segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

É TEMPO DE MORTE E ABANDONO


As notícias de crianças que morrem de fome e de frio obrigam a mais do que uma reflexão, a muito mais do que um veemente protesto.

Da Ucrânia e da Palestina gélidas surgem imagens que contrastam com as nossas calorosas Boas Festas.

É a guerra, dirão alguns, mas não é só a guerra.

As balas e as armas sofisticadas – construídas e disparadas por quem já perdeu o sentido da Humanidade –, são apenas uma parte da tragédia.

Há outras mais silenciosas que também matam.

Um milhão na União Europeia, dos quais cerca de 15 mil em Portugal.

Cerca de 800 mil nos Estados Unidos da América.

São os sem-abrigo dos dois mais ricos blocos comerciais mundiais.

Sem nunca esquecer os cerca de 500 milhões de seres humanos no continente africano que vivem na maior pobreza.

É tempo de morte e de abandono nas sociedades indiferentes e cruéis.

Nunca poderá haver governação bem-sucedida, quando estes números avassaladores são reduzidos a estatísticas irrelevantes ou a vãs promessas.

É preciso mudança em 2025, são precisos novos senhores do poder com capacidade para enfrentar os flagelos que envergonham a civilização.


segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

NATAL (PARA ALGUNS)


No tempo que se diz de paz e de alegria, traduzido por um consumismo histérico e desenfreado, a guerra continua a martirizar milhões de pessoas.

Além do genocídio em Gaza e da invasão russa que tem massacrado a Ucrânia, existem outros conflitos brutais: Burquina Faso, Líbano, Somália, Sudão, Iémen, Mianmar, Nigéria e Síria.

A solidariedade de plástico não apaga a indiferença face à brutalidade longínqua, muito menos aquela com que convivemos de perto, diariamente, como os sem-abrigo, os doentes e mais pobres e os socialmente excluídos.

A prioridade não pode continuar a ser a polémica de alecrim e manjerona, o projecto faraónico, a discussão estéril sem ir à raiz do problema e a infantilidade de tentar ocultar a realidade.

Já não basta apenas a palavra, a profissão de Fé, a opinião e a manifestação.

É preciso dar um sinal aos decisores e aos representantes políticos que elegemos: o respeito pela dignidade humana.

Não há crescimento económico, inflação e PIB mais importantes do que acorrer às chagas sociais e à vertigem dos ditadores.

A globalização selvagem tem reforçado os Estados párias: Afeganistão, Bielorrússia, Coreia do Norte, Eritreia, Guiné Equatorial, Israel, Kosovo, Myanmar, Rússia, Síria, Sudão, Uzbequistão e Zimbabué.

São pelo menos mais de 400 milhões de pessoas à mercê de assassinos impiedosos que apenas perduram com a nossa cumplicidade.

No século XXI, de estonteantes descobertas científicas, em que as redes sociais estalaram o politicamente correcto, já não é possível continuar a fazer política e a exercer o poder como no século passado.

A desigualdade, a corrupção e a impunidade não são questões de esquerda nem de direita, são ameaças aos princípios de Humanidade.

Não é só consciência, nem tema de mais um Natal (para alguns), é uma questão de civilização e de sobrevivência dos regimes democráticos.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

SORRISO APATETADO E DEDO ESTICADINHO

 


A realidade comprova que houve um tempo em que nos podíamos orgulhar do respeito por um limiar mínimo de subsistência e dignidade.

Hoje, apenas podemos falar de uma ficção alimentada por politiqueiros, comunicação social de rastos, mercenários e demais afins.

No SNS, a quebra do livre acesso à saúde é um dos mais gritantes exemplos do abastardamento reinante, obrigando as grávidas a uma insuportável e intolerável incerteza.

Não é caso único, basta recordar a balbúrdia na escola, na justiça, na protecção civil e na segurança.

O crescimento brutal dos sem-abrigo, cujo número já atingiu os 15 mil, é o maior atentado aos mais elementares direitos individuais, consagrados numa protecção do Estado garantida constitucionalmente.

Não os podendo esconder, apesar de algumas tentativas, nem mesmo a desgraça à vista de todos sensibiliza e mobiliza os órgãos de soberania, impotentes e remetidos a um cinismo político ímpar.

Há uma forma de estar e exercer o poder que representa a maior ameaça ao regime democrático conquistado em Abril.

Não bastam memória e heróis, nem palavras ocas e inconsequentes, sobretudo daqueles que já falharam e parecem nem sequer se importar com o sofrimento infligido aos concidadãos.

Não podemos ficar à mercê de mais um qualquer sorriso apatetado ou de um dedo esticadinho, esses sim, as verdadeiras ameaças que deveriam mobilizar a cidadania.

A prioridade tem de voltar a ser o respeito pela dignidade humana, princípio sem qual nunca será possível construir uma sociedade sã e disponível para enfrentar os desafios do futuro.

Depois da desastrosa governação de António Costa, Luís Montenegro está à beira de perder a confiança de quem ainda julgou que seria possível alguma mudança.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

DE FRENTE, OLHOS NOS OLHOS



No dia da cerimónia do centenário de Mário Soares, as mais básicas necessidades dos sem-abrigo, identificadas pela Comunidade Vida e Paz há um ano, continuam a ser ignoradas por Luís Montenegro e demais órgãos de soberania.

A realidade dos mais pobres, como outras, desde o SNS à Justiça, Educação e Imigração, não incomoda os governantes e poderosos, sempre com outras prioridades e agendas para satisfazer clientelas.

Foi um murro no estômago: «Mário Soares é também cúmplice e activista de um sistema de donos-disto-tudo que se iniciou à sua sombra e se manteve à sua sombra».

A par do reconhecimento do contributo do líder histórico do PS, a declaração de André Ventura, na Assembleia da República, reafirmou o que todos sabem e alguns continuam obstinada e infantilmente a tentar esconder.

De frente, olhos nos olhos, não serve a idolatria oca, a manipulação dos factos e da história, importa reconhecer a verdade, o que não correu bem – e continua a não correr –, para melhor poder resolver um presente que está à vista de todos.

Os “anjinhos”, que José Sócrates agora detesta, tiveram de ouvir o que o país inteiro ouviu, em directo, uma realidade a que não estão habituados e suportam mal.

Não é por acaso que existe uma onda de repressão e tentativa de abafamento dos protestos, da liberdade de expressão e opinião, pois há uma “casta” que não gosta de ser tratada como merece.

O actual admissível, que é inadmissível à luz dos mais elementares princípios da civilização, só pode ser motivo de orgulho para fanáticos, para quem julga que pode enganar eternamente o povo com um par de slogans inconsequentes.

Num tempo em que a mentira ainda colhe, denunciar o padrão da esquerda fandanga, que lembra a direita rasca quando negava o espezinhar dos direitos humanos das ditaduras de má memória, é um serviço público inestimável.



segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

“BOM SENSO”, BORLAS E MUDANÇA


Em Portugal, no século XXI, a expressão de uma opinião pode ser freneticamente condenada, mas a inércia e a omissão criminosas continuam a ser toleradas.

Um protesto político, a roçar a ilegalidade, indigna os representantes de órgãos de soberania, governantes, deputados, afins e demais mercenários, mas outras ilegalidades e até crimes mais graves não merecem sequer condenação pública.

O pagamento da contribuição de serviço rodoviário, que foi declarada ilegal pelo Tribunal da Justiça da União Europeia em 2022, é um dos exemplos mais recentes e gritantes.

A revelação de que o SNS dá continuadamente cada vez mais borlas a estrangeiros, enquanto abandona os portugueses, é mais um escândalo ultrajante.

É esta espécie de “bom senso” que desespera os portugueses, com o regime democrático a empardecer, à deriva do curto prazo, com uma política externa pequenina no contexto de duas guerras assassinas e mais ataques aos direitos humanos.

Dir-se-á que a herança da esquerda fandanga já foi julgada nas urnas, mas a nova governação não dá sinais de determinação em alterar urgentemente a situação.

O abastardamento das prioridades políticas é tão grave quanto o papel das instituições que as desculpabilizam, desde logo os Media do mainstream que lá vão colorindo a ficção, por acção ou omissão.

São cada vez mais aqueles que acreditam que é possível mudar, porque a cidadania, ontem como hoje, não aguenta eternamente a injustiça flagrante, o actual admissível.

Resta saber se as soluções serão mais ou menos radicais, pois é preciso reafirmar que pior do que o pântano em que estamos mergulhados dificilmente poderemos vir a ficar no futuro.






segunda-feira, 25 de novembro de 2024

CÚMPLICES PELO AR E MAR



No dia em que se comemora o 25 de Novembro de 1975, a mensagem mais actual continua a ser a mesma: a ditadura não passará, seja de esquerda ou de direita.

Por isso também vale a pena celebrar os mandados de captura internacionais, emitidos pelo TPI, para Benjamin Netanyahu e Yoav Gallant (Israel) e Mohammed Deif (Hamas).

Dois incidentes ganharam actualidade: em 2021, um caça da Bielorrússia forçou a Ryanair a aterrar em Minsk para prender o jornalista Roman Protasevich; em 2013, José Américo Bubo Na Tchuto, ex-almirante da Guiné-Bissau, foi detido em águas internacionais.

Os casos são antigos, mas servem de aviso para todos os criminosos de guerra, pois é real o risco de serem capturados em espaço aéreo ou marítimo internacional ou sob jurisdição dos países, incluindo Portugal, que já acataram a decisão do tribunal de Haia.

As dezenas de cúmplices dos crimes de guerra em Gaza têm de ser escrutinados, tal como foi Vladimir Putin pelo desvario selvagem na Ucrânia, devendo ser alvos de idênticas medidas se assim se justificar.

Não faltam candidatos a prestar contas à justiça internacional, desde Joe Biden e Kamala Harris, sem esquecer Keir Starmer, Rishi Sunak, Emmanuel Macron, e Olaf Scholz, entre outros algozes.

O papel de Portugal, desde o ataque terrorista do Hamas, de 7 de Outubro de 2023, também merece a maior atenção, pois nem a dissimulação nem o maior ou menos grau de envolvimento podem diminuir a gravidade dos actos praticados.

A cidadania tem desempenhado um papel fulcral na denúncia e na forte condenação de quem mata e ajuda a matar civis e vítimas inocentes, seja na Palestina ou em qualquer outro lugar.

Os políticos da velha guarda continuam a acreditar que é possível fazer a guerra, com a monstruosa teoria dos danos colaterais, mesmo nos tempos em que a informação global já lhes escapou entre os dedos das mãos e dos aparelhos de Estado.

Olaf Scholz e a sua ministra Annalena Baerbock estão a caminho do despedimento, enquanto o presidente francês luta pela sobrevivência política e institucional.

A petição para destituir Keir Starmer, com mais de dois milhões de signatários, é apenas um começo, mais um exemplo de como a repressão e o controlo dos Media são insuficientes para escapar ao escrutínio global e à justiça internacional.


segunda-feira, 18 de novembro de 2024

UNIÃO EUROPEIA: O GRAU ZERO


O Parlamento Europeu assinala mil dias da invasão russa, porventura com a mira apontada para igual comemoração do genocídio em Gaza e da invasão do Líbano perpetrados por Israel.

Entretanto, Joe Biden avançou com a autorização para os ucranianos poderem usar os mísseis de longo alcance contra a Rússia, seguido imediatamente por França e Reino Unido.

É neste quadro alucinante que os cidadãos assistem ao suicídio do jornalismo, como sublinhou José Manuel Fernandes em artigo de opinião.

A este cenário pantanoso, que ainda assim não disfarça os sinais de pânico por todos os cantos do mundo, soma-se um desenvolvimento médio anémico, o qual não tem limitado mais e mais promessas fantasiosas.

O caso português é gritante, pois nem a fabulosa “bazuca” consegue romper o crescimento da ordem dos 1,7%.

Não é o único escândalo: Luís Montenegro continua com os cadáveres políticos dentro de casa, arriscando o futuro do próprio governo, onze mortes depois da constatação das falhas dos serviços de emergência médica.

A resposta dos norte-americanos ao desvario, à ficção e à corrupção de Estado, a que alguns chamam eufemisticamente “complexidade”, foi clara: a maioria de Donald Trump em toda a linha.

Olaf Scholz e Annalena Baerbock, a dupla falhada da Alemanha, exibem a sua estratégia errática, enquanto Josep Borrell lá se vai desfazendo em meias-medidas.

De cabeça perdida, assim vão os líderes mundiais, a brincar com uma realidade que avança para cenários impensáveis e inaceitáveis.

É a União Europeia no seu pior momento da história, no grau zero, com Portugal sempre a acompanhar de joelhos a evolução internacional.





segunda-feira, 11 de novembro de 2024

TRUMP: A FORÇA DOS JOVENS


A vitória avassaladora de Donald Trump não deixou margem para quaisquer dúvidas: os Estados Unidos da América não estão divididos, nem à beira da secessão.

O cinismo político de uma certa esquerda à deriva, porque deixou cair os princípios, foi derrotado por quem não aceita a guerra, o politicamente correcto na imigração e a inflação que castiga a classe média e os mais pobres.

A eleição do republicano só surpreendeu os fanáticos, quem ainda acredita, ou faz-de-conta, no que resta da isenção do jornalismo e da fiabilidade das sondagens.

O mais relevante nas eleições presidenciais norte-americanas é também um sinal de esperança: os jovens recusaram o status quo podre da dupla Biden/Kamala.

A liberdade de expressão e manifestação, tal como o arrastar da guerra na Ucrânia e do genocídio em Gaza, são inegociáveis para a juventude norte-americana, tal e qual como foram o Vietname e a invasão do Iraque.

A alternativa no século XXI não é o wokismo palavroso e folclórico, são medidas concretas e coerentes em favor da paz, dos imigrantes com direitos, do respeito pelas minorias, da vida digna, com saúde e segurança.

O progresso avança, com os Media tradicionais a perderem o exclusivo da mediação, pois a realidade está cada vez mais à mercê de um clique, na diversidade e pluralidade das redes sociais.

Só o sectarismo desmedido, de quem se contenta com o apoio de Hollywood enlameado, permitiu a tentativa incompreensível de desvalorizar a proposta de Robert Kennedy Jr (MAHA - Make America Healthy Again).

De igual modo, o apoio de Elon Musk foi decisivo, não por causa dos milhões de dólares que doou, mas pelos sonhos que voltou a transportar para a política norte-americana e mundial: o espaço e o combate à corrupção.

Ignorar os dois principais trunfos do 47º presidente dos EUA foi mais do que cegueira política, é a dogmática e obstinada recusa de um futuro reinventado, preferível ao presente e certamente melhor do que o passado de má memória.

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

EUA: CONTINUIDADE OU MUDANÇA?



Os norte-americanos têm pela frente uma decisão colectiva que, além de influenciar o seu dia-a-dia, terá um forte impacto na comunidade internacional, designadamente na Europa.

Numa perspectiva mais próxima da realidade, a inflação, o aumento do custo de vida e as guerras podem fazer toda a diferença no momento do voto nos EUA.

As hesitações e o cinismo político em relação à Ucrânia e ao genocídio em Gaza também podem contribuir para quebrar um ciclo, sobretudo por força da juventude norte-americana que recusa pactuar com a evidente barbárie.

Por sua vez, a explosão da imigração também tem merecido críticas nas fileiras dos dois candidatos, no seio dos democratas e sobretudo entre os republicanos.

Por último, as ameaças à liberdade de expressão colocam em crise quem apregoa a defesa de qualquer outro direito, seja das mulheres ou das minorias.

O afastamento compulsivo de Joe Biden abriu uma janela de oportunidade à sua vice-presidente, mas não apagou os erros, alguns deles politicamente criminosos, num mandato em que ambos são co-responsáveis.

A polarização nunca foi a ameaça, é a governação opaca e corrupta que coloca em risco a Democracia

A percepção dos norte-americanos em relação a qual dos candidatos é mais capaz de gerir a economia, a liberdade de expressão, a paz, a imigração e a saúde vai determinar a escolha entre Donald Trump e Kamala Harris.

É a eleição da continuidade ou da mudança, inquestionavelmente entre um caminho velho e decadente e a promessa de um futuro ainda que cheio de interrogações.

O desafio é de monta: o mundo em que vivemos pode não aguentar mais quatro anos.


segunda-feira, 28 de outubro de 2024

O RETROCESSO INADMISSÍVEL


Num mundo cada vez mais perigoso, em que já ninguém acredita nos Estados, nem na informação institucional, oficial e oficiosa, a repressão é sempre a primeira escolha dos fracos.

Quando as escolhas são os recursos à força e à mentira, como se fosse possível abafar quem não aceita a actualidade aterradora, então o esgotamento e a falência dos poderes são evidentes.

Nos Estados Unidos da América, o filme está a passar mesmo à nossa frente.

De um lado, Biden/Kamala mergulhados no défice astronómico e nas guerras, confinados a Hollywood afogado pelo crime.

Do outro, Trump/Vance reinventados, apostando em fazedores que apontam uma mudança.

Há uma escolha à disposição de cada cidadão norte-americano, cumprindo-se assim a vitalidade da democracia, enquanto a Europa assiste entorpecida, amarrada a fórmulas que geram mais rupturas do que futuro.

Mergulhada no cinismo da geometria variável, com a união incapaz de recuperar o atraso em relação aos EUA e à China, os líderes europeus estão a dar um passo em falso: cair na armadilha de sacrificar os princípios do mundo civilizado.

Aqueles que deixam cair a liberdade, a pluralidade e a cidadania não são opção, porque nunca serão capazes de fazer a paz e cumprir a prosperidade, nem mesmo quando estão do lado certo nalgumas questões dos costumes.

Há uma divisão profunda, impossível de continuar a escamotear: uns querem arrastar a guerra, à custa do sacrifício da liberdade de expressão e de manifestação, outros recusam o status quo que tem monstruosamente tolerado a barbárie.

O retrocesso inadmissível combina a brutalidade das armas, as grilhetas no pensamento e a perseguição da expressão livre, aliás sinais de um fascismo revisitado.

 

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

MAIOR FALHANÇO DA ESQUERDA


O balanço dos governos socialistas tarda em ser assumido.

Além dos escândalos, negociatas e demais trapalhadas, algumas das quais ainda sob o escrutínio da Justiça, a que o ex-PM ainda não escapou, a taxa de risco de pobreza subiu pela primeira vez em 8 anos.

Em 2021, era de 16,4%, em 2022 passou a ser de 17%.

Segundo a PORDATA, «os pobres em Portugal estão mais pobres».

Crianças e jovens são os grupos em que a taxa de risco de pobreza mais se agravou, bem como nas famílias com crianças dependentes.

Os números não deixam dúvidas: «Em Portugal, metade dos pobres tinham, em 2022, um rendimento monetário disponível 25,6% abaixo da linha de pobreza e esta profundidade aumentou face a 2021».

Este é o resultado impressionante da governação de uma certa espécie de esquerda, que contou com Pedro Nuno Santos.

Se é certo que ouve a pandemia, também é verdade que, na maior parte dos quase 8 anos desta governação, existiram condições favoráveis excepcionais.

A liderança dos XXI, XXII e XXIII Governos constitucionais, com maioria absoluta, com ou sem aliança do PS com a extrema-esquerda, resultou num dos mais desastrosos ciclos de Portugal.

António Costa, o PM de 26 de Novembro de 2015 a 7 de Novembro de 2023, data em que apresentou a demissão na sequência de investigações da “Operação Influencer”, deixou um legado aterrador.

O líder do maior falhanço da esquerda em Portugal vai presidir ao Conselho Europeu, comprovando o desvario reinante na União Europeia, sob a liderança de Ursula von der Leyen.

Certamente, não terá sido pela defesa dos mais pobres, nem da justiça social, muito menos pela qualidade dos serviços públicos de educação, justiça e saúde prestados aos cidadãos.

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

OPORTUNIDADES PERDIDAS

 

A classe política continua a fugir dos problemas, iludindo, manipulando, mentindo, empurrando as soluções para mais tarde.

Tal só é possível pelo simples facto de a sociedade assim funcionar, vergando perante o poder e esmagando o mais fraco.

“As meninas do senhor presidente”, como eram conhecidas as duas crianças que precisavam de tratamento no Hospital de Santa Maria, poderiam ser a actual síntese do país.

O caso das gémeas é o abuso de poder, quiçá com contornos ainda mais graves, com a agravante da tentativa de branqueamento dos afins instalados à volta do poder.

Infelizmente, não é caso único, basta atentar a três exemplos: novela orçamental, política externa e o recente caso dos SMS’s e auriculares, entre tantos e tantos outros.

O orçamento para 2025 está à mercê de cálculos políticos, cortinas de fumo e fantasias grosseiras que servem apenas a sede de poder e a mesquinhez de quem não está à altura, nem do tempo nem das funções.

O Médio Oriente é tratado com o formalismo contorcionista, de quem bate com a mão no peito, tentando passar por aquilo que não é, envergonhando os portugueses.

Luís Montenegro, ao criticar a precariedade dos jornalistas, sobretudo dos mais jovens, face a administrações, direcções e chefias editoriais a roçar o mais inadmissível, é alvo de uma chuva de críticas corporativas.

O PM até pode não ter legitimidade para apontar o dedo, mas as reacções dos jornalistas comprovam o funcionamento em espelho com o poder político: resposta furiosa, fingir que o problema não existe e continuar em frente.

As oportunidades perdidas multiplicam-se com o adiamento da mudança, cavando ainda mais fundo o buraco em que apenas uma certa maioria continua confortável.

O abandalhamento colectivo, que começa em cada um, é a melhor explicação para o atraso português, por mais que chova dinheiro de Bruxelas.