segunda-feira, 30 de setembro de 2024

SOLUÇÃO FINAL


O discurso do criminoso procurado pela justiça internacional, Benjamin Netanyahu, enquanto a esmagadora maioria dos representantes na ONU abandonavam o Salão da Assembleia Geral, deu rapidamente lugar a mais bombas e explosões.

É a imagem de Beirute novamente a arder, quase um ano depois da invasão de Gaza, levada a cabo pelo exército de Israel, depois do ataque do Hamas a 7 de Outubro de 2023.

É esta a realidade dantesca, depois das mentiras que permitiram dizimar civis no Iraque e exterminar os palestinianos.

As doutrinas e as práticas dos eleitos e dos ditadores confundem-se, os mesmos métodos, o mesmo pavor da liberdade de expressão e de manifestação.

A tentação de Vladimir Putin na Ucrânia e o sonho de Xi Jinping para Taiwan são apenas o reflexo da política ocidental vergada ao arbítrio e à corrupção.

O genocídio já é tolerado, como se não houvesse memória de Auschwitz-Birkenau, Belzec, Dachau, entre tantos outros campos da morte.

É mais uma solução final, como se a força e a brutalidade das armas limpassem o lodaçal em que a civilização voltou a mergulhar.

Enquanto as redes sociais mostram ainda mais do que os Media podem e ainda querem revelar, também por cá impera outra táctica de terra queimada.

Pedro Nuno Santos avança para o próximo orçamento com mais uma tropelia, mordendo o isco, convicto que só o Chega mais forte lhe assegurará o poder.

Por sua vez, Luís Montenegro e Marcelo Rebelo de Sousa, com processos em curso que lhes dizem directamente respeito, escolhem o novo PGR, Amadeu Guerra, com prazo de validade de 3 meses, sem dar o mais ténue sinal de desconforto.

Por último, as grávidas vão passar a ter de tocar à campainha nas urgências hospitalares.

É a evidência de que vale-tudo – guerras, massacres de civis, ataques aos direitos individuais e subversão das mais elementares regras.

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

PORTUGAL: BEM-VINDOS À CONCERTAÇÃO


A condenação judicial do “Cartel da Banca” – destaque para CGD, BCP, BES, BPI, Santander, Montepio e BBVA – ocorreu 12 anos depois do início do processo da Autoridade da Concorrência.

Parece uma multa pesada, mas não passa de uma bagatela.

Se atendermos ao bolo de stock de empréstimos à habitação, que ronda os 100 mil milhões de euros, a multa de 225 milhões ainda tem o bónus de uma amortização média da ordem dos 20 milhões por ano.

A manter-se a decisão da juíza Mariana Gomes Machado, autora do livro "Justiça à portuguesa", já que foram anunciados recursos, é caso para dizer taxativamente que uma espécie de concertação compensa alguns.

É mais um caso, depois de outros tão graves: saúde (grupos Trofa Saúde, Mello, Lusíadas e Luz Saúde), distribuição alimentar (grupos Auchan, Beiersdorf, E. Leclerc, Modelo Continente, Pingo Doce e Unilever) e telecomunicações (MEO, NOS e Vodafone).

Não é possível esquecer o tristíssimo papel da CGD, o banco público, nesta golpada hiper rentável, que só foi possível penalizar após a denúncia do Barclays Bank, um banco inglês a operar em Portugal.

Mais sinistro ainda: a reputação vale cada vez menos, pois se os cidadãos quisessem penalizar a má conduta dos Bancos, obviamente teriam de mudar de país.

A morosidade registada no caso do “Cartel da Banca” é apenas mais um exemplo do caos em que a Justiça vive há décadas, protegendo os infractores mais poderosos.

Importa sublinhar a conclusão: a concertação que rompe a concorrência é tão gravosa como aquela que na política alimenta os interesses instalados.

Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos têm nas mãos a viabilização do orçamento para 2025, pelo que se espera que não seja apenas para servir os interesses dos mesmos DDT de sempre, que continuam à margem da miséria dos portugueses.

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

MAL MENOR ABENÇOADO PELO PAPA


O regime democrático elege, as ditaduras não, mas os cidadãos estão confrontados com a fatalidade de continuarem a ter de optar por soluções em que não acreditam.

A abstenção e o voto em branco têm sido resistências falhadas, pois permitem às lideranças políticas, através de meios legítimos e ilegítimos, mais facilmente conquistarem o poder.

É a única equação possível?

O Papa Francisco acha que sim, ao abençoar a escolha do mal menor, de acordo com as últimas declarações sobre os dois candidatos às próximas presidenciais norte-americanas.

A vida não passa por legitimar mais do mesmo – arbítrio, desigualdade, exclusão, fome e guerra –, seja qual for a Fé, a ideologia e o hábito do monge.

A escolha pela positiva, pelo apoio a alternativas ainda que imperfeitas e de risco, é a melhor forma de fazer face a quem tem conduzido a Humanidade ao espectro da aniquilação mútua.

Elon Musk defende o DOGE (Department Of Government Efficiency), enquanto Robert Kennedy Jr pugna pelo “Make America Healthy Again”, o maior ataque de sempre aos impérios das indústrias químicas e de alimentos processados.

São duas formas de evitar o desastre à vista, limitando o poder de quem manda na sombra, com o mérito de combater a apatia generalizada.

É preciso afirmar bem alto que os criminosos – os que levantam as armas e os que toleram a barbárie – nunca podem ser a opção.

A resignação, o silenciamento, a censura e a perseguição nunca podem substituir a palavra livre e o escrutínio democrático, pois matar a cidadania é tão perigoso como todo o arsenal nuclear do planeta.


segunda-feira, 9 de setembro de 2024

VOLTAR A LUTAR PELA LIBERDADE


A manifestação gigantesca pela liberdade de expressão no Brasil, activada pela direita, e o apoio a Kamala Harris, prontamente agradecido, de um criminoso de guerra, Dick Cheney, dão a dimensão da actual vertigem.

A onda de violência de Estado, que perpassa a Alemanha, a França e o Reino Unido, é apenas mais outro degrau da tragédia em curso.

O que resta?

Os cadáveres dos palestinianos, ucranianos e demais povos que tombam às mãos dos senhores da guerra.

Crianças e idosos liquidados a sangue frio jamais serão esquecidos, as de hoje como as das guerras mundiais e demais conflitos hediondos.

Imaginar que é possível perpetuar esta realidade pavorosa, através da proibição das redes sociais, só é admissível a quem já perdeu completamente o juízo.

Quando as democracias não se distinguem das ditaduras, pelos princípios e acções, então o resultado só pode ainda piorar.

Quem são os responsáveis?

Os responsáveis são aqueles que sempre estiveram disponíveis para ganhar uns cobres a fazer negócios com assassinos, em nome de alegados postos de trabalho e solidariedade com os povos oprimidos.

Quem tem as mãos cheias de sangue nunca poderá garantir nada, nem o modo de vida ocidental, nem o Estado de Direito, nem a cidadania, nem o futuro.

Mais um passo em direcção ao abismo: a apatia em relação à escolha da liderança da Procuradoria-Geral da República que deixará marcas profundas.

Já nem a lei da rolha, as palavras redondas e as luvas de pelica conseguem disfarçar quem são, o que são e ao que vêm.

Hoje é preciso voltar a lutar pela liberdade, porque os líderes eleitos em democracia estão a percorrer perigosamente caminhos semelhantes aos dos ditadores.

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

GUTERRES SEM MONTENEGRO


O secretário-geral das Nações Unidas já não consegue disfarçar o sentimento de frustração em relação à cada vez mais criminosa, desumana e perigosa (des)ordem mundial.

«Ninguém hoje tem respeito por ninguém e por nada (...) Impunidade quase total».

É o desabafo de António Guterres face à situação internacional, ao genocídio em curso dos palestinianos com a cumplicidade dos Estados Unidos da América e da União Europeia.

Em política, a realidade é sempre muito mais do que parece: só a tacanhez política de Luís Montenegro permite abandonar António Guterres, aliás, uma posição que o estranho mutismo de Pedro Nuno Santos tem agravado.

Ou ainda mais grave: o envolvimento no transporte e fornecimento de armas e explosivos a Israel está em cima da actualidade, apesar das declarações ridiculamente contorcionistas de Paulo Rangel e do silêncio revelador de Nuno Melo.

A política externa do XXIV governo é tão pequenina que Portugal nem sequer honra, acompanha e defende o incansável trabalho de um português que lidera a maior organização internacional do mundo.

O primeiro-ministro, cinco meses após tomar posse, é como um murro no estômago que está a deixar marcas profundas nos portugueses.

Nada mudou, nem mesmo a sonsice política degradante.

O povo bem pode sentir-se tristemente enganado, enquanto Marcelo Rebelo de Sousa já nem se atreve a exercer ou a simular a magistratura de influência.

Só falta mesmo replicar em Portugal o que se está a passar na Alemanha, em França e no Reino Unido, onde grassa a prepotência e a violência sobre quem não cala e manifesta a indignação.

Ou até seguir o fatídico exemplo do Brasil, do presidente Lula da Silva (condenado por corrupção), que encerrou um bastião da liberdade de expressão e de opinião.

Da Venezuela, do ditador Maduro, à Rússia, do sanguinário Putin, hoje como no passado, noutras latitudes e com outros intervenientes, apenas os grandes conglomerados e multinacionais ganham com o caos, a guerra, a miséria e a fome.

A governação à base da força, com a opacidade à custa de acordos secretos com quem deve garantir liberdade, pluralidade e diversidade, não pode ser uma opção, seja qual for a justificação.

A realidade dantesca, com proporções inimagináveis, não desaparece com a perseguição e a diabolização das redes sociais.