segunda-feira, 13 de julho de 2020

VALHA-NOS A EUROPA


A semana começa com o credo na boca.

Os olhos e os corações estão concentrados nas negociações europeias para a aprovação do Fundo de Recuperação.

A cimeira europeia dos próximos dias 17 e 18 de Julho vai decidir o nosso futuro.

Sim, dependemos totalmente da solidariedade europeia para comer e tentar respirar nos próximos anos.

Mais uma vez, Portugal, com os socialistas na liderança do governo, é apanhado com as calças na mão, desta vez por causa da pandemia.

Ninguém, mas mesmo ninguém, se atreve a colocar a hipótese de não haver um acordo que faça chover mais dinheiro.

Mas nem tudo são rosas.

A eleição do novo presidente do Eurogrupo, um desastre diplomático para Portugal, não é um bom augúrio.

Apesar do apoio alemão a Nadia Calviño – candidata apoiada por António Costa – foi o irlandês Paschal Donohoe que venceu.

Em tempos de pandemia, e com a Alemanha cada vez menos disponível para pagar os interesses de cada um dos países, algo está a mudar entre os 27 países membros da União Europeia.

E o inicio desta mudança surge precisamente no momento em que Portugal ultrapassou os 260 mil milhões de euros de dívida pública, o valor mais elevado de sempre.

Não estamos tão mal como a Itália, mas também não temos a força da economia italiana, nem poderemos contar com a ajuda da afundada economia espanhola liderada por um governo PSOE/Unidas Podemos.

E o sacrossanto binómio exportações/turismo está em reparação.

É neste contexto que o país tomou conhecimento do "plano" de António Costa e Silva, um documento vago e sempre ao serviço, que nos faz regressar ao passado da discussão do TGV, com um toque de "La Seda" da nova fronteira de produção de hidrogénio.

Já não temos desculpa, porque já vimos e pagámos este filme de terror demasiadas vezes.

E nem mesmo o anunciado plano estratégico para a década, desta vez do PSD, serve para sossegar os mais realistas.

E vai ser, novamente – temos de ter Fé! –, um valha-nos a Europa.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

A "NOVA" VERSÃO DE TANCOS


O ambiente de medo e o cheiro nauseabundo das trapalhadas e das negociatas fazem lembrar o fim de mandato de Aníbal Cavaco Silva e José Sócrates.

E na última semana tudo se passou como se nada de extraordinário e grave tivesse ocorrido.

Estranho?

Não!

A presidência está transformada no bailete do Vira, o governo age sem responsabilidade ou receio de ser responsabilizado, o PSD liquida o principal instrumento institucional da oposição, grassa a subserviência, impera o fundamentalismo e falta o escrutínio.

O falhanço no combate à pandemia, a nacionalização da EFACEC e o reforço da posição do Estado na TAP, derrotas monumentais do governo de António Costa, são apenas mais três exemplos do padrão em que mergulhámos há muito tempo.

COVID-19: O aumento dos casos na área metropolitana de Lisboa, a escandalosa falácia de membros do governo sobre os transportes públicos, os desmentidos dos números oficiais de infectados e o "chumbo" do Reino Unido seriam suficientes para causar um terramoto político.

EFACEC: Depois de ignorar avisos, livros e até a queixa de Ana Gomes em Bruxelas, sobre a compra da empresa à luz da legislação europeia anti-branqueamento de capitais, António Costa anunciou a nacionalização (só faltou a imperial), expondo o Estado a mais um contencioso.

TAP: O falhanço da reversão da reprivatização e a assumpção de gigantescas dívidas quatro anos depois demonstram como o governo age sem responsabilidade política e não teme qualquer responsabilização da parte do PR, da oposição e demais entidades judiciais e de controlo.

Apesar de inquinarem o presente e representarem uma enorme ameaça tudo continua como se ninguém fosse responsável, nem mesmo pelas vergonhosas cláusulas secretas agora descobertas.

O desastre, a mentira, a incúria e o fundamentalismo ideológico passam entre os pingos da chuva de um país que começa a arder na indiferença até do anúncio oficial do regresso da censura.

Também fica a constatação de termos chegado, novamente, ao lodaçal que já experimentámos no passado com custos e consequências tão trágicas.

É caso para perguntar com toda a legitimidade: será que todos andam a enganar António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa ou será que ambos andam a mentir ao país há demasiado tempo?

Até parece que voltamos a viver ao ritmo da saga de Tancos...





segunda-feira, 29 de junho de 2020

PATRIOTEIROS E FINGIDOS


O último governador de Macau, do alto da sua impunidade institucional, considerava maus portugueses aqueles que criticavam a administração portuguesa, numa espécie de versão cavaquista do então "deixem-nos trabalhar".

Não tarda nada, a propósito da Covid-19, ainda vamos assistir à mesma rábula tão típica de uma concepção do mundo paroquial em que, aliás, o secretismo e os apelos à união são tão-só uma tentativa infame de alijar responsabilidades.

Apontar os erros clamorosos, para não dizer criminosos, ao falhanço no combate à pandemia continua a ser, na lógica dos patrioteiros de algibeira, uma espécie de ataque ao interesse nacional.

Não importa a verdade, a realidade e o sofrimento de quem vive um dia-a-dia cada vez mais infernal com serviços de hospitais fechados e transportes públicos que mais não são do que uma via verde para ficar doente.

Apenas interessa a boa imagem de Portugal, como se fosse possível garanti-la, na era da informação global, com truques canhestros  e um "milagre" mal-amanhado.

E, assim, lá se vai inventando um bode-expiatório – ontem eram os mais velhos e hoje são os jovens , deixando cair até, preventivamente, o aviso de que não há espaço para uma crise política, tanto mais que a culpa é sempre dos outros.

Infelizmente, os patrioteiros e fingidos continuam impunes, apesar de comprometerem o futuro do país, fazendo gato-sapato de quem tem de enfrentar o vírus e recusa ser tratado como carne para Champions.

O resultado está à vista: debaixo dos discursos oficiais e da capa do Estado estão os números crescentes e assustadores de infectados em Portugal.

Aliás, o desnorte é tal que só faltava mesmo desvalorizar a interdição da entrada de portugueses em diversos países europeus, entre os quais alguns dos principais aliados.

Não valeu a pena tanta ficção, tanta lamechice, tanta opacidade, tanta sabujice política e tanta desonestidade intelectual.

A estratégia de passar verniz por cima dos problemas  a que despudoradamente já se chamou a extraordinária capacidade de improviso dos portugueses , revela até que ponto atravessamos momentos dramáticos e ameaçadores.

O presidente da República e o primeiro-ministro deviam meter a mão na consciência, reflectindo seriamente enquanto é tempo, pois o que o país precisa é de mais acção e menos palavreado, mais prevenção e menos bazófia e mais competência e menos incúria.

É que o nosso futuro não pode depender de patrioteiros e de fingidos.















segunda-feira, 22 de junho de 2020

JOVENS ACORDAM


Faço parte daqueles que acreditam que os mais novos são sempre uma esperança.

E nunca aceitei a tese simplista que os jovens vivem alheados da realidade social e política.

Por canais informais, e segundo os seus interesses, a juventude é atenta ao que se passa à sua volta, tanto mais que tem de lutar e aproveitar todas as oportunidades para ter um emprego condigno e aspirar a uma vida.

A verdade é outra: Há várias gerações de jovens que têm sido massacradas pelos desmandos do poder político e pelas sucessivas crises.

E, agora, subitamente, com a pandemia, passaram a alvo do poder institucional por assumirem simplesmente um comportamento em linha com os exemplos e as mensagens do poder.

É caso para perguntar: Será que as festas e os ajuntamentos dos jovens nos últimos dias são uma forma de dizerem ao poder presidencial, executivo e político que basta de tanto arbítrio e hipocrisia?

Ou melhor, estaremos face a uma espécie de statement de protesto?

Vale a pena esperar, ver e reflectir!

É que não é possível apagar as últimas "brincadeiras" de Estado, como as manifestações, as comemorações e os espectáculos com a "afável" cobertura do regime.

Aliás, os ajuntamentos em Braga e no Porto, a festa na praia de Carcavelos e o aniversário em Lagos não são suficientes para explicar o "milagre" de casos e mais casos na área metropolitana de Lisboa.

E as últimas ameaças do primeiro-ministro e do presidente da República dirigidas aos jovens, brandindo a intervenção das forças policiais para quem não se resigna com a ausência escandalosa de critérios, é a prova do desnorte que graça ao mais alto nível.

Aliás, veja-se só o último exemplo que deve deixar qualquer jovem (ou menos jovem) confundido: o espectáculo que foi brindado com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa no Campo Pequeno acaba de ser proibido no Porto.

Os mais jovens parecem não aceitar mais esta etapa do bailete, pelo que fazem questão de reunir desafiando a autoridade de quem tem vindo a perder toda a credibilidade. 

Mesmo sabendo que as "brincadeiras", sejam elas de quem forem, têm consequências, quando descobertas e expostas.

É preciso parar e ponderar, adoptando uma abordagem verdadeira, transparente, responsável, coerente e pedagógica, em vez de apresentar as últimas festarolas da juventude como reuniões de hordas de macacos.

À luz do comportamento dos principais órgãos de soberania, agentes do Estado e demais afins sempre disponíveis para tudo justificar seria possível esperar outro comportamento da parte dos jovens?

Não!

A pressão que está a ser feita sobre os jovens é injusta e descabida, porque o seu comportamento é apenas o resultado de um frenesi das autoridades apostadas numa espécie de campeonato da propaganda e do disparate.

Como sublinhou Miguel Poiares Maduro, «não somos os melhores do Mundo. Mas deveríamos querer ser! Para isso, temos de trabalhar a partir da realidade».

Os recados desesperados, as ameaças veladas e as perseguições cobardes são sempre a marca dos medíocres e dos fracos, incapazes de assumirem os seus erros e de estar à altura de um período crítico.

Há quem ainda não tenha aprendido que os tiques arbitrários e autoritários, bem como os truques e a opacidade, com mais ou menos descaramento, impunidade e corrupção à mistura,  mais tarde ou mais cedo acabam mal.

Os últimos que se julgaram donos-disto-tudo já bateram com os costados na cadeia ou ainda andam às voltas com a Justiça.

Ou como diria o outro: às vezes, com o tempo, o(s) macaco(s) empoleirado(s) na grande árvore dana(m)-se!



segunda-feira, 15 de junho de 2020

SNS: O BARATO SAI CARO


Enquanto não é concluído o mais que necessário Livro Branco sobre a COVID-19, chegou a hora de começar a fazer contas.

A sério!

Sem demagogias.

E sem olhar ao ruído da máquina da propaganda principescamente oleada com os euros sacados dos nossos bolsos.

Actualmente, sabemos que a crise da pandemia terá custado mais de 15 mil milhões de euros.

Também sabemos que mais de cinco mil mortos ocorreram em Portugal por causa do vírus, bem como devido à suspensão e cancelamento de consultas e cirurgias.

E mais: fomos amavelmente informados que os hospitais da Grande Lisboa voltaram a suspender consultas e cirurgias para acorrerem ao aumento de casos em curso que, extraordinariamente, não preocupam o governo desnorteado e a DGS cada vez mais descredibilizada.

A questão é simples: não teria ficado mais barato ter um Serviço Nacional de Saúde (SNS) capaz, bem apetrechado, com médicos, enfermeiros e assistentes em número suficiente?

Esta é a pergunta que governantes e governados deveriam estar a fazer, reflectindo para melhor poder responder no futuro a qualquer eventualidade.

Aliás, esta matéria até poderia e deveria já ter sido estudada pelos organismos da Saúde, incluindo a politicamente amestrada Escola Nacional de Saúde Pública, entre outros.

Mas, para já, apenas o vazio do silêncio.

Mais do mesmo!

Do governo e dos partidos da oposição parlamentar.

Com um SNS de excelência, o primeiro embate da pandemia poderia ter sido absorvido, dando tempo a uma preparação extraordinária para qualquer agravamento e a um confinamento ponderado e com critérios objectivos.

As contas públicas agradeceriam esta tão simples racionalidade e boa governação.

Porventura não estaríamos na actual situação de aflição, com consequências devastadoras que começarão a ser sentidas a partir de Setembro, nem totalmente dependentes das ajudas europeias.

Neste debate essencial, o que tem feito a imprensa?

Salvo raras excepções, pouco mais do que debitar teses e números oficiais e apanhar a boleia da especulação, do medo e da ignorância, julgando poder tirar dividendos, mais uma vez, sem sucesso, do jornalismo medíocre a que insistem em chamar light.

Ninguém aprende com os erros?

Não!

Tudo é possível, enquanto existir o chapéu caridoso da União Europeia, a dívida poder aumentar desenfreadamente, a máquina fiscal continuar a extorquir o lucro de pessoas e empresas e continuarem as mortes que poderiam ser evitadas.

Até haver uma verdadeira cidadania.







segunda-feira, 8 de junho de 2020

REGRESSO À (A)NORMALIDADE


A propaganda quer convencer-nos que estamos a regressar ao tempo em que não existia a pandemia.

Mas será, entre os sobressaltos na Grande Lisboa,  que estamos a falar de continuar a aceitar a (a)normalidade de 2019 em que morreram mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo por fome e pobreza?

De facto, pouco ou nada tende a mudar estruturalmente.

A Democracia continua a deixar para trás os mesmos de sempre: os mais pobres e aqueles que mais precisam de auxílio.

E, agora, também tem sido assim com as "ajudas" estatais tendencialmente dirigidas, com a Saúde cada vez mais desigual, com a Educação de faz-de-conta que liquida o elevador social e até com a indiferença quando a Justiça parou.

Os critérios opacos e de geometria variável são a sustentação desta "filosofia" da (a)normalidade que acalenta os amigos e os poderosos do costume ao mesmo tempo que propala uma mensagem de solidariedade para enganar os tolos.

E para credibilizar a léria, até garantem que serão precisos anos para regressar à tal (a)normalidade, ou seja o sacrifício de mais uma geração e atirar os pobres para o Banco Alimentar com direito ao afago da caridosa Jonet.

Face a esta realidade, o que faz o presidente da República?

Alimenta o bailete com umas tiradas tão mistificadoras quanto infantis e lá vai tomando umas banhocas com direito a directos televisivos e ao primetime.

E o primeiro-ministro?

Escolhe um gestor à socapa, garantindo-lhe mais de um mês de "liberdade de movimentos", para apontar o nosso futuro no espaço de uma década.

Dá que muito que pensar...

Com pandemia ou não, os tempos são sempre o espelho de atitude ou apatia, de escolha ou indiferença, de resiliência ou desistência.


segunda-feira, 1 de junho de 2020

ANTÓNIO COSTA E SILVA E O "PLANO"


Com a missão específica de coordenar a recuperação económica, com o dinheiro de Bruxelas que ainda não chegou e com a crise da COVID-19 ainda por debelar, o curriculum vitae e as primeiras declarações de António Costa e Silva são inquietantes.

O mais recente espécimen da nova casta que gravita à volta do primeiro-ministro, apesar de imediatamente endeusado pela maioria da imprensa, é uma escolha mais do que duvidosa.

Mesmo sendo pro bono!

Ser CEO da Partex, a petrolífera que foi controlada pela Fundação Calouste Gulbenkian, depois de passar pela Sonangol, não é o melhor cartão de visita para tão espinhosa missão de salvar Portugal do anémico crescimento de décadas e das garras da maior crise de que há memória.

A  opacidade e até secretismo do negócio do petróleo e a transacção com os tailandeses da PTTEP, sem esquecer a extraordinária "aventura" socialista da La Seda, também não devem deixar ninguém tranquilo.

De igual forma, ter o atrevimento de anunciar que fez um plano para dez anos em dois dias também não é a mais credibilizadora mensagem aos olhos dos cidadãos.

A lista de prioridades anunciadas também não: estradas, portos, energia e PME's.

Mais do mesmo...

O mais grave ainda é que, com o "milagre" anunciado pelo presidente da República a desmoronar, António Costa e Silva declarou que também quer um «investimento emblemático» no Serviço Nacional de Saúde.

Emblemático?

Mas, afinal, o que pretende o novo "conselheiro" de António Costa?

Uma pintura da fachada do "edifício" do SNS?

A sucessão de banalidades impressiona, mas a mais perigosa é defender a falsidade política que «esta crise mostrou que o papel do Estado tem de ser revalorizado».

A crise ainda está aqui, presente e avassaladora, estando longe de ter ficado demonstrado que a intervenção do Estado resolveu ou foi suficiente para o que quer que seja.

Fica a doutrinação gasta, aliás desmentida pelos anos e anos de desvario estratégico que nos conduziram a um subdesenvolvimento crónico e a uma dívida gigantesca que condiciona o futuro das próximas gerações.

Só faltava mesmo o ramalhete de quem também acredita que é no mercado e nas empresas que está o «cerne da resposta».

No meio de tempos tão conturbados, cujas consequências ainda só agora começam a ser ligeiramente visíveis, este "arranque" em direcção ao futuro impressiona pela vacuidade e sinais contraditórios.

Bem fez o líder do PAN, o primeiro a dar uma nota dissonante nesta "curta" fantástica, ao anunciar que não tem nada a falar com o "homem do petronegócio".




segunda-feira, 25 de maio de 2020

PANDEMIA E EFEITOS ESPECIAIS


Marcelo é capaz de tudo, até de mentir a si próprio à frente de mais de 10 milhões de portugueses, continuando a sorrir e a debitar banalidades.

Somos os melhores, especiais, etc.

Entretanto segue-se mais uma "notícia" de última hora: a banhoca presidencial na baía de Cascais.

Que indigência...

Enquanto mantém viva a rábula da reflexão sobre a recandidatura, todos os dias faz uma intervenção em que dá um sinal, como lhe convém, de que vai avançar.

Só não o anuncia agora porque tal não serve os seus interesses pessoais e políticos...

E a "democracia" continua...

Parece que os portugueses têm outras "prioridades", dizem os profissionais do costume para distrair as atenções...

Uns pagos às escuras, outros com ajudinhas às claras de oportunidade, mais erro menos erro.

Há privilegiados e privilegiados, sobretudo os "ilustres" que só são o que são porque sempre foram pasto para todo o serviço.

Os efeitos especiais na política conquistaram os portugueses.

E as mentiras oficiais já se tornaram "verdades" populares e banais.

E assim os canalhas continuam a aproveitar-se da ingenuidade alheia...

Vai mais um consenso alargado?

Temos a "investigação jornalística" que resta, porventura por não ser o momento dos jornalistas se meterem com o poder...

Que mediocridade...

Entretanto, face a esta realidade, lado a lado com o bailete em curso, Jair Bolsonaro, depois do vídeo que atesta a sua vulgaridade democrática e política, recebeu uma ordem da Justiça brasileira para entregar o seu telemóvel.

Como está longe o processo de Benjamin Netanyahu, um primeiro-ministro em funções que bateu com os costados num tribunal israelita, por causa de favores aos patrões da comunicação social em troca de cobertura mediática favorável para si e para os seus familiares.

Ah!, se Tancos tivesse ocorrido em Israel ou no Brasil...

segunda-feira, 18 de maio de 2020

OS INEBRIADOS DO REGIME


Os silêncios sobre a morte de Valentina Bernardo, a saga à volta de Mário Centeno, o apoio do primeiro-ministro ao "candidato" Marcelo Rebelo de Sousa e o arraso de um tribunal ao tiranete Vasco Cordeiro representam um patamar nunca visto na vida política e institucional.

É que choca a indiferença de António Costa e de Marcelo Rebelo de Sousa em relação à incúria gritante na protecção de menores.

E também choca a "perseguição" orquestrada contra Mário Centeno.

Ainda choca mais que o primeiro-ministro tenha o atrevimento institucional de fazer uma declaração de apoio à recandidatura do actual presidente.

Mas o que choca realmente é um cidadão ter de enfrentar sozinho o abuso decretado pelo Governo dos Açores, sem que tenha contado com qualquer intervenção e apoio dos órgãos de soberania ou do Ministério Público para reporem a legalidade.

De facto, Costa e Marcelo andam inebriados...

E, aparentemente, até já meteram o MP no bolso...

Com o aparente sucesso dos truques governamentais e do folclore presidencial, mais esquema menos esquema, ambos têm avançado para terrenos politicamente inimagináveis por falta de comparência de quem tem o dever de os enfrentar de frente. 

Talvez porque quem tenha o dever de o fazer tenha medo que eles sejam a nova lei que tudo permite.

Felizmente, na última semana, dois acontecimentos vieram repor alguma normalidade e dar esperança no normal funcionamento das instituições.

Por um lado, Mário Centeno, de uma penada, arrasou a credibilidade de Costa e Marcelo, não tendo sequer receio de lhes chamar irresponsáveis, um "independente" que travou mais um joguinho de quem se comporta como os novos donos disto tudo.

Por outro, face ao descaramento político de Costa, que julga poder subjugar o partido, reduzindo-o à insignificância, Ana Gomes teve a dignidade de defender o PS que existia antes do governo liderado por Sócrates e Costa. 

E prometeu reflectir sobre uma candidatura às presidenciais de 2021.

Não vale tudo, nem em tempos de pandemia...

segunda-feira, 11 de maio de 2020

RAÇA DE GENTE


Pedro Rebelo de Sousa deve estar a dar por muito bem aplicados os euros investidos na campanha presidencial do mano dos afectos.

É que a vida corre-lhe de feição como relatou Maria Henrique Espada na revista Sábado.

De toda a comunicação social, ainda sem ver a cor de carcanhol, apenas uma pequeníssima parte lá vai escrutinando a «cultura de endogamia nas elites portuguesas», como lhe chamou Nuno Garoupa.

Numa semana terrível de números globais da Covid-19 ficámos a saber que o PM desconhecia uma transferência de centenas de milhões de euros para o Novo Banco depois de ter assumido na AR nem mais um tostão antes de estar concluída uma daquelas auditorias que duram, duram...

Mário Centeno continua em funções depois de ter desautorizado o PM com estrondo?

A sempre muito bem informada Catarina Martins, uma actriz na arte de fazer política, deu assim o seu contributo para melhor compreender como é a governação ainda antes das férias de Verão que se aproximam perigosamente. 

Ou como fazer oposição em tempos de pandemia...

Será que já ninguém se lembra do que foi votado pelos deputados em Fevereiro passado?

As surpresas e os sustos não cessam, como se os deuses se tivessem organizado para meter a realidade pelos olhos dentro dos portugueses.

Depois do "negócio" de um secretário de Estado, que mais parece um elefante numa loja de porcelana, obviamente chinesa, a TAP do "orgulho" do saque de centenas de milhares de milhões de euros dos bolsos dos portugueses passou para a praça pública.

Pois, claro, haja o que houver!

As guerrinhas internas entre o PM e dois dos seus ministros, um must há muito anunciado, prometem episódios apocalípticos, se levadas a sério as conspirações pequeninas de quem já entrou em alerta vermelho na emergência...

Como se não bastassem todas estas estações do calvário dos portugueses ficámos também a saber que, afinal, o futebol, a Festa do Avante  e os mini festivais podem arrancar com medidas sanitárias da DGS (moribunda) de Graça de Freitas.

À cautela, as forças polícias vão para Fátima para salvar o "milagre"...

Entretanto, os restantes polícias andam a fazer operações stop e a dar caça a banhistas em praias desertas de gente e alegria, isto quando não são cercados por residentes num qualquer bairro.

Ah!, e então o SNS que resistiu à COVID-19, depois do cancelamento de milhares e milhares de consultas e cirurgias que já provocaram mais mortes do que o próprio vírus.

Ah!, e que dizer da defesa dos ciganos, dentro ou fora de Monforte, na era do espelho meu, espelho meu, há alguém menos racista do que eu?, enquanto estrangeiros, imigrantes e refugiados vivem amontoados em pensões que mais parecem gulags ou campos de concentração.

Ah!, como são firmes aqueles que nos governam e decretam multas de 350 euros para quem não usar máscara, depois de não terem acautelado a protecção individual a tempo e horas.

E Portugal tão vertiginosamente igual...

Nem uma pandemia consegue mudar esta raça de gente.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

FILHOS E ENTEADOS... QUEM DIRIA?


Em Portugal, nos momentos de crise, é o ai quem me acuda nos mais diversos sectores.

Infelizmente, o sector da comunicação social está sempre nesta linha da frente da pedinchice.

O poder político (logrão!) apressou-se a usar o dinheiro público - já lá vão 15 milhões - para garantir "boa imprensa", omitindo o espezinhar dos mais novos que abraçam a profissão e todo o tipo de atropelos que abastardam a liberdade de imprensa. 

Mas não chega! 

Nunca chega!

É claro que a receita já vem de longe e não muda, nem para os governantes e políticos nem para os próprios jornalistas seniores e demais "estrelas" principescamente remuneradas.

O resultado está à vista: empresas endividadas, com estruturas de custos surreais,  mais ou menos de mão estendida, obviamente disfarçadamente, sempre à espera de mais um "subsidiozinho" ou de um benefício fiscal para tapar uma gestão pouco profissional e competente.

Chegados a 2020, data da pandemia, lá voltamos à mesma laracha: apoiar a imprensa com mais uma ajudinha porque é um sector indispensável à Democracia.

A presente conjuntura devia obrigar uns e outros a corar, sobretudo a reflectir sobre o valor de outras profissões, desde os médicos, os enfermeiros e até ao mais simples operador de caixa do supermercado perto de casa que nos permitiu ultrapassar o confinamento mais suavemente.

Curiosamente, ou não, ninguém se lembra destes profissionais, entre tantos e tantos outros anónimos, que abnegadamente deram um contributo ímpar e um exemplo de civismo extraordinário, a não ser as generosas e merecidas salvas de palmas.

Os auxílios, nas mais variadas formas, são sempre para os mesmos, desde aqueles que estão sentados à mesa do orçamento até aos outros que gravitam à volta do poder.

E aqui começa outro problema crónico: o Estado, pela mão dos governos e das maiorias conjunturais, lá vai distribuindo umas prebendas às suas clientelas à medida das suas expectativas políticas e interesses partidários.


O sector da comunicação social tem de aprender a viver com os telespectadores, ouvintes e leitores que conquistou e merece.

E até deveria prestar a maior atenção às últimas palavras de Pedro Nuno Santos (ai se os membros do Conselho Europeu sabem!) dirigidas aos privados da TAP.

De facto, nem mesmo uma situação excepcional de pandemia deve obrigar o Estado a pagar os desmandos de privados. muito menos o "Quem quer namorar com o agricultor", o "Big Brother" ou mais uma qualquer "Champions".

É que, em abono da verdade, não vale a pena continuar a fazer de conta: A missão de informar já deixou de ser a jóia da coroa dos grupos de comunicação social há muito tempo.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

MARCELO E COSTA: HORA DE VOLTAR A NÃO TER MEDO!


Portugal vive momentos dramáticos.

E a crise provocada pelo COVID2019 está a trazer ao de cima a crónica debilidade económica e financeira, as chagas sociais de há décadas e o pior do regime político-institucional.

Incapazes de a antecipar, com verdade, rigor e competência, chegámos à pandemia com os mesmos estrangulamentos e o mesmo endividamento impressionante, disfarçados pela corrupção que vai alimentando as clientelas partidárias que já capturaram há muito o Estado.

E, como sempre, é nas crises globais que vemos ainda melhor os erros do passado, o discurso demagógico e irresponsável do poder que lá vai sendo composto com promessas tão vãs quanto ridículas e mais ou menos abafado pela distracção de quem deve escrutinar.

Nem o dinheiro sujo de Angola e da China nos vale, apenas serve para acentuar o silêncio cobarde quando a voz se deve erguer contra ditaduras e criminosos.

De igual forma, as fragilidades decorrentes de uma sociedade desigual e até iníqua são ainda mais evidentes durante os períodos excepcionais como aquele em que estamos tragicamente mergulhados.

Dos mais idosos até aos emigrantes e refugiados, dos sem-abrigo aos desempregados de longa duração, que as economias amontoam com indiferença incompreensível, a crise acentua a brutal realidade de um país pobre em que uma minoria ficou e continua esquecida.

Por último, os momentos de indefinição que vivemos são determinantes para ainda melhor enxergar o funcionamento do regime e a qualidade da Democracia.

O regresso de uma espécie de "Estado Novo", agora em versão de bailete com verniz democrático e até místico, de união bafienta e sempre caritativo, liderado por um presidente com um sorriso despropositado, cujo ego nos envergonha cá dentro e lá fora, não augura nada de bom.

A cerimónia de distribuição de sacos de comida no dia 25 de Abril, para as câmaras da TV, cujo jornalismo já não olha a meios, é mais do que um inqualificável atrevimento político, é um insulto aos cidadãos, é uma afronta a todos aqueles que se bateram e morreram pela liberdade.

E também não lutaram para garantir a eleição de um PM que faz-de-conta quando um deputado, João Cotrim Figueiredo, no Parlamento, lhe pergunta pelo "fantástico" registo dos números de mortes durante a pandemia.

Aliás, quando António Costa tem o descaro de afirmar que o «confinamento é para manter diga o que disser a Constituição», então chegou a hora de voltar a não ter medo, e de dizer com todas as letras aos palhaços do regime: 25 de Abril sempre!

A luta dos capitães de Abril exige um combate sem quartel contra esta espécie de "democracia"...