segunda-feira, 10 de julho de 2023

D. AMÉRICO AGUIAR: POLÍTICA, COMUNICAÇÃO E NEGÓCIOS

 

À medida que o Papa Francisco se aproxima do fim, a Fé volta a vergar à diplomacia, aos interesses e aos negócios.

Desde a simpatia com Lula da Silva, quando os evangélicos somam fiéis no Brasil, ao ponto de já estarem taco-a-taco com os católicos, à recente indicação de D. Américo Aguiar para Bispo de Lisboa.

Afinal, quem é este membro da hierarquia da Igreja portuguesa?

Além de delfim do actual Patriarca, D. Manuel Clemente, que prometeu tanto quanto desiludiu, é o homem da política (autarca do PS em Matosinhos), da comunicação (Rádio Renascença) e dos negócios (Jornada Mundial da Juventude).

Nem a sua passagem pelos escuteiros e pela comissão diocesana de protecção de menores, dois pântanos da pedofilia na Igreja, atrapalharam a promoção do ambientalista com radicalismo quanto baste.

Nem a falta de um passado de evangelização e de acção pastoral de D. Américo Aguiar, em tempos tão difíceis, travaram o tradicional pragmatismo do Vaticano.

O próximo Patriarca português segue a linha do situacionismo da hierarquia da Igreja portuguesa, pontuado por um reaccionarismo oportunista, agora com um toque de modernidade assente na comunicação, no marketing e na atenção aos cofres do pilim.

Afinal, o Papa Francisco, no momento em que poderia ter dado um sinal de mudança em relação a uma hierarquia bafienta, cada vez mais silenciosa na defesa dos mais pobres, optou pela continuidade.

Nem os alarmantes sinais de distanciamento da juventude em relação à Igreja, não à Fé, foram suficientes para preparar a Igreja portuguesa para os desafios do século XXI.

segunda-feira, 3 de julho de 2023

ESTE É O ESTADO QUE QUEREMOS?

 

À medida que se aproxima o pico do calor, regressa o debate sobre o falhanço do Estado nalgumas áreas mais importantes da vida em sociedade.

A questão não é só de dinheiro, mas sim de prioridades.

A falta de investimento na prevenção dos fogos acaba por premiar quem vive e deixa viver aqueles que se aproveitam sem escrúpulos das negociatas à custa das tragédias.

O desleixo com a Justiça é tal que já não há estatística capaz de mascarar o abandono dos cidadãos.

Muitos outros sectores, desde a Saúde à Segurança, sem esquecer a escola, os pensionistas, os sem-abrigo, etc, revelam um Estado impiedoso com os fracos e subserviente com os poderosos.

A percepção da corrupção desenfreada ao mais alto nível do Estado – basta ver os ex-governantes, desde 2015, com as polícias às costas –, indiciam um abandalhamento institucional só possível com Marcelo Rebelo de Sousa em Belém.

Aliás, não é certamente por acaso que Ana Gomes, ex-candidata presidencial, afirma: «O governo português tem andado a dizer em Bruxelas que tem uma estratégia nacional anti-fraude, e não tinha nada, não tem nenhuma».

Este é o Estado que queremos?

Ou ainda melhor: queremos um Estado que abre as portas à imigração, apenas por uma motivação económica e fiscal, para depois fazer de conta que não sabe da exploração selvagem?

O que está a acontecer em França é um exemplo flagrante deste Estado corrupto, cobarde e caduco que não hesita em tentar solucionar à bastonada os problemas criados pelas suas próprias políticas criminosas.

A questão a montante também é da maior importância.

Os defensores do Estado forte, para fazer face aos mais diversos interesses privados, os legítimos e os ilegítimos, são os primeiros a vergar a mola, como acontece com as taxas de juro e os benefícios fiscais em Portugal.

Em vez da discussão entre a esquerda e a direita, entre o estatismo e o liberalismo, porventura seria bem mais útil começar pelo princípio, por um consenso em relação ao respeito pelas mais elementares regras civilizacionais.

A propósito: num momento de grande aflição dos portugueses, é aceitável que António Costa exiba total indiferença em relação ao aumento desenfreado dos alimentos mais básicos?