Nem mesmo a morte do Papa Francisco e a proximidade das eleições de 18 de Maio parecem fazer acordar as direcções editoriais, sendo que a imprensa escrita lá vai cumprindo como pode os mínimos.
Os grandes temas que preocupam os portugueses têm de ser objecto da maior e melhor informação possíveis, não na óptica da justificação servil ou da sonegação de dados (vide SNS), antes na perspectiva de um exame oportuno e rigoroso.
Quem procura as TV’s de notícias para melhor se informar por vezes até fica convencido que está nos Estados Unidos da América, tal é a obsessão revelada com Donald Trump, entre outros.
O olhar atento sobre o internacional é uma das boas características da comunicação social portuguesa, mas usá-lo para melhor fugir ao escrutínio da realidade dos portugueses é simplesmente medíocre.
Usar a actualidade distante para fugir à realidade mais próxima, ao escrutínio que incomoda o poder e os poderosos que estão mais perto, apenas serve para cavar um maior distanciamento.
A poucas semanas de novas eleições antecipadas há tanto por escrutinar que urge não perder tempo, nem enterrar a cabeça nas areias dos desertos longínquos, sabendo de antemão que a notícia não rima com a perfeição.
É exigível a máxima atenção aos problemas, às necessidades e aos anseios da sociedade, obrigando os políticos a dar respostas, expondo as suas repetidas mentiras.
Não basta multiplicar debates e opiniões para cumprir a liberdade de imprensa.
São precisas mais notícias limpas em quantidade e qualidade, com critérios de objectividade, imparcialidade e transparência, e menos faits divers bacocos ou esdrúxulos.
É com informação profissional que também se combate a abstenção, porque o medo é o inimigo da informação.
É assim, tal e qual o Ministério Público demonstrou, com a revelação da averiguação preventiva a Pedro Nuno Santos, que o regime democrático sai reforçado.
Que o exemplo de coragem do Papa Francisco – denúncia do arbítrio e da injustiça –, não obstante todas as contradições, seja uma renovada inspiração.
Não é moral, é liberdade, racionalidade e civilização.