A história da nomeação de Lucília Gago é um enorme contributo para a redefinição da "transparência" na Democracia portuguesa.
Pela mão de um primeiro-ministro que perdeu as últimas eleições e de um presidente da República que interpreta a Constituição da República a seu belo prazer, a nova PGR tem à partida bem definidos novos limites de actuação.
Além daqueles que decorrem da Lei, Lucília Gago sabe que há assuntos em que não se deve meter, como por exemplo, Angola e os seus altos dirigentes; e também está ciente que seja qual for o seu desempenho ao longo do mandato, que começa a 12 de Outubro, não será reconduzida se António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa continuarem em funções em São Bento e Belém.
Para já, mesmo sem falar da EDP e dos interesses chineses, se tudo passou a estar menos "irritante", não está tudo resolvido, nem mesmo à luz desta nova "transparência".
Dois casos paradigmáticos borraram a selfie que António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa prepararam tão afincadamente para todas as portuguesas e todos os portugueses.
Num artigo de opinião, Pedro Passos Coelho, levanta questões tão sérias e graves que não podem passar sem escrutínio, pois estão em causa acusações directas de um ex-primeiro-ministro aos actuais dois mais altos representante do Estado português.
Num artigo de opinião, Pedro Passos Coelho, levanta questões tão sérias e graves que não podem passar sem escrutínio, pois estão em causa acusações directas de um ex-primeiro-ministro aos actuais dois mais altos representante do Estado português.
Por sua vez, as declarações de José Sócrates, um dia depois do anúncio da nova PGR, um detalhe "socialista" de timing político, também não podem ficar por esclarecer, pois estão igualmente em causa acusações directas às duas magistraturas e ao normal funcionamento do Estado de Direito.
Lucília Gago já tem pela frente dois novos casos sensíveis.
A forma como encarar as declarações de Passos Coelho e Sócrates vai representar um sinal inequívoco para percebermos se algo mudou ou se, de facto, está garantida uma linha de continuidade.
A forma como encarar as declarações de Passos Coelho e Sócrates vai representar um sinal inequívoco para percebermos se algo mudou ou se, de facto, está garantida uma linha de continuidade.
É que se não há uma Justiça para os poderosos e os mais ricos e outra Justiça para os cidadãos anónimos e mais pobres, então não nos podemos esquecer que existe uma cidadã investigada, acusada, julgada e condenada a três anos de prisão por ter dito muito menos do que Pedro Passos Coelho e José Sócrates.
Chama-se Maria de Lurdes Lopes Rodrigues.
Chama-se Maria de Lurdes Lopes Rodrigues.
Mais um caso, mais uma história que não pode cair no esquecimento, nem mesmo à luz dos nossos dias em que é muito difícil distinguir entre a farsa e a realidade.