A erosão provocada pelo poder deveria ser um dos motores da mudança.
segunda-feira, 21 de junho de 2021
PARAR, PENSAR E... CONTINUAR A FAZER DE CONTA
segunda-feira, 14 de junho de 2021
PRESIDENTE, LEGITIMIDADE E DEMISSÃO
Não é Pedrógão, mas é Tancos.
segunda-feira, 7 de junho de 2021
DA VERDADE OU DA MENTIRA
segunda-feira, 31 de maio de 2021
RIO ACIMA, RIO ABAIXO
Nos próximos anos, o país vai continuar a sobreviver à custa da caridade, em versão de solidariedade europeia, e o povo não se importa com isso, muito pelo contrário, até se sente confortável com mais Estado e menos cidadania.
Rio já percebeu que não se pode passar do inferno ao céu num par de anos, enquanto Pedro Passos Coelho não o percebeu quando foi primeiro-ministro – e ainda não o consegue perceber.
A estratégia do
PSD tem sido, logicamente, estancar as perdas do partido e tentar uma colagem
ao poder que lhe permita garantir algumas migalhas e ao mesmo tempo iniciar
algumas reformas.
Ora, se é verdade que os "EuroBonds" e a "Bazuca" são "milagres" inesperados também não é menos verdade que não se pode ter sol na eira e chuva no nabal.
O que resta?
Usar André Ventura para dizer o que o PSD não pode nem tem autoridade para afirmar, como ocorreu no congresso do Chega, ou seja, usá-lo como um catalisador de protesto para ensaiar um discurso de mudança.
É o jogo possível, mas perigoso, porque o agitar o fantasma do fascismo ainda consegue atormentar quem o viveu na carne e no osso.
É a única alternativa?
O líder do (ainda) maior partido da oposição bem pode ter que navegar rio acima, rio abaixo, e até pode ter razão na estratégia, mas passividade, seriedade e honestidade não têm casado com a conquista do poder.
E o grande desafio, que está longe de estar cumprido, é convencer os portugueses que se ganhar as eleições não vai condená-los a mais miséria para cumprir as metas da União Europeia.
O que falta?
A paciência – de que Rio não se pode gabar –, uma "qualidade" com que António Costa carrega e descarrega o Bloco e o PCP à medida dos interesses do PS.
A união do PSD à volta do líder e de um projecto concreto e claro de futuro.
Tempo, mais tempo, de que não dispõe.
Por isso está cada vez mais acantonado.
Em 1997, Rui Rio bateu com a porta a Marcelo.
Agora, tem pela frente a mesma muralha que o derrubou há quase 25 anos, com o primeiro-ministro a manter o poder pelo poder e o presidente que se basta com o fazer de conta e a popularidade fácil.
Vai voltar a
bater com a porta?
segunda-feira, 24 de maio de 2021
TRANSPARÊNCIA DE CIRCUSTÂNCIA E FACHADA
domingo, 16 de maio de 2021
MÉDIO ORIENTE (CONTINUA) A ARDER
As imagens da guerra são sempre brutais, por muitas que sejam repetidas.
E quando se fala do Médio Oriente, então a banalização é ainda mais gritante e perigosa desde os fins do século XIX.
Dos 17 países que compõem esta zona do mundo, os mais ricos continuam a ser os mesmos e os mais pobres crescem em número.
Entre os mais ricos, Israel, Irão e Turquia continuam a prosperar e a mandar, enquanto os mais destruídos — Iémen, Iraque, Líbano, Palestina e Síria — continuam a empobrecer e a vergar aos interesses das grandes potências.
Não há nada que não tenha já sido dito sobre a necessidade de paz numa das regiões mais flageladas pela guerra.
E não faltaram iniciativas e acordos internacionais para tentar acabar com a carnificina a céu aberto.
Mas tem faltado vontade política em acabar de vez com este confronto secular e religioso.
E tardam políticas de desenvolvimento para a região.
Quanto maior for o subdesenvolvimento e a pobreza, maior será a possibilidade de eternização desta economia da guerra, que alimenta as indústrias de armamento, sacrificando sucessivas gerações.
Como sublinha Yair Wallach, no The Guardian, «Os palestinianos permanecem no controle do lugar mais sagrado do país para muçulmanos e judeus, não por meio de força militar ou negociações diplomáticas, mas simplesmente por continuarem lá, com a autoridade moral que isso confere».
A generalizada indiferença, perante um conflito que se tem perpetuado nos tempos, traduz o desrespeito pela História e um insuportável falhanço da Humanidade.
E não se diga que a barbárie não é conhecida de todos.
Hoje, com a Internet, é possível seguir, quase em tempo real, ao fanatismo e ao belicismo das partes, bem como ao número de mortos e feridos inocentes que tombam, diariamente, às mãos de carrascos sem perdão.
Com Portugal a presidir ao Conselho da União Europeia, a 27, e António Guterres a liderar a ONU, aparentemente nada mudou em relação ao Médio Oriente que continua a arder.
É preciso fazer a diferença e lutar com imaginação para abrir os canais da civilização.
segunda-feira, 10 de maio de 2021
AGORA É ÀS CLARAS
segunda-feira, 3 de maio de 2021
E TANTO “CAPO” POR AÍ
segunda-feira, 26 de abril de 2021
FAZER DE CONTA 47 ANOS DEPOIS
segunda-feira, 19 de abril de 2021
SÓCRATES SEGURO
A Operação Marquês é apenas a ponta do iceberg da corrupção em Portugal.
Tendo em conta a evolução do processo, das decisões dos sucessivos recursos para os tribunais superiores até à decisão instrutória, o momento de fazer Justiça não tardará.
E, no momento do trânsito em julgado, será mais fácil ver com nitidez o filme da corrupção que tem liquidado o desenvolvimento e o crescimento de Portugal.
A confirmarem-se as provas que constam do megaprocesso, que nos dão um retrato fiel e alargado do poder político e executivo, da banca e das empresas, tudo indica que o ex-primeiro-ministro acertará contas no instante próprio.
Em todos os grandes processos judiciais contra a corrupção, à medida da plausibilidade da condenação, não fica pedra sobre pedra.
Desde a "Operação Mãos Limpas até à "Lava Jato", ao passo que a Justiça cumpriu o seu papel, foram vários os condenados que desvendaram o que não fora então alcançado pela Justiça.
E se não foi possível atacar o "polvo" de uma forma mais profunda e eficaz, tal apenas se deveu à interferência do poder político, das mais diversas formas, para se proteger a si próprio.
Não vale a pena tentar confundir esta realidade histórica com um eventual alheamento da política no funcionamento da Justiça.
Usar uma mentira instrumental com objectivos outros, quiçá, pessoais e partidários, nem serve a transparência nem a República.
José Sócrates não tem perfil para aceitar ser um bode expiatório, quando conhece bem como funciona o país ao mais alto nível.
Se é fundamental que Sócrates tenha direito a que se faça Justiça, com todas as garantias processuais, não é menos importante deixar a Justiça funcionar, garantindo-lhe toda a segurança até ao fim do processo.
Portugal ficaria a ganhar.
segunda-feira, 12 de abril de 2021
OPERAÇÃO MARQUÊS: O CLIQUE QUE FALTAVA
O despacho
de pronúncia da Operação Marquês já fez correr rios de tinta, entre vestes
rasgadas por um lado e pelo outro, tal e qual como no intervalo de um jogo de
futebol.
E, pasme-se,
tudo resumido à "derrota" do Ministério Público e à
"vitória" do ex-primeiro-ministro que foi corrompido e pronunciado
por seis crimes que ainda lhe podem valer muitos anos de cadeia.
A
futebolização do país dá nisto, uma mescla de boçalidade, cinismo e fanatismo.
Ivo Rosa
disse ao que vinha: colocou sob suspeita a distribuição inicial do processo e
acusou o Ministério Público de incompetência e motivações políticas.
Os críticos acusam
o juiz de acolitar Sócrates e demais arguidos, mas ainda ninguém aventou a
hipótese de também ter sido corrompido, quiçá estar debaixo de coacção ou
chantagem.
O despacho de
Ivo Rosa é apenas mais um.
Coube-lhe
decidir e fundamentar o seu juízo que, felizmente, está sob recurso, pelo que é
grotesco fazer a discussão típica do fora de jogo e do penalti que foram ou
ficaram por marcar.
O desfecho
instrutório não pode ser desvalorizado, nem tão-pouco aliviados os seus termos,
erros grosseiros e legalidade, porque até Sócrates e amigalhaços têm direito a
um colectivo.
Para já,
antes de perder tempo com o copo meio cheio ou meio vazio, importa reconhecer,
sem fatalismos, que se cumpriu mais uma etapa.
A lentidão é
exasperante?
É verdade!
Assim é
impossível combater a corrupção?
Também é
verdade.
Não está nas mãos do juiz compensar a balburdia legislativa e a falta de meios que têm condenado os megaprocessos, seja no caso Marquês ou Portucale (submarinos).
E também não cabe a Sócrates e demais arguidos, pronunciados ou não, prescindir de garantias, por mais mirabolante que seja a fabricação, mais Kafka menos Zola, do previsível truque à brasileira em curso.
O esgar que traiu Sócrates, ao vivo e a cores, em directo, no preciso instante em que o juiz o começou a tratar como mentiroso, corrupto e meliante, com estrondo, vale mais do que mil palavras.
A competência, a racionalidade e a transparência continuam a ser antídotos contra os “justiceiros” e os branqueadores de prime time.
O debate é
sempre útil, porque acrescenta escrutínio, mas continua a valer o princípio da
separação de poderes: à justiça o que é da justiça, à política o que é da
política.
A Operação
Marquês pode ser o clique que faltava para despertar os magistrados,
porque Portugal está a morrer às mãos dos tribunais que estão a administrar a
Justiça em nome do povo.