segunda-feira, 28 de outubro de 2024

O RETROCESSO INADMISSÍVEL


Num mundo cada vez mais perigoso, em que já ninguém acredita nos Estados, nem na informação institucional, oficial e oficiosa, a repressão é sempre a primeira escolha dos fracos.

Quando as escolhas são os recursos à força e à mentira, como se fosse possível abafar quem não aceita a actualidade aterradora, então o esgotamento e a falência dos poderes são evidentes.

Nos Estados Unidos da América, o filme está a passar mesmo à nossa frente.

De um lado, Biden/Kamala mergulhados no défice astronómico e nas guerras, confinados a Hollywood afogado pelo crime.

Do outro, Trump/Vance reinventados, apostando em fazedores que apontam uma mudança.

Há uma escolha à disposição de cada cidadão norte-americano, cumprindo-se assim a vitalidade da democracia, enquanto a Europa assiste entorpecida, amarrada a fórmulas que geram mais rupturas do que futuro.

Mergulhada no cinismo da geometria variável, com a união incapaz de recuperar o atraso em relação aos EUA e à China, os líderes europeus estão a dar um passo em falso: cair na armadilha de sacrificar os princípios do mundo civilizado.

Aqueles que deixam cair a liberdade, a pluralidade e a cidadania não são opção, porque nunca serão capazes de fazer a paz e cumprir a prosperidade, nem mesmo quando estão do lado certo nalgumas questões dos costumes.

Há uma divisão profunda, impossível de continuar a escamotear: uns querem arrastar a guerra, à custa do sacrifício da liberdade de expressão e de manifestação, outros recusam o status quo que tem monstruosamente tolerado a barbárie.

O retrocesso inadmissível combina a brutalidade das armas, as grilhetas no pensamento e a perseguição da expressão livre, aliás sinais de um fascismo revisitado.

 

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

MAIOR FALHANÇO DA ESQUERDA


O balanço dos governos socialistas tarda em ser assumido.

Além dos escândalos, negociatas e demais trapalhadas, algumas das quais ainda sob o escrutínio da Justiça, a que o ex-PM ainda não escapou, a taxa de risco de pobreza subiu pela primeira vez em 8 anos.

Em 2021, era de 16,4%, em 2022 passou a ser de 17%.

Segundo a PORDATA, «os pobres em Portugal estão mais pobres».

Crianças e jovens são os grupos em que a taxa de risco de pobreza mais se agravou, bem como nas famílias com crianças dependentes.

Os números não deixam dúvidas: «Em Portugal, metade dos pobres tinham, em 2022, um rendimento monetário disponível 25,6% abaixo da linha de pobreza e esta profundidade aumentou face a 2021».

Este é o resultado impressionante da governação de uma certa espécie de esquerda, que contou com Pedro Nuno Santos.

Se é certo que ouve a pandemia, também é verdade que, na maior parte dos quase 8 anos desta governação, existiram condições favoráveis excepcionais.

A liderança dos XXI, XXII e XXIII Governos constitucionais, com maioria absoluta, com ou sem aliança do PS com a extrema-esquerda, resultou num dos mais desastrosos ciclos de Portugal.

António Costa, o PM de 26 de Novembro de 2015 a 7 de Novembro de 2023, data em que apresentou a demissão na sequência de investigações da “Operação Influencer”, deixou um legado aterrador.

O líder do maior falhanço da esquerda em Portugal vai presidir ao Conselho Europeu, comprovando o desvario reinante na União Europeia, sob a liderança de Ursula von der Leyen.

Certamente, não terá sido pela defesa dos mais pobres, nem da justiça social, muito menos pela qualidade dos serviços públicos de educação, justiça e saúde prestados aos cidadãos.

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

OPORTUNIDADES PERDIDAS

 

A classe política continua a fugir dos problemas, iludindo, manipulando, mentindo, empurrando as soluções para mais tarde.

Tal só é possível pelo simples facto de a sociedade assim funcionar, vergando perante o poder e esmagando o mais fraco.

“As meninas do senhor presidente”, como eram conhecidas as duas crianças que precisavam de tratamento no Hospital de Santa Maria, poderiam ser a actual síntese do país.

O caso das gémeas é o abuso de poder, quiçá com contornos ainda mais graves, com a agravante da tentativa de branqueamento dos afins instalados à volta do poder.

Infelizmente, não é caso único, basta atentar a três exemplos: novela orçamental, política externa e o recente caso dos SMS’s e auriculares, entre tantos e tantos outros.

O orçamento para 2025 está à mercê de cálculos políticos, cortinas de fumo e fantasias grosseiras que servem apenas a sede de poder e a mesquinhez de quem não está à altura, nem do tempo nem das funções.

O Médio Oriente é tratado com o formalismo contorcionista, de quem bate com a mão no peito, tentando passar por aquilo que não é, envergonhando os portugueses.

Luís Montenegro, ao criticar a precariedade dos jornalistas, sobretudo dos mais jovens, face a administrações, direcções e chefias editoriais a roçar o mais inadmissível, é alvo de uma chuva de críticas corporativas.

O PM até pode não ter legitimidade para apontar o dedo, mas as reacções dos jornalistas comprovam o funcionamento em espelho com o poder político: resposta furiosa, fingir que o problema não existe e continuar em frente.

As oportunidades perdidas multiplicam-se com o adiamento da mudança, cavando ainda mais fundo o buraco em que apenas uma certa maioria continua confortável.

O abandalhamento colectivo, que começa em cada um, é a melhor explicação para o atraso português, por mais que chova dinheiro de Bruxelas.

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

“GUERRA DO SEIS DIAS” HÁ MAIS DE 50 ANOS


Um ano após o ataque do Hamas, mais um, em retaliação à ocupação israelita, 33 dos 251 reféns já foram declarados mortos, continuando 101 ainda em cativeiro, depois dos 117 libertados.

Os 1170 cidadãos de Israel, que tombaram às mãos do radicalismo terrorista, nunca serão “ressuscitados” pelo terrorismo de Estado que já matou dezenas de milhares de palestinianos, civis assassinados às mãos do exército de Israel no último ano.

O genocídio tolerado, Gaza dizimada e o Líbano a caminho de igual destruição fazem parte do retrato trágico da derrota de Benjamin Netanyahu, de que fazem ainda parte aliados, inimigos e demais afins.

Arábia Saudita, Irão, Iraque, Koweit, EAU, Catar e Bahrein, que representam 60% das reservas mundiais de petróleo, bem como o estreito de Ormuz, não apagam a chacina de dezenas de milhares de mortos e os milhões de deslocados.

O ataque de 7 de Outubro de 2023 comprovou, mais uma vez, a falência da ordem internacional e da ONU, como atesta a escandalosa recusa da entrada de António Guterres em Israel.

O Mundo não se comoveu, nem mesmo Portugal, além dos comunicados de circunstância, razão pela qual Israel continua impune, a fazer o trabalho sujo que serve os interesses ocidentais.

À cautela, é de recordar que Isaac Herzog, presidente de Israel, cuja visita a Portugal foi adiada, não é bem-vindo, por mais cinismo político de Paulo Rangel, Luís Montenegro e Marcelo Rebelo de Sousa.

Enquanto a União Europeia e o Reino Unido fazem de mortos, o balanço da dupla Joe Biden/Kamala Harris está à vista.

O mais dramático é que as próximas eleições presidenciais norte-americanas não representam qualquer sinal esperança, pois a Humanidade continua nas mãos de criminosos de guerra.

A “Guerra dos Seis Dias”, que se prolonga há mais de 50 anos, tem apenas um único vencedor: a indústria militar.