento, nem a ladroagem, nem a justiça para os ricos e outra para os pobres, nem mesmo serem tratados como gado pelo SNS.

A passadeira vermelha para antigos e actuais governantes, que dizem o que desdisseram antes, sem contraditório e censura, é o maior anestésico da cidadania.

Não admira que os portugueses não comprem jornais, depois de se contentarem com uma espécie de pacote de informação oferecida pelas televisões (julgam que é de borla!).

Neste país fustigado – a ver a bola, a engolir as mentirolas de Costa e a desvalorizar o branqueamento brutal de Marcelo –, falta energia para lutar por uma vida digna.

Afinal, «isto sempre foi assim!», dizem alguns, mas falta aquele milhão e meio de cidadãos para voltar a dizer que não pode continuar a ser assim.

Passados quase 10 anos, com a situação institucional, política, económica e social em degradação acelerada, onde estão elas e eles?

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

MONSTROS DO SÉCULO XXI


Será que o espancamento de uma mulher indefesa no Irão ou no Afeganistão é uma “questão cultural”?

Será que os assassínios na Ucrânia e os encarceramentos na China podem alguma vez ser considerados “questões internas”?

As imagens da repressão no Afeganistão, na China e no Irão são brutais.

Tal e qual como as fotos e os vídeos da agressão, da invasão e da guerra que Vladimir Putin continua a impor ao povo ucraniano.

Perante estas tragédias, entre outras, que nos invadem diariamente, ainda há quem encontre pretextos para evitar a condenação firme e inequívoca.

Outros que tais, ainda mais ardilosamente, até invocam a impossibilidade de exportar modelos políticos para manter um acobardamento inaceitável.

Por último, não é possível esquecer todos aqueles que, por fanatismo religioso, dependência das negociatas e ódio nacionalista ou racial, tudo desculpam aos actuais regimes facínoras.

Aliás, não admira, para estes e quejandos, que baste uma bola para disfarçar todo o tipo de violências, contra as mulheres, os imigrantes e ainda outras minorias.

De uma maneira ou de outra replicam a lógica bafienta de outros afins que, por razões opostas, no século passado, silenciaram regimes políticos de má memória.

A denúncia dos crimes já não chega, é preciso desmascarar intransigentemente a lógica infernal que tem servido para aliviar e eternizar os poderosos monstros do século XXI.