quarta-feira, 3 de julho de 2019

UM NOVO TIANANMEN É POSSÍVEL?



A razão e a força dos protestos liderados pelos jovens de Hong Kong - sim, pelos jovens da revolução digital, os tais que na Europa não se interessam pela política -, obrigam a recordar o massacre de Tiananmen.

A ex-colónica britânica volta a colocar Pequim à beira de um ataque de nervos, deixando à deriva o governo liderado por Carrie Lam que avançou precipitadamente com a lei de extradição de suspeitos de crimes para a China continental.

Depois dos protestos de 2014 ("Revolução dos Guarda-chuvas" e "Primavera Asiática") e dos actuais confrontos é caso para perguntar: um novo Tiananmen é possível em Hong Kong?

A resposta é simples: não!

A violação da Declaração Conjunta Sino-Britânica sobre Hong Kong, assinada no dia 19 de Dezembro de 1984, deixaria Pequim novamente confrontada com o isolamento internacional.

De igual modo, a importância da praça financeira de Hong Kong, a terceira maior do mundo, constitui motivo suficiente para travar um novo qualquer ímpeto aventureiro e assassino dos chineses.

Por último, e porventura o factor mais decisivo, os ingleses criaram verdadeiros cidadãos de Hong Kong antes de entregar o território à soberania chinesa em 1987.

No dia 4 de junho de 1989, o mundo assistiu estupefacto ao esmagamento brutal da revolta estudantil na China.

Hoje, em Hong Kong, assistimos aos valores da Democracia a fazer face, novamente, a uma das mais cruéis ditaduras do mundo.






quarta-feira, 19 de junho de 2019

FUTEBOLIZAÇÃO DO PAÍS


Num país cada vez dual, em que a macroeconomia nos dá tantas alegrias e o dia-a-dia das pessoas rasga a nossa esperança, porventura é hora de começar a repensar o presente e o futuro.

Ultrapassada a novela da Lei de Bases de Saúde, mais uma para entreter a malta que transita para próxima legislatura, talvez seja a hora de verdadeiramente começar a tratar de todos aqueles que precisam de cuidados de Saúde e que esperam meses e meses para receber as reformas, entre os quais os mais idosos atirados para níveis de sobrevivência e miséria humilhantes.

Com cidadãos mais educados e uma imprensa livre seria de esperar outra atitude face ao poder, este ou qualquer outro, de mais mobilização, de mais escrutínio e de mais exigência, combatendo sem tréguas as muitas e muitas outras iniquidades que o país vai escandalosamente tolerando.

Porém, a realidade é outra.

Ainda temos dentro de nós o bichinho salazarento do sempre obrigados, remediados e venerandos.

E continuamos a ter Fado, Fátima e Futebol.

Aliás, a galopante futebolização do país impressiona...

Por todo o lado, do café ao restaurante, da escola à universidade, do Parlamento à visita oficial e de Estado, nascem metáforas futebolísticas, mais ou menos elaboradas, como se a vida começasse e acabasse num jogo de futebol.

Até temos o bombardeamento de notícias sobre os milhões e milhões das transferências arrecadadas com os craques da bola, num exercício medíocre de soma de parcelas, sem um segundo de arrojo e desassombro para questionar a origem de tanto dinheiro.

Talvez seja mais cómodo...

Muito mais cómodo do que pegar numa caneta, num microfone e numa câmara de filmar para percorrer as urgências hospitalares, os balcões da Segurança Social, entre outros.

Estimular a massa cinzenta no presente tempo, de forma a podermos raciocinar como foi possível ter chegado a este ponto, talvez seja demasiado arriscado.

Ah, o calor já está aí à porta...

Com mais ou menos expediente, legal, ilegal ou criminoso, indivíduos e famílias lá vão aguentando...

E - viva o palhaço bem-falante! - tudo fica adiado, novamente, até à chegada do tempo mais frio...

Talvez o futuro seja ainda mais futebol e, já agora, a grande conquista de um país sem beatas, enquanto quase tudo à volta está podre e começa a dar sinais de colapso iminente...





segunda-feira, 3 de junho de 2019

GOVERNANTES SEM LIMITES



É difícil conseguir acreditar em determinados relatos, mesmo lendo e relendo informação bem documentada.

Nada que possa surpreender, mas não há limites?

E até há notícias que dizem tudo: apelos lancinantes, alerta Maria Lúcia Amaral, provedora de Justiça.

Como é possível que um primeiro-ministro tenha a petulância política de fazer de conta que não sabe o que se está a passar com o atraso nas pensões?

Como é possível que Mário Centeno e Vieira da Silva, ministros das Finanças e da Segurança Social, tenham o descaro político de permanecer nos respectivos cargos, ignorando os sucessivos avisos da Provedora de Justiça?

Aliás, onde está a indignação dos líderes e dos partidos da oposição com assento parlamentar?

E o Bloco de Esquerda e o PCP continuam a suportar um governo que convive com esta atrocidade social?

E Marcelo Rebelo de Sousa?

O que tem a dizer sexa?

Nem mesmo mais uma qualquer vacuidade política, em calções ou pose de Estado, para distrair a malta no bailete em curso?

O descaramento político de governantes sem limites atinge sempre o auge depois de ter os votos no papo, desatando agora a pedir desculpas pelo sistemático desprezo ultrajante sobre os direitos dos cidadãos, designadamente dos mais pobres, entre os quais é possível destacar as péssimas condições dos serviços do Estado, desde os transportes públicos ao escândalo no Serviço Nacional de Saúde, sem esquecer a Justiça, a Segurança Social e a Educação. 

Há limites... E limites...

segunda-feira, 20 de maio de 2019

BRUNO LAGE E A MUDANÇA



«O futebol é apenas o futebol. Há coisas mais importantes na nossa sociedade e no nosso país pelas quais temos de lutar. Se vocês se unirem, se tiverem a força e a exigência que têm no futebol na nossa economia, na nossa saúde, na nossa educação, vamos ser um país melhor».

A declaração do treinador do Sport Lisboa e Benfica é uma enorme lufada de esperança no futebol português.

Quem sabe um prenúncio de mudança num mundo marcado pela corrupção, lavagem de dinheiro sujo e gentinha rasca.

A declaração de Bruno Lage, no momento da vitória, é muito mais do que a prova da elegância do vencedor, é uma declaração de fé na cidadania, uma aposta no desporto e o voto num Portugal melhor.

Que se cuide o novo treinador campeão, pois o algozes do futebol vivem e convivem bem com o lodaçal em que estão habituados a chafurdar em benefício próprio e de uma imensa prol de meliantes, uns engravatados, outros de calções e fato de treino.

É caso para dizer que Bruno Lage chegou, viu e venceu.

E na hora da vitória, em que também não esqueceu o seu mentor, Jaime Graça, conseguiu fazer mais  pelo futebol num minuto do que muitos que por aí andam.

Um novo treinador, um novo campeão e um novo discurso.

Parabéns ao campeão!






terça-feira, 14 de maio de 2019

BERARDO E OS MESMOS DO COSTUME




O pecado de Joe Berardo não é dever dinheiro. 

Nem tão pouco estar envolvido em jogadas políticas e operações financeiras escandalosas. 

A questão é que Berardo, o tal empresário do ano para Marcelo a caminho de Belém, foi ao Parlamento deixar um aviso, colocando a nu a incúria e a cumplicidade de governantes, políticos e bancos. 

Berardo já devia saber que não lhes importam o que realmente são, apenas os enfurece que os outros saibam quem eles são. 

Desplante por desplante, Berardo sabe bem como lidar com esta canalha sem vergonha que usa e abusa da ingenuidade de um povo demasiado ocupado a tentar sobreviver. 

E por isso permitiu-se mais um luxo: gozar com eles, insultando todos os portugueses. 

Berardo guarda segredos de regime. 

E não deve ficar muito impressionado com a farsa de todos aqueles que nada sabiam, mais uma vez, tal e qual como em relação ao BPN, ao BES e aos Sócrates deste mundo. 

Quem com ele andava de braço dado, sem esquecer o já falecido Horácio Roque, vem agora esbracejar indignação. 

São os mesmos, com capas diferentes, que deixaram o país de mão estendida e que resolveram o BANIF. 

Como falta memória em Portugal… 






domingo, 5 de maio de 2019

TRUQUES, TESTE E MÁQUINA AFINADA


Vale a pena pegar num par de exemplos para avaliar o estado em que está o país.

Em tempos idos, que mais parecem bem longínquos, o arraso permanente de Passos Coelho atingiu o zénite quando o ex-primeiro-ministro teve o atrevimento de anunciar, com toda a transparência, em plena fase da Troika, que os cortes seriam permanentes.

Hoje, os mesmos que o criticaram, muitas vezes ultrapassando o limite do insulto, esperneiam em elogios ditirâmbicos a António Costa por ter ameaçado com a demissão por causa de PSD, CDS, Bloco e PCP terem aprovado no Parlamento a consagração da restituição do tempo de serviço aos professores.

Noutra era, que também já parece bem distante, curiosamente na mesma altura em que a Troika havia instalado arraiais em Portugal por causa de uma governação descabelada, sem falar de outras coisas, os tais que lutavam pelo direitos à saúde, às pensões e às reformas nunca se cansaram de zurzir no pobre gestor de massa falida que assumiu o poder em 2011.

Hoje, passados quatro anos, os tais arautos da defesa dos mais desfavorecidos fazem de conta que os tais direitos adquiridos intocáveis foram plenamente restituídos, ignorando a evidência do que se está a passar escandalosamente à frente dos nossos olhos.

Não, não estou a falar do direito à opinião livre, mesmo que ela sirva para sustentar os truques da velha política, aos quais António Costa já nos habituou desde o início da sua carreira partidária e governativa.

Estou a falar do coro imenso e avassalador a que estamos a assistir, sem rigor, sem contraditório, quase em uníssono, antes de ponderadas e escutadas todas as partes, com um tal desplante e dedo acusatório que impressiona o mais distraído dos consumidores de informação.

Crise, já!

Teste!

A máquina está bem afinada.

A propaganda está a funcionar em pleno.

Não há razão, pois claro, para não antecipar eleições.

Bravo, António Costa!

segunda-feira, 29 de abril de 2019

EM BREVE


ESQUERDA E FIM MERECIDO


Listas de espera nos hospitais? 

Pensionistas e reformados que não recebem a horas? 

Nada disto parece incomodar a esquerda em Portugal, a avaliar pelo novel debate instalado sobre as PPP's da Saúde.

Aparentemente, o que mais preocupa esta esquerda que nunca esquece de  ostentar o cravo vermelho, mesmo quando ignora os seus valores, é abrir uma guerra aos privados, quando o problema não são os privados mas as negociações que o Estado e os privados concluíram para a construção de hospitais absolutamente necessários para suprir as carências existentes.

Já alguém perguntou a esta esquerda o que teria acontecido se os hospitais de Braga, Cascais e Vila Franca de Xira - considerados os melhores do país - não existissem?

Importa também recordar que as PPP's da Saúde são uma solução financeira para Estados falidos que não têm dinheiro para levar por diante os investimentos fundamentais para garantir as necessidades das populações.

E, como tudo na vida, tudo tem um custo, quando não se está à altura das exigências mais basilares.

E, já agora, será que a denúncia da Provedora da Justiça, relativamente aos escandalosos atrasos no pagamento de pensões, já foi varrida para debaixo do tapete?

Com uma oposição mais virada para o show inconsequente do que para o lançamento de um debate sério sobre os terríveis constrangimentos que estão à vista, não é de admirar que a ignomínia continue a vingar na maior impunidade.

Tanto mais que a generalidade da imprensa continua atolada na sua própria contradicção editorial de ter optado pelo infotainment para sobreviver, paradigma que, apesar de se ter revelado falso, continua a imperar.

A esquerda portuguesa está de cabeça perdida: uns por terem abraçado a extrema esquerda; os outros por estarem a apoiar a governação de uma certa esquerda cada vez mais insensível e aburguesada; e, sobretudo, por ambos ignorarem o fundamental que levaram a maioria dos portugueses a votar neles.

Uns e outros pagarão o preço deste absurdo ideológico, político e social mais tarde ou mais cedo, pois não há nada mais importante do que o dia-a-dia dos cidadãos, de quem tem direito a ter saúde, pensão e reforma, mas nem sequer tem garantido e a horas nenhum destes direitos.

Enquanto em Espanha a esquerda recupera, será que, em Portugal, esta esquerda da treta terá um triste e merecido fim, ou seja, ser corrida do poder por muitos e bons anos?

quarta-feira, 24 de abril de 2019

ANTÓNIO COSTA PODE PERDER?



Em vésperas de eleições as frases inflamadas dignas de comícios, as quais revelam sempre algum desespero político, são típicas de apparatchiks.

Se não vejam bem: «Peço a todos e a todas que nos mobilizemos mesmo a sério, porque estas eleições europeias são tão decisivas como foram as autárquicas de há dois anos, são tão decisivas como as legislativas de Outubro».

Face a estas intervenções comicieiras muitos têm sido aqueles que revelam uma certa estranheza pelo facto de António Costa estar a meter a carne toda no assador relativamente às próximas eleições europeias.

Quem diria, o primeiro-ministro, com mais fama do que proveito de calculista exímio, a colocar assim a cabeça no cepo das urnas...

A verdade é outra: António Costa sabe bem que não pode voltar a perder nas urnas.

E precisa de legitimidade eleitoral como pão para a boca.

Como sempre, e durante toda a sua carreira política, Costa vergou os interesses do país aos seus interesses, ainda que, obviamente, pessoal e politicamente legítimos.

Ora, um dia vai dar-se mal.

Certamente voltará a inventar um novo coelho a sair da cartola, com a complacência da generalidade dos Media e da opinião publicada, mas desta vez, a próxima vez, não será a mesma coisa.

António Costa bem o sabe.

E não quer, nem pode, perder a oportunidade, sobretudo tendo Rui Rio à mão de semear em qualquer estação.

Resta saber se os cidadãos também concordam que a carreira do senhor Costa é mais importante que o país.

A não ser, quem sabe, que o Diabo não exista mesmo...



quinta-feira, 18 de abril de 2019

GREVE, POLÍCIAS E SECRETAS


Depois do choradinho do país apanhado descalço por umas centenas de trabalhadores de transporte de matérias perigosas, sem a correspondente responsabilização dos ministros que tutelam o sector, eis-nos face ao início de mais uma grande surpresa: a glória do governo de António Costa no momento do anúncio do fim da greve.

Nem mesmo o país ter parado de um dia para o outro, com as estações de serviço sem combustíveis, as reservas nos aeroportos nos mínimos, parece ser motivo de forte censura e escrutínio redobrado do Executivo.

Claro que é bem mais fácil e simplista atirar as culpas para os patrões e trabalhadores e ignorar que para os governantes o que importa é Lisboa e Porto.

Agora, passada a turbulência, importa avaliar a tese benigna do governo desprevenido, porque, pasme-se, aparentemente, não foi só o governo e a comunicação social que foram surpreendidos.

Também as polícias e os serviços de informações são incluídos no pacote.

Há um delírio no ar que ultrapassa todos os limites.

Quando é aventado que as polícias e as secretas deviam ter vigiado trabalhadores no exercício de um direito constitucional, então é caso para afirmar que há muita gente de cabeça perdida no seio de uma esquerda cada vez mais sectária e falida.

Para a história ficará: por um lado, mais uma prova de mudança no mundo sindical, com trabalhadores que não se reveem nas velhas estruturas partilhadas pela esquerda e direita e que demonstram indiferença em relação aos tradicionais partidos, associações e demais movimentos; por outro, a insultuosa protecção ao actual governo de António Costa.

Pode ser que esta greve mude muito mais do que a relação de forças entre governo, trabalhadores e patrões, quem sabe até obrigar ao debate público de uma revisão da Constituição da República para acabar com a actual farsa, assumindo e consagrando que há determinadas profissões que não têm o pleno direito à greve.

domingo, 14 de abril de 2019

JORNALISTAS E WHISTLEBLOWERS


Um ser humano que resiste quase sete anos confinado a uma embaixada, cercado pela polícia e por agentes dos serviços de informações, não pode ser tratado como um vulgar ladrão.

A prisão de Julien Assange é mais uma oportunidade para colocar à discussão pública em que tipo de sociedade queremos viver: a do Estado omnipresente ou a de uma cidadania capaz de escrutinar o poder, seja ele qual for.

Obviamente, não há ninguém que seja apologista de uma espécie de ditadura com mais ou menos verniz democrático, pelo que a questão deve ser colocada na forma e nos meios usados para examinar o Estado e os seus braços ao nível da governação e da sociedade.

Os caminhos são diversos, desde a legitimação de um pântano para extirpar outro pântano até ao combate ao crime sem ter de ser criminoso.

O reforço dos meios da investigação dos órgãos criados em Democracia, com directrizes claras e definidas, não serão o melhor caminho?

Obviamente, sim.

Mas não chega, não tem chegado.

E isso, sim, é a questão fundamental, a porta aberta a todo o tipo de populismos, da esquerda à direita.

Este é o paradigma que os jornalistas enfrentam, diariamente.

O jornalismo moderno não pode sucumbir à tentação de  transformar-se numa espécie de conjunto de hackers disponíveis para invadir os sistemas públicos e privados, visando arranjar mais uma "cacha".

Além de perigoso, o caminho pautado pela máxima dos fins justificarem os meios apenas levaria a um atoleiro ainda maior do que aquele em que alguns vivem, hoje, confortável e tristemente.

O encanto do jornalismo é descobrir e publicar aquilo que alguns não querem nem gostam de ver tornado público, independentemente da origem da informação.

Para isso, para avaliar a forma como qualquer documento foi obtido, lá está a opinião pública e as autoridades instituídas para investigar, acusar e julgar.

Não, os jornalistas nunca poderão ser Assange, Snowden ou Manning,

Nem mesmo ponderar pisar o risco como os whistleblowers. Ainda que possam usar os resultados da sua actividade, apenas e excepcionalmente em prol do interesse público, um valor superior pelo qual qualquer jornalista, digno desse nome, em consciência, está sempre disposto a pagar o preço.

Que não fiquem quaisquer dúvidas: "Luxleaks", "Panama Papers", "Paradise Papers", "Dieselgate e "Cambridge Analytica", para só falar nos escândalos mais recentes, são demasiado importantes e graves para serem desvalorizados ou ignorados.

É no quadro desta realidade dantesca que a União Europeia prepara o reforço da protecção dos whistleblowers a nível da UE, elaborando uma proposta de directiva para a protecção de pessoas que denunciem infracções ao direito da União. 

E é no seguimento desta opção que a comunicação social deve estar atenta e apostar no reforço do jornalismo de investigação, reconhecendo as suas vulnerabilidades e limites. 







quarta-feira, 3 de abril de 2019

RUI PINTO E A MALTA QUE NÃO FAZ FALTA


Rui Pinto é um cândido opositor do sistema?

Um extorsionário de café?

Um hacker à procura de estatuto de whistleblower?

A bazófia já lhe custou ser apanhado na Hungria e preso em Portugal, mas a saga do informático é muito mais do que alguns imaginam.

Porém, os apoios que reuniu à sua volta, por diferentes razões e objectivos, tornaram este "piratinha" um caso sério.

A credibilidade de Ana Gomes, nacional e internacional, conferiu-lhe a visibilidade e a projecção mundiais que estão a fazer tremer os mais variados poderes.

Tal como aconteceu com Assenge e Snowden é exigível uma ponderação sobre os crimes que eventualmente praticou e o que, do alto da sua hiperactividade juvenil, descobriu efectivamente sobre a malta que não faz falta.

A discussão já não pode ficar, ainda que legítima, pelo debate centrado na eventual extorsão ou no princípio de que os fins não justificam os meios.

E, como sempre, não há nada como uma boa investigação e auditoria para saber quem é quem, com seriedade e rigor, com todo o tempo do mundo.