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segunda-feira, 22 de julho de 2024

MUNDO À BEIRA DO IRREVERSÍVEL

 

A disputa eleitoral nos Estados Unidos da América está a fazer luz sobre o maior paradoxo dos nossos tempos.

Além da argumentação dos fanáticos importa distinguir entre a realidade e a propaganda: o próximo presidente da maior super-potência vai continuar a implementar a agenda do “New American Century”?

A questão é da maior pertinência, pois a esquerda norte-americana (Clinton, Obama e Biden) tem executado acefalamente o projecto de liderança mundial dos “neocon”, delineado a partir de 1997, pelos herdeiros de George H. Bush.

A afirmação do Papa Francisco – «A palavra negociar é uma palavra corajosa» –, proferida em Fevereiro passado, não conseguiu romper as certezas e os fundamentalismos.

Não é preciso recordar a entrevista de Jeffrey Sachs para constatar o que os Media e o mainstream têm desvalorizado e até omitido.

A visão do economista, que conduziu a abertura económica de alguns países de Leste, após o fim da URSS, ignora a soberania, o povo e os ditadores sanguinários, mas questiona a paz no mundo à luz dos expansionismos e da força das secretas.

Se nada justifica qualquer branqueamento de Vladimir Putin, então chegou a hora de também admitir que este é o mundo à beira do irreversível, da adesão da Ucrânia à NATO e da III guerra mundial.

Compreende-se melhor a tirada de Donald Trump sobre acabar com a invasão da Ucrânia em 24 horas, se atentarmos à neutralidade do país liderado por Zelensky.

Joe Biden nunca foi a solução, como comprova o double standard em relação ao genocídio em Gaza.

Esta esquerda do século XXI não é confiável, nem cá nem nos states, porque o dogmatismo ideológico associado ao pragmatismo oportunista é tão ou mais incerto que um qualquer aventureiro no poder.

Enquanto a Europa afunda na irrelevância, Donald Trump ou Kamala Harris têm de enfrentar o pesadelo das armas.

segunda-feira, 15 de julho de 2024

FIGHT! FIGHT! FIGHT!


Num mundo em que se mata e manda matar impunemente, às ordens dos Estados ou de um qualquer radicalismo doentio, o atentado contra Donald Trump corre o risco de ser apenas mais uma notícia condenada ao esquecimento.

Tratando-se de um lamentável e isolado acto selvático, ou de uma conspiração, a verdade sobre o que aconteceu na Pensilvânia está longe de poder ser garantida.

Os cidadãos estão cada vez mais vulneráveis em relação à loucura de quem manda, democraticamente ou não.

O noticiário diário da selvajaria tolerada, seja na Ucrânia, Gaza ou noutras latitudes, revela até que ponto a violência feroz e gratuita nos está a atingir.

Para já, apenas uma única certeza: a grosseria do erro dos serviços de informações norte-americanos, voluntária ou involuntária, está à vista.

Esta conjugação de factores deveria levar a uma séria reflexão sobre as condições que estão na origem de tanta aventura imperialista e expansionista, de tanta fúria social, de tanto extremismo no discurso e combate político.

Certamente, pouco ou nada vai mudar na ordem internacional, nas condições de vida dos indivíduos e na lei da selva que impera entre governantes e políticos, mantendo-se a impunidade dos mais fortes.

A tentativa de assassinato de Donald Trump não difere muito dos atentados planeados para Alexei Navalny ou Julian Assange, entre outros, porque os serviços de informações continuarão a ser à prova de qualquer escrutínio, um poder acima do Estado.

Depois do folclore habitual, de teorias e mais teorias, da condenação das redes sociais, de votos pios e apelos à moderação da parte dos incendiários, de um lado e do outro, resta a memória do grito: Fight! Fight! Fight!

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

DOS VENDILHÕES À “ESFERA DE INFLUÊNCIA”


Não há pacote de apoio a empresas e famílias que pague o custo de premiar os vendilhões do templo e negociar com assassinos e ditadores.

Por isso, a capa do jornal i sobre a Festa do Avante, denunciando estratégia do PCP, teve o mérito acrescido de fazer sair da toca os habituais boys.

São sempre os mesmos: os avençados, alguns jornalistas e os que confundem a voz do poder com a verdade.

Neste mundo globalizado, para o bem e para o mal, já não é possível esconder nem o preço da infâmia política nem quem trucida a vontade soberana do povo.

Os tão criticados argumentos de presidentes norte-americanos para subjugar a América Latina agora servem para tentar desculpar Vladimir Putin.

Condenar Ronald Reagan e Bush (pai e filho) para agora absolver Vladimir Putin e Xi Jiping só serve os abutres que vivem a conta dos negócios de Estado.

O pacifismo não se mede em rublos, dólares e euros.

Mahatma Gandhi e Tenzin Gyatso não se confundem com os movimentos internacionais ditos pacifistas que apenas têm servido as ditaduras fascistas e comunistas.

O aviso de 1962, em que o Mundo esteve à beira de uma guerra nuclear, não foi suficiente para aqueles que defendem a teoria da “esfera de influência”.

A civilização, a paz e os direitos humanos não se defendem de arma em riste, com sangue nas mãos, por mais interesses geoestratégicos, tachos, palmadinhas nas costas e propaganda.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

MATANÇAS, AMEAÇAS E NEGOCIATAS



No próximo dia 27 de Fevereiro, a invasão da Crimeia assinala o oitavo aniversário.

A aventura de Vladimir Putin não ficou por aqui, basta recordar o que se passou, e passa, desde 2014, em Donbass.

Desde então, não faltaram as ameaças "nunca vistas" do Ocidente.

Nem os mortos na Ucrânia (mais de 14 mil).

Nem todo o tipo de acordos e negócios dos mais diferentes países com a Rússia, Putin e apaniguados.

Para trás fica o “produto” escondido num qualquer offshore, branqueado pelos bancos e banqueiros mais “credíveis” do planeta ou ainda investido através de um qualquer programa de “vistos gold”.

De fusão em fusão, de aquisição em aquisição, a concentração é cada vez maior e perigosa na indústria de armamento que lá vai proliferando, mesmo em tempos de pandemia.

Os norte-americanos e chineses liderarem o ranking mundial.

Afinal, mais de 300 mil milhões de euros dão de comer a muita gente.

De facto, nos últimos anos, a indústria militar russa registou um decréscimo após as sanções ocidentais de 2014, mas ainda lhe sobra e resta o poder de fogo para atemorizar o Mundo.

O gás, os cereais e a carne dos russos (a que se vai comendo à mesa) também não faltam a governantes e governados ávidos por satisfazer os seus desejos a qualquer preço.

De manhã, matanças de civis inocentes; ao almoço, ameaças; e, ao jantar, negociatas.

A política de reforço de investimentos e trocas comerciais com ditaduras sanguinárias continua a ser um falhanço estrondoso.

A globalização não aumentou o respeito pelos direitos humanos, apenas reformulou as tentações imperiais e renovou os riscos da guerra.

Enquanto os países ocidentais fazem de conta que a guerra ainda não começou, disfarçando que estão a negociar sob a coacção das armas russas, o ciclo infernal continua na Ucrânia, em directo e a cores.

Nem a Covid os conseguiu travar.