A maior produção de um espectáculo em Portugal está prestes a arrancar com a chegada do Papa Francisco.
Os poderes institucional e político rejubilam, tal como “tilitam” os cofres da Igreja à custa de mais um esforço dos portugueses que mal têm dinheiro para comer.
Passados mais de três anos do anúncio eufórico de Marcelo Rebelo de Sousa, a Jornada Mundial da Juventude está aí, rodeada de tanta Fé quanto o mais sofisticado marketing capaz de fazer corar qualquer outro festival.
Não conseguimos! Portugal, Lisboa.
Não conseguimos retirar os sem abrigo da rua, antes convivemos com mais e mais pessoas no limite da sobrevivência.
Não conseguimos ter cuidados de saúde dignos desse nome, antes somos confrontados com mais mortes à porta das Urgências.
Não conseguimos vencer a pobreza, antes estamos a assistir ao êxodo dos jovens, ao sofrimento dos mais idosos, ao desaparecimento da classe média e ao mascarar da crescente pobreza com um assistencialismo pífio desta esquerda.
Não conseguimos ter uma escola em paz, capaz de garantir o elevador social, substituída pela aposta na imigração sem cuidar da mais elementar dignidade humana.
Não conseguimos ter uma justiça capaz de honrar o Estado de Direito.
Não conseguimos garantir a segurança dos cidadãos, nem mesmo dos agentes da autoridade, agredidos e esfaqueados na rua.
Não conseguimos ter uma banca e um tecido empresarial competitivos, por causa de uma elite medíocre, corrupta e venal à disposição dos vícios do poder.
Não conseguimos ultrapassar o triste fado do expediente, usando e abusando dos ajustes directos.
Não conseguimos ter cidadãos livres, capazes de assumir a cidadania sem medo de represálias.
Na semana que passou, os exemplos de Artur Bordalo e Tiago Oliveira são honrosas excepções, que rapidamente serão esquecidos, assumindo cada um o preço da luta pela nossa liberdade.
Este é o retrato do país que vai receber o Papa Francisco, por maior que seja a devoção e a publicidade.
Esta é a ostentação que o então Cardeal Bergoglio criticava viva e frontalmente antes de ascender à cadeira de Pedro.
Esta é a Igreja de D. Manuel Clemente e de D. Américo Aguiar.
Não conseguimos! Portugal, Lisboa.
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