segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

JORNADA E BANHA DA COBRA


Há vinte e cinco anos quiseram convencer-nos que a venda de bilhetes para a Expo’98 seria suficiente para pagar o investimento.

É a espécie de “retorno” à portuguesa, só possível de engolir por cidadãos crédulos, com níveis baixos de literacia e desesperados para sobreviver.

Agora, a Jornada Mundial da Juventude faz o mesmo percurso, com a mesma opacidade, banha da cobra e coro de afins que se atropelam para apanhar as migalhas.

Para trás, no rodapé de letras pequeninas, fica o exemplo espanhol, em que o Estado não despendeu um tostão dos contribuintes.

Ah, a oportunidade para revitalizar a zona ribeirinha do Trancão, mais uma das meias mentiras para justificar o injustificável.

“Conseguimos! Portugal! Lisboa!

Só faltava mesmo, no actual abandalhamento institucional, a cúpula da Igreja desmentir formalmente Marcelo Rebelo de Sousa.

Projectos megalómanos, custos faraónicos e um país condenado a um futuro de miséria para promover o efémero.

Não há um católico, digno desse nome, capaz de aceitar tal monstruosidade que apenas serve para alimentar o ego de políticos de pacotilha e as respectivas clientelas.

Agora, sim, por um segundo, imaginem mais saúde e menos listas de espera, mais habitação e menos sem-abrigo, mais educação e menos descontentamento, etc.

Imaginem o “lucro” que seria para os portugueses.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

ILEGALIZAÇÃO DO “CENTRÃO”



O “não sabia” chegou a Belém, a propósito dos custos da Jornada Mundial da Juventude, tendo valido a Marcelo Rebelo de Sousa um inédito desmentido do Patriarcado de Lisboa.

Entretanto, João Gomes Cravinho continua a passear, depois da mentira no Parlamento, acompanhado por outros ministros sob suspeição pública.

É o pântano que tem legitimado André Ventura, o líder da terceira maior força política.

É a arrogância, a prepotência e a impunidade que têm alimentado a força política da extrema-direita do espectro partidário.

Tal como os abusos das maiorias de Cavaco deram corpo ao Bloco de Esquerda, os abusos das maiorias de Sócrates e Costa são responsáveis pelo crescimento e a institucionalização do Chega.

O branqueamento e demais cumplicidades têm feito o resto, têm sido o cimento que desmente, até ao presente, a profecia da implosão do Chega.

À medida que o véu sobre o período crítico da pandemia vai sendo levantado, desde as inconstitucionalidades aos ajustes directos, o Chega fica mais perto da governação.

André Ventura, mais experiente e mais moderado, logo mais credível, tem cavalgado as “linhas vermelhas” ditadas pelo sistema.

Ao lembrar que elas não têm existido para a corrupção, entre outros desmandos descarados, só falta ao líder do Chega ter a bravura de propor à PGR a ilegalização do “centrão”.

Já não é possível continuar a tolerar a verdade enviesada, a mentira habilidosa ou o “não sabia” politicamente untuoso.

Já não é humanamente admissível reduzir a dívida pública, engordada por fraudes ao mais alto nível, à custa do abandono dos pobres no momento em que mais precisam de apoio.

Já não é aceitável fingir que não se vê: caos no SNS, sem-abrigo, reformas miseráveis dos idosos, justiça sem meios, insegurança e assalto fiscal, enquanto florescem negociatas.