segunda-feira, 1 de agosto de 2022

FAZER VISTA GROSSA


Manuel Soares, presidente da ASJP, assinou um excelente artigo de opinião, dando conta, inteligentemente, do assalto que a arbitragem poderá estar a esconder há décadas.

O assunto não é novo, Maria José Morgado já o havia denunciado desde 2002.

Passados 20 anos, como é possível que se mantenha uma situação que configura um exemplo da tal corrupção legalizada?

O problema não se fica pelas relações entre o Estado e os privados, basta recordar a Igreja portuguesa e os abusos perpetrados pelos padres.

É este deixar andar cúmplice que explica, em parte, o que se passa no país, SNS e vistos gold, entre outros, sem esquecer as últimas sobre Álvaro Sobrinho e o caso BES/BESA.     

O “estado da arte”, tão bizarro quanto abjecto, teve um ponto alto com a entrevista de Magalhães e Silva, em que admite que dinheiro chegava aos partidos portugueses em malas vindas de Macau.

Entre o descaramento e o assomo de honestidade, venha o diabo e escolha.

Já não há instituição, propaganda, selfie e informação industriada capazes de branquear a evidência nauseabunda.

Não podemos perder a esperança, muito menos desistir, baixar os braços e continuar a deixar passar tanta afronta, para não lhe chamar crimes.

O último anúncio de Luís Neves é um grito de alerta: a partir de Setembro, o director da PJ encetará esforços para que o acesso a outras bases de dados possa ser protocolado.

A promessa, mil vezes repetida, durante as últimas décadas, não pode cair em saco roto.

Já basta o que basta, em que o primeiro-ministro, o presidente e demais altos responsáveis fazem vista grossa.

segunda-feira, 25 de julho de 2022

E A SILLY SEASON?


Vivemos tempos de incerteza, cada vez mais atípicos, mas ainda podemos fazê-lo a gozar o sol e com uma bebida gelada.

À beira de entrar o mês de Agosto, as habituais noticias sempre tão criativas quanto serviçais têm sido substituídas por notícias avassaladoras.

Em vez do breaking news do destino de férias de um qualquer político, ou até de um qualquer socialite de vão de escada, estamos a ser bombardeados com notícias graves e sérias.

E a silly season?

Já nem temos direito às latest news acéfalas e gratuitas para, pelo menos para alguns, descansar o espírito e exibir uma falsa felicidade?

O SNS e o INEM merecem atenção e escrutínio que não podem ser abastardados pela leveza de uma discussão de Verão a beira-mar de mais um parolo confronto ideológico.

Não, a saúde não pode ser tratada como mais um qualquer fait divers de férias.

Estão a morrer pessoas por falta de assistência.

A incúria da governação está a resultar no caos, tentar disfarçá-lo é ainda mais criminoso.

segunda-feira, 18 de julho de 2022

TRAMBOLHÃO


António Costa, com a “mãozinha” da comunicação social, lá foi vendendo a sua banha-da-cobra até chegar à maioria absoluta.

De promessa em promessa, quais fake news toleradas, valeu tudo, desde o silêncio cúmplice do presidente ao assobiar para o lado de quem tem o dever de escrutinar.

O trambolhão político é tal que é o próprio primeiro-ministro a manifestar choque com a falta de reformas estruturais que o próprio não fez.

Passados 100 dias da tomada de posse do XXIII governo constitucional, a ilusão começa a esbarrondar.

Com estrondo!

A autoridade do primeiro-ministro é diminuída pelo principal par.

O presidente é registado, de selfie em selfie, como um adereço da República.

Os cidadãos estão zangados, sentem-se enganados.

O fantasma do fascismo já não chega para explicar os falhanços sistematicamente desculpabilizados.

Nem a pandemia, nem a Guerra na Europa, podem servir de álibi, porque os seus efeitos devastadores ainda não se fazem realmente sentir.

O país contínua vulnerável, adiado, à mercê de mais um qualquer “amplo consenso”, obra faraónica, salvador com ou sem boné, gola e estrelas.

O balanço da governação é mais cidadãos sem médico de família, mais famílias que precisam de apoio para comer, mais sem-abrigo, mais dívida, mais impostos e mais inflação, em suma, demasiado caos, desfaçatez política e impunidade.

Será suficiente para desta vez despertar os portugueses?

O debate do Estado da Nação marca o regresso aos tempos da maioria de Sócrates, aos fumos da corrupção, à compra e venda na comunicação social, a mais e mais anúncios e truques.

A receita pode ser sempre a mesma, mas a fuga está cada vez mais difícil.

segunda-feira, 11 de julho de 2022

ATÉ QUANDO VAMOS CONTINUAR A FINGIR?


António Costa dá a entender que Marcelo Rebelo de Sousa conta para a governação.

Pedro Nuno Santos simula que o primeiro-ministro manda.

A comunicação social completa a encenação, agora à boleia da Guerra na Europa, tentando convencer-nos que o caos interno também se repete lá fora.

Até há quem ainda esteja convencido, acordado, a dormitar e no sono profundo, num governo que nos vai salvar nos próximos quatro anos.

No entanto, por mais falsificação, a realidade continua a abraçar-nos de uma forma sufocante.

Poucos são aqueles que insistem no alerta para a tempestade perfeita que se aproxima a passos largos, porque há quem insista em fazer de conta.

António Costa desfia promessas a um ritmo vertiginoso, enquanto Marcelo Rebelo de Sousa desfruta com a avaliação de uma visita de Estado pelo número de selfies.

 Ainda assim continuamos a encolher os ombros a cada caso e casinho, com mais ou menos Fomento, que já custaram muitos milhares de milhões de euros.

Com o país a arder, a cada aumento da temperatura e da dívida pública, lá engolimos a confiança da maioria na governação que enche a boca com o Ambiente e as contas certas.

Até continuamos a querer acreditar nas sucessivas rábulas do combate à corrupção, da erradicação dos sem-abrigo e da pobreza e da prioridade ao Ensino, Justiça e Saúde.

Num país que ignora a miséria das pensões dos mais idosos e condena os jovens ao salário mínimo de sobrevivência, até quando vamos continuar a fingir?