Listas de espera nos hospitais?
Pensionistas e reformados que não recebem a horas?
Nada disto parece incomodar a esquerda em Portugal, a avaliar pelo novel debate instalado sobre as PPP's da Saúde.
Aparentemente, o que mais preocupa esta esquerda que nunca esquece de ostentar o cravo vermelho, mesmo quando ignora os seus valores, é abrir uma guerra aos privados, quando o problema não são os privados mas as negociações que o Estado e os privados concluíram para a construção de hospitais absolutamente necessários para suprir as carências existentes.
Já alguém perguntou a esta esquerda o que teria acontecido se os hospitais de Braga, Cascais e Vila Franca de Xira - considerados os melhores do país - não existissem?
Importa também recordar que as PPP's da Saúde são uma solução financeira para Estados falidos que não têm dinheiro para levar por diante os investimentos fundamentais para garantir as necessidades das populações.
E, como tudo na vida, tudo tem um custo, quando não se está à altura das exigências mais basilares.
E, já agora, será que a denúncia da Provedora da Justiça, relativamente aos escandalosos atrasos no pagamento de pensões, já foi varrida para debaixo do tapete?
Com uma oposição mais virada para o show inconsequente do que para o lançamento de um debate sério sobre os terríveis constrangimentos que estão à vista, não é de admirar que a ignomínia continue a vingar na maior impunidade.
Tanto mais que a generalidade da imprensa continua atolada na sua própria contradicção editorial de ter optado pelo infotainment para sobreviver, paradigma que, apesar de se ter revelado falso, continua a imperar.
A esquerda portuguesa está de cabeça perdida: uns por terem abraçado a extrema esquerda; os outros por estarem a apoiar a governação de uma certa esquerda cada vez mais insensível e aburguesada; e, sobretudo, por ambos ignorarem o fundamental que levaram a maioria dos portugueses a votar neles.
Uns e outros pagarão o preço deste absurdo ideológico, político e social mais tarde ou mais cedo, pois não há nada mais importante do que o dia-a-dia dos cidadãos, de quem tem direito a ter saúde, pensão e reforma, mas nem sequer tem garantido e a horas nenhum destes direitos.
Enquanto em Espanha a esquerda recupera, será que, em Portugal, esta esquerda da treta terá um triste e merecido fim, ou seja, ser corrida do poder por muitos e bons anos?