Em Portugal, nos momentos de crise, é o ai quem me acuda nos mais diversos sectores.
Infelizmente, o sector da comunicação social está sempre nesta linha da frente da pedinchice.
O poder político (logrão!) apressou-se a usar o dinheiro público - já lá vão 15 milhões - para garantir "boa imprensa", omitindo o espezinhar dos mais novos que abraçam a profissão e todo o tipo de atropelos que abastardam a liberdade de imprensa.
Mas não chega!
Nunca chega!
É claro que a receita já vem de longe e não muda, nem para os governantes e políticos nem para os próprios jornalistas seniores e demais "estrelas" principescamente remuneradas.
O resultado está à vista: empresas endividadas, com estruturas de custos surreais, mais ou menos de mão estendida, obviamente disfarçadamente, sempre à espera de mais um "subsidiozinho" ou de um benefício fiscal para tapar uma gestão pouco profissional e competente.
Chegados a 2020, data da pandemia, lá voltamos à mesma laracha: apoiar a imprensa com mais uma ajudinha porque é um sector indispensável à Democracia.
A presente conjuntura devia obrigar uns e outros a corar, sobretudo a reflectir sobre o valor de outras profissões, desde os médicos, os enfermeiros e até ao mais simples operador de caixa do supermercado perto de casa que nos permitiu ultrapassar o confinamento mais suavemente.
Curiosamente, ou não, ninguém se lembra destes profissionais, entre tantos e tantos outros anónimos, que abnegadamente deram um contributo ímpar e um exemplo de civismo extraordinário, a não ser as generosas e merecidas salvas de palmas.
Os auxílios, nas mais variadas formas, são sempre para os mesmos, desde aqueles que estão sentados à mesa do orçamento até aos outros que gravitam à volta do poder.
E aqui começa outro problema crónico: o Estado, pela mão dos governos e das maiorias conjunturais, lá vai distribuindo umas prebendas às suas clientelas à medida das suas expectativas políticas e interesses partidários.
O sector da comunicação social tem de aprender a viver com os telespectadores, ouvintes e leitores que conquistou e merece.
E até deveria prestar a maior atenção às últimas palavras de Pedro Nuno Santos (ai se os membros do Conselho Europeu sabem!) dirigidas aos privados da TAP.
De facto, nem mesmo uma situação excepcional de pandemia deve obrigar o Estado a pagar os desmandos de privados. muito menos o "Quem quer namorar com o agricultor", o "Big Brother" ou mais uma qualquer "Champions".
É que, em abono da verdade, não vale a pena continuar a fazer de conta: A missão de informar já deixou de ser a jóia da coroa dos grupos de comunicação social há muito tempo.