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segunda-feira, 22 de junho de 2020

JOVENS ACORDAM


Faço parte daqueles que acreditam que os mais novos são sempre uma esperança.

E nunca aceitei a tese simplista que os jovens vivem alheados da realidade social e política.

Por canais informais, e segundo os seus interesses, a juventude é atenta ao que se passa à sua volta, tanto mais que tem de lutar e aproveitar todas as oportunidades para ter um emprego condigno e aspirar a uma vida.

A verdade é outra: Há várias gerações de jovens que têm sido massacradas pelos desmandos do poder político e pelas sucessivas crises.

E, agora, subitamente, com a pandemia, passaram a alvo do poder institucional por assumirem simplesmente um comportamento em linha com os exemplos e as mensagens do poder.

É caso para perguntar: Será que as festas e os ajuntamentos dos jovens nos últimos dias são uma forma de dizerem ao poder presidencial, executivo e político que basta de tanto arbítrio e hipocrisia?

Ou melhor, estaremos face a uma espécie de statement de protesto?

Vale a pena esperar, ver e reflectir!

É que não é possível apagar as últimas "brincadeiras" de Estado, como as manifestações, as comemorações e os espectáculos com a "afável" cobertura do regime.

Aliás, os ajuntamentos em Braga e no Porto, a festa na praia de Carcavelos e o aniversário em Lagos não são suficientes para explicar o "milagre" de casos e mais casos na área metropolitana de Lisboa.

E as últimas ameaças do primeiro-ministro e do presidente da República dirigidas aos jovens, brandindo a intervenção das forças policiais para quem não se resigna com a ausência escandalosa de critérios, é a prova do desnorte que graça ao mais alto nível.

Aliás, veja-se só o último exemplo que deve deixar qualquer jovem (ou menos jovem) confundido: o espectáculo que foi brindado com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa no Campo Pequeno acaba de ser proibido no Porto.

Os mais jovens parecem não aceitar mais esta etapa do bailete, pelo que fazem questão de reunir desafiando a autoridade de quem tem vindo a perder toda a credibilidade. 

Mesmo sabendo que as "brincadeiras", sejam elas de quem forem, têm consequências, quando descobertas e expostas.

É preciso parar e ponderar, adoptando uma abordagem verdadeira, transparente, responsável, coerente e pedagógica, em vez de apresentar as últimas festarolas da juventude como reuniões de hordas de macacos.

À luz do comportamento dos principais órgãos de soberania, agentes do Estado e demais afins sempre disponíveis para tudo justificar seria possível esperar outro comportamento da parte dos jovens?

Não!

A pressão que está a ser feita sobre os jovens é injusta e descabida, porque o seu comportamento é apenas o resultado de um frenesi das autoridades apostadas numa espécie de campeonato da propaganda e do disparate.

Como sublinhou Miguel Poiares Maduro, «não somos os melhores do Mundo. Mas deveríamos querer ser! Para isso, temos de trabalhar a partir da realidade».

Os recados desesperados, as ameaças veladas e as perseguições cobardes são sempre a marca dos medíocres e dos fracos, incapazes de assumirem os seus erros e de estar à altura de um período crítico.

Há quem ainda não tenha aprendido que os tiques arbitrários e autoritários, bem como os truques e a opacidade, com mais ou menos descaramento, impunidade e corrupção à mistura,  mais tarde ou mais cedo acabam mal.

Os últimos que se julgaram donos-disto-tudo já bateram com os costados na cadeia ou ainda andam às voltas com a Justiça.

Ou como diria o outro: às vezes, com o tempo, o(s) macaco(s) empoleirado(s) na grande árvore dana(m)-se!