A disputa eleitoral nos Estados Unidos da América está a fazer luz sobre o maior paradoxo dos nossos tempos.
Além da argumentação dos fanáticos importa distinguir entre a realidade e a propaganda: o próximo presidente da maior super-potência vai continuar a implementar a agenda do “New American Century”?
A questão é da maior pertinência, pois a esquerda norte-americana (Clinton, Obama e Biden) tem executado acefalamente o projecto de liderança mundial dos “neocon”, delineado a partir de 1997, pelos herdeiros de George H. Bush.
A afirmação do Papa Francisco – «A palavra negociar é uma palavra corajosa» –, proferida em Fevereiro passado, não conseguiu romper as certezas e os fundamentalismos.
Não é preciso recordar a entrevista de Jeffrey Sachs para constatar o que os Media e o mainstream têm desvalorizado e até omitido.
A visão do economista, que conduziu a abertura económica de alguns países de Leste, após o fim da URSS, ignora a soberania, o povo e os ditadores sanguinários, mas questiona a paz no mundo à luz dos expansionismos e da força das secretas.
Se nada justifica qualquer branqueamento de Vladimir Putin, então chegou a hora de também admitir que este é o mundo à beira do irreversível, da adesão da Ucrânia à NATO e da III guerra mundial.
Compreende-se melhor a tirada de Donald Trump sobre acabar com a invasão da Ucrânia em 24 horas, se atentarmos à neutralidade do país liderado por Zelensky.
Joe Biden nunca foi a solução, como comprova o double standard em relação ao genocídio em Gaza.
Esta esquerda do século XXI não é confiável, nem cá nem nos states, porque o dogmatismo ideológico associado ao pragmatismo oportunista é tão ou mais incerto que um qualquer aventureiro no poder.
Enquanto a Europa afunda na irrelevância, Donald Trump ou Kamala Harris têm de enfrentar o pesadelo das armas.