Ainda que obrigado à ruptura, pela indecente e má figura na gestão da TAP, entre outros dossiers, ter batido com a porta a António Costa era um trunfo ímpar.
A aceleração dos acontecimentos obrigou o novo secretário-geral do PS a deitá-lo fora prematuramente, pois teve avançar antes do tempo, estreitando a sua margem de manobra em relação ao centro político.
Apesar de recusar privilegiar as “contas certas”, qual “gauchiste” com convicções, nem tudo está perdido para o candidato a PM dos socialistas mais à esquerda.
Não obstante o cenário dantesco, em que terá de disputar as eleições de 10 de Março, o marketing encarregar-se-á de transformar o radical em moderado, o impulsivo em ponderado, o político incompetente em ex-governante com experiência.
O primeiro passo está dado, com o colinho dos Media: António Costa, que quase o liquidou politicamente, até está disponível para conselhos e para o ajudar na campanha, lado a lado, pasme-se, mesmo com uma investigação às costas.
É o primeiro passo para a repetição do passado que levou à eleição de José Sócrates, a não ser que os líderes da alternativa tenham aprendido a lição, assimilando que é preciso mais do que apontar erros.
É que o empobrecimento e os desastres no SNS, na escola, nos tribunais, nas PME’s e na prevenção da segurança podem voltar a não chegar, como ficou atestado com a última maioria absoluta do PS.
A mudança só será possível se os cidadãos tiverem a certeza que não correm o risco de ficar pior do que já estão.
Resta uma única dúvida: o secretário-geral do PS negará António Costa se estiver à beira de perder as eleições, ou carregará até ao fim o fardo que ajudou a criar nos últimos 8 anos, cavando a sua própria sepultura política?
Seja qual for a resposta, Pedro Nuno Santos é quem melhor serve a ambição de Luís Montenegro a chegar a São Bento.