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segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

ILEGALIZAÇÃO DO “CENTRÃO”



O “não sabia” chegou a Belém, a propósito dos custos da Jornada Mundial da Juventude, tendo valido a Marcelo Rebelo de Sousa um inédito desmentido do Patriarcado de Lisboa.

Entretanto, João Gomes Cravinho continua a passear, depois da mentira no Parlamento, acompanhado por outros ministros sob suspeição pública.

É o pântano que tem legitimado André Ventura, o líder da terceira maior força política.

É a arrogância, a prepotência e a impunidade que têm alimentado a força política da extrema-direita do espectro partidário.

Tal como os abusos das maiorias de Cavaco deram corpo ao Bloco de Esquerda, os abusos das maiorias de Sócrates e Costa são responsáveis pelo crescimento e a institucionalização do Chega.

O branqueamento e demais cumplicidades têm feito o resto, têm sido o cimento que desmente, até ao presente, a profecia da implosão do Chega.

À medida que o véu sobre o período crítico da pandemia vai sendo levantado, desde as inconstitucionalidades aos ajustes directos, o Chega fica mais perto da governação.

André Ventura, mais experiente e mais moderado, logo mais credível, tem cavalgado as “linhas vermelhas” ditadas pelo sistema.

Ao lembrar que elas não têm existido para a corrupção, entre outros desmandos descarados, só falta ao líder do Chega ter a bravura de propor à PGR a ilegalização do “centrão”.

Já não é possível continuar a tolerar a verdade enviesada, a mentira habilidosa ou o “não sabia” politicamente untuoso.

Já não é humanamente admissível reduzir a dívida pública, engordada por fraudes ao mais alto nível, à custa do abandono dos pobres no momento em que mais precisam de apoio.

Já não é aceitável fingir que não se vê: caos no SNS, sem-abrigo, reformas miseráveis dos idosos, justiça sem meios, insegurança e assalto fiscal, enquanto florescem negociatas.

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

A ÚLTIMA OPORTUNIDADE


O país apresentado na comunicação social vai de feição.

Com a aproximação das eleições autárquicas, vale tudo no horizonte político e mediático.

Até estamos, pasme-se, mais seguros, com menos desemprego e o SNS está a conseguir o que nunca atingiu antes e durante a pandemia.

E ninguém põe cobro a esta ficção, nem o presidente às cambalhotas, nem o líder do maior partido da oposição em estado político pré-comatoso.

Ainda a braços com a Covid, os portugueses querem acreditar no canto da velha e anafada sereia socialista.

E para aqueles que ainda não viram a luz, António Costa recorda, sem se desmanchar a rir: «prometer pouco e cumprir muito».

A descodificação dos truques de António Costa, aqui e ali, não perturba a movida socialista.

António Costa está jogar tudo no acto eleitoral de 26 de Setembro, porque é a última oportunidade no caminho para a maioria absoluta.

A vitória dos candidatos do PS deixariam o Bloco de Esquerda e o PCP ainda em piores lençóis, sem contar com a abstenção do PSD ou do CDS/PP como saída de emergência de mais um orçamento.

Nem mesmo as juras presidenciais – valem o que valem! – colocam o país a salvo do El Dorado cor-de-rosa que está mesmo aí ao virar da esquina.

Na conjuntura dada a todas as fantasias, o paraíso do dinheiro a rodos da bazuca, com ordem para gastar desenfreadamente como se não houvesse amanhã, atira o PS para o zénite.

Com os previsíveis tumultos no seio dos social-democratas, a curto prazo, António Costa já tem um pé na margem do Nirvana.

Na rodagem em curso, o embalo dos socialistas é tal que importa recordar Cavaco Silva a vergar a 26 de Novembro de 2015.

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

COSTA E O RESTO


O lembrete a Marcelo Rebelo de Sousa e a filiação de Marta Temido foram os factos políticos mais importantes do XXIII congresso do PS.

O atrevimento político de António Costa – em ambos os casos – tem um significado que ultrapassa o presente.

No primeiro, é um exercício de poder e a tentativa para salvar a Presidência da República, reflectindo as vozes que já não levam o presidente a sério, que de tanto branquear tem menos espaço para cambalhotas.

No segundo, armadilhar o caminho de quem possa ter a leviandade de atrapalhar o momento que mais lhe convier para definir o seu futuro político e pessoal.

António Costa pensa primeiro em si e depois no país, indiferente às ondas de choque de mais um tabu.

Além destas duas questões, a reunião magna dos socialistas foi de uma pobreza confrangedora, continuando a costumeira confusão entre o Estado e o partido.

Ana Gomes, que continua a tentar puxar pelo melhor do PS, fez falta.

Não tardará muito para circular, nos canais do costume, num ou em mais episódios que ou o PS alcança a maioria absoluta ou António Costa põe-se ao fresco.

As promessas anunciadas, outra vez, agora em relação à pobreza infantil, passados seis anos de governação, dizem tudo do clima de impunidade política.

Tal e qual como o discurso triunfal em relação à participação militar portuguesa no Afeganistão.

No momento do balanço, mesmo que delirante, o presidente e o governo não têm uma justificação, nem uma palavra sobre o custo da aventura que culmina em desumanidade e ignomínia políticas.

Os tiques bafientos, que fazem recordar as laudatórias do antigo regime, continuam a fazer parte das conivências pardas e das indiferenças úteis que, aliás, já nos conduziram à Troika.

A dimensão do vazio ficou ainda mais vincada com as referências ao combate à corrupção e ao acidente que envolveu o carro de Eduardo Cabrita, ambas soando a vitupério.

Rui Rio, ainda líder do PSD, apesar de o despertar tardio, continua teimosamente incapaz de perceber a razão pela qual não mobiliza os portugueses.

Bloco e PCP, sempre alerta, estão metidos numa camisa-de-onze-varas.

É Costa e o resto.

Ao nível do momento, rumo à vitória, no partido do chefe, no país adormecido pelo pântano, com a sociedade anestesiada pela pandemia e bazuca, a gracilidade final: “Nessun dorma”.

segunda-feira, 31 de maio de 2021

RIO ACIMA, RIO ABAIXO


Carregando um partido com de décadas de poder, corrupção e nepotismo, Rui Rio sabe que tem pouco para enfrentar António Costa e ainda menos para oferecer na actual conjuntura.

Nos próximos anos, o país vai continuar a sobreviver à custa da caridade, em versão de solidariedade europeia, e o povo não se importa com isso, muito pelo contrário, até se sente confortável com mais Estado e menos cidadania.

Rio já percebeu que não se pode passar do inferno ao céu num par de anos, enquanto Pedro Passos Coelho não o percebeu quando foi primeiro-ministro – e ainda não o consegue perceber.

A estratégia do PSD tem sido, logicamente, estancar as perdas do partido e tentar uma colagem ao poder que lhe permita garantir algumas migalhas e ao mesmo tempo iniciar algumas reformas.

 Chama-lhe "centro"...

Ora, se é verdade que os "EuroBonds" e a "Bazuca" são "milagres" inesperados também não é menos verdade que não se pode ter sol na eira e chuva no nabal.

O que resta?

Usar André Ventura para dizer o que o PSD não pode nem tem autoridade para afirmar, como ocorreu no congresso do Chega, ou seja, usá-lo como um catalisador de protesto para ensaiar um discurso de mudança.

É o jogo possível, mas perigoso, porque o agitar o fantasma do fascismo ainda consegue atormentar quem o viveu na carne e no osso.

É a única alternativa?

O líder do (ainda) maior partido da oposição bem pode ter que navegar rio acima, rio abaixo, e até pode ter razão na estratégia, mas passividade, seriedade e honestidade não têm casado com a conquista do poder.

E o grande desafio, que está longe de estar cumprido, é convencer os portugueses que se ganhar as eleições não vai condená-los a mais miséria para cumprir as metas da União Europeia.

O que falta?

A paciência – de que Rio não se pode gabar –, uma "qualidade" com que António Costa carrega e descarrega o Bloco e o PCP à medida dos interesses do PS.

A união do PSD à volta do líder e de um projecto concreto e claro de futuro.

Tempo, mais tempo, de que não dispõe.

Por isso está cada vez mais acantonado.

Em 1997, Rui Rio bateu com a porta a Marcelo.

Agora, tem pela frente a mesma muralha que o derrubou há quase 25 anos, com o primeiro-ministro a manter o poder pelo poder e o presidente que se basta com o fazer de conta e a popularidade fácil.

Vai voltar a bater com a porta?