segunda-feira, 20 de março de 2023

CREDIBILIDADE E CONFIANÇA


O eufórico cortejo das promessas do governo liderado por António Costa, com Marcelo Rebelo de Sousa a acolitar, sempre sorridente, aqui e ali, tem os dias contados.

As manifestações de protesto, desde os médicos, enfermeiros, professores e oficiais de justiça já faziam antever o descalabro em curso.

Faltava apenas uma pedra de toque: o arrasador discurso de Aníbal Cavaco Silva.

Sejam quais forem as opções políticas, a verdade é que o ex-presidente tocou nos pontos fulcrais: credibilidade e confiança.

De facto, quem garante que o agora prometido pelo governo não será alterado ou retirado no futuro?

Obviamente, ninguém, muito por força da descredibilização presidencial fruto de sucessivas cambalhotas à la carte.

Depois de sete anos de governação, sendo o último em regime de maioria absoluta, as promessas e as piruetas têm sido tantas e tão variadas que já ninguém acredita.

Como já não é possível esconder o desastre, o primeiro-ministro avançou, por exemplo, na Habitação, para a radicalização, para depois recuar estrondosamente.

O mais grave é que Marcelo Rebelo de Sousa usou, precipitada e gratuitamente, para fazer ridiculamente prova de vida, a dissolução da Assembleia da República a 4 de Novembro de 2021.

Agora, penosamente, o arrastar de um governo desconjuntado, acompanhado pelos inenarráveis palpites presidenciais, a toda a hora, fazem temer pelo futuro.

O apagão do apagão fiscal e o almirante do dedo esticadinho são apenas rastos do país económica, financeira e institucionalmente falido.

E o pior, já à vista de todos, ainda está por vir.

segunda-feira, 13 de março de 2023

DO APAGÃO FISCAL AO EMBACIADO MARCELO



Fernando Rocha Andrade, em 2017, ordenou um inquérito à Inspecção-geral de Finanças (IGF) para apurar o mais escandaloso “apagão fiscal” de que há memória em Portugal.

As conclusões desse inquérito ("falha informática") foram de tal forma risíveis que o então secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do XXI governo constitucional encaminhou o "trabalhinho" da IGF para a PGR.

Com a cobertura do seu antecessor, Paulo Núncio, importa recordar a “façanha”: transferências offshore de mais de 10 mil milhões de euros, dos quais cerca de oito mil milhões através do então BES, de 2011 a 2014.

No último comentário na SIC Notícias, Ana Gomes revelou o arquivamento do Ministério Público, seis anos depois da queixa.

Depois das denúncias realizadas pela candidata às últimas presidenciais, que ainda recordou que os dados “desaparecidos” estão no Banco de Portugal, António Costa, Fernando Medina, Mário Centeno e Lucília Gago já deveriam ter sido chamados de urgência a Belém.

É bem verdade que uma parte do dinheiro que “voou” estava à guarda do amigo Ricardo Salgado, mas será que Marcelo Rebelo de Sousa vai continuar em silêncio, sem nada fazer?

Mais: o recente elogio ao “rigor” da IGF, por parte do presidente, foi provocado por mais esta espécie de mirabolante “apagão”?

À socapa, a elite continua a rir das “proezas” de Marcelo Rebelo de Sousa, desde que os ventos lhe sejam favoráveis, mantendo o status quo institucional.

Qualquer que seja o buraco, como comprovam os 274,1 mil milhões de euros da dívida pública, serão os cidadãos a pagar, sobretudo os mais pobres.

Entretanto, à medida que os mais directos responsáveis fazem de conta que mais esta indecência sem qualificação não lhes diz respeito, nas redacções aumenta o anedotário do regime.

Em síntese: a Autoridade Tributária e a IGF vêem assim consagrada a sua impunidade, por ora, ao mesmo tempo que continua a perseguição furiosa em relação aos contribuintes indefesos.

Até quando?