Mostrar mensagens com a etiqueta Direitos Humanos. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Direitos Humanos. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 3 de abril de 2023

NEGOCIAR COM A CHINA É INSULTAR OS UCRANIANOS


Enquanto os portugueses descobrem e sentem, a ritmo acelerado, o falhanço da governação de António Costa, as notícias vindas da União Europeia e da China fazem despertar os maiores receios.

Se por cá, a banha da cobra já não pega, a nível externo começam a disparar todos os alarmes, a propósito da deslocação de Ursula von der Leyen e Emmanuel Macrom à China.

Só faltava que a União Europeia, mergulhada numa crescente contestação social, caísse nos braços de Xi Jinping.

É necessário recordar o Tibete, Tiananmen, as prisões secretas, a perseguição ao que resta dos 9 milhões de uigures e outros muçulmanos, Hong Kong e o apoio concedido a Vladimir Putin?

Continuar a olhar para a China como um parceiro internacional credível representa uma perigosa repetição dos erros cometidos em relação à Rússia.

É mais um trágico passo para reforçar o imperialismo e os apetites ditatoriais chineses em relação a Taiwan.

Olhando para o retrovisor, é verdade que Portugal ajoelhou por umas migalhas, que Marcelo Rebelo de Sousa até se babou ao lado do presidente chinês, mas ainda não pedimos a ajuda chinesa para resolver o problema da habitação.

Não é aceitável que os maiores países da Europa se vendam por mais uns tostões.

O povo ucraniano, que continua a ser assassinado e massacrado pelos russos, não pode estar à mercê de qualquer eventual negociata e da corrupção de Estado para lavar a face do ditador chinês.



segunda-feira, 15 de agosto de 2022

DA CIDADANIA PERDIDA À VOZ MAIS LIVRE


Salman Rushdie foi atacado e esfaqueado 34 anos depois de ter escrito "Os Versículos Satânicos".

O acto criminoso ocorreu no Mundo ocidental, em Nova Iorque, bem abarrotado de líderes que convivem com ditadores e assassinos em nome de interesses estratégicos e negociatas.

O ataque perpetrado por um jovem fanático, norte-americano de origem libanesa, tem a dimensão trágica de mais um ataque à liberdade de expressão.

Em boa verdade, a barbárie não se resume à “fatwa” iraniana decretada por outro ditador em 1989.

O encarceramento de Julian Assange, decretado por outros fanáticos que aprovam leis que obrigam os tribunais, é a prova que este mundo dito civilizado não é assim tão diferente do obscurantismo do Terceiro Mundo.

Entretanto, em tempo de tenebrosidade, há eleições em Angola e Venezuela, países castigados pela corrupção e pobreza só possíveis pelo branqueamento de outros criminosos e ladrões de colarinho branco.

Que não haja qualquer mistificação: a violação dos Direitos Humanos tanto se faz à facada durante a luz do dia como através da censura de um qualquer chefe de gabinete ou assessor na sombra.

É esta a governação que continua a matar impunemente pelas armas, fome, prisão, tortura, discriminação, silêncio e cumplicidade.



segunda-feira, 19 de julho de 2021

DESFRUTAR DA ILUSÃO


Num país de carências e atrasos existem frases mil vezes repetidas que revelam a nossa cultura democrática.

É um exercício revigorante anotar o que para aí se vai dizendo a cada momento de tensão política, sobretudo quando o poder é beliscado.

Face ao crescente número de cidadãos que recusa a ser tratado como gado, e que exige informação credível a tempo e a horas, lá vem a resposta: Coitado, não queria estar na pele dele!

Invariavelmente, os que estão sempre de dedo encolhido, face aos que estão sempre com ele esticado, acrescentam: É um génio da política!

Ora, perante este dislate crónico, para o qual ainda não há vacina, a cereja em cima do bolo: É ladrão, mas lá vai fazendo!

A degradação a que assistimos, com tendência a agravar com a crise, é cristalina: por exemplo, há uns anos, uma investigação criminal era fatal, hoje uma pronúncia em Tribunal é um mero acidente de percurso na política.

Portugal divide-se entre insatisfeitos, sempre prontos a criticar, e aqueles que, com cartão partidário, mais ou menos contentes, estão sempre ferverosamente na linha da frente do branqueamento.

Confundindo o bom e o mau, o erro e o vício, o voluntarismo e o oportunismo cavamos ainda mais o pântano.

Nem a combinação milagrosa da desfaçatez e da arrogância políticas, tão bem ilustradas por Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, tem sido suficiente para despertar.

A encenação é tal que o assassinato de um imigrante, o terror de Odemira e o espectáculo dos negócios sujos não nos impedem de darmos lições de Direitos Humanos.

Não reagimos a cada canelada que o poder nos dá, porque vergamos, como se o voto lhes desse o direito de pôr e dispor da vida das pessoas sem explicações, sem responsabilização, sem escrutínio.

Talvez, por isso mesmo, somos capazes de nos quedar pela prisão de um primeiro-ministro, banqueiro ou dirigente desportivo ao mesmo tempo que toleramos a eternização dos compagnons de route.

Cada passo na direcção da civilização não faz uma Democracia perfeita, mas desvalorizá-lo equivale a passar uma esponja por todos os abusos.

Leis restritivas e censórias, mais dívida e propaganda estão a embalar um colectivo desfrutar da ilusão, uns usufruindo, outros gozando e os mesmos de sempre punidos pela falta de alternativa.